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Estresse segue extraordinário, diz Bernanke
Em pronunciamento, presidente dos Estados Unidos reforça necessidade de urgência para aprovar pacote de socorro
Políticos do Partido Republicano, o mesmo de Bush, se assustam com número recorde de manifestações de eleitores
Chip Somodevilla/Getty Images/France Presse
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Paulson (secretário do Tesouro), à esquerda, e Ben Bernanke (presidente do Fed) no Congresso
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O presidente norte-americano, George W. Bush, falaria ontem em cadeia nacional que a
crise econômica por que passa
o país é grave, numa ação que
um funcionário graduado do
governo definiu como "bala
que você só dispara uma vez". O
pronunciamento estava marcado para começar as 21h de Washington (22h de Brasília).
As palavras do presidente
procurariam reforçar o sentido
de urgência com que o governo
do republicano tenta impregnar o Congresso dominado pela
oposição democrata. O objetivo
é aprovar o quanto antes e com
o menor número de modificações o pacote apresentado no
sábado pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, cuja
principal medida é a autorização para gasto de até US$ 700
bilhões na compra de títulos de
empresas prejudicadas pela
crise hipotecária.
Além disso, a Casa Branca
tenta convencer o hesitante
baixo-clero de seu partido a fechar com o governo. Os congressistas da situação estão assustados com o número recorde de manifestações que vêm
recebendo de eleitores contrários à aprovação do pacote. Todas as cadeiras da Câmara dos
Representantes e um terço das
do Senado estão em jogo nas
eleições de 4 de novembro.
A fala de Bush, que duraria
entre 12 minutos e 14 minutos,
segundo a porta-voz, Dana Perino, e que seria assistida "por
todo o mundo", acredita ela,
"porque estamos numa crise
que acontece a cada 100 anos
em nossos mercados financeiros", era o ponto mais vistoso
de uma ofensiva que dura já
uma semana e que ganhou em
dramaticidade com o anúncio
de John McCain de que suspenderia sua campanha.
O candidato da situação à sucessão presidencial citou a crise financeira para avisar que a
partir da manhã de hoje suspenderia temporariamente as
atividades de sua corrida à Casa
Branca e que, se a medida não
fosse votada até amanhã, não
participaria de seu primeiro
debate com o democrata Barack Obama, previsto para
acontecer nessa sexta-feira na
Universidade do Mississippi,
na cidade de Oxford.
Ao longo do dia, o secretário
do Tesouro, Henry Paulson, e o
presidente do Federal Reserve,
Ben Bernanke, continuaram
seu périplo de convencimento
dos políticos, ao testemunhar
no comitê de serviços financeiros da Câmara dos Representantes (deputados federais). No
dia anterior, haviam feito o
mesmo em comitê no Senado.
Como parte da negociação
em curso, Paulson cedeu num
dos pontos de honra da contraproposta democrata, de que sejam limitados os pacotes indenizadores dos executivos das
empresas em dificuldade financeira que venham a ser auxiliadas pelo governo. Foi a primeira vez que assumiu o compromisso em público.
"O povo americano está com
raiva em relação a compensação executiva, e com razão",
disse Paulson. "Muitos de vocês citam esse como um problema sério, e eu concordo. Temos
de achar uma maneira de lidar
com isso na lei sem minar a efetividade do programa". A seu
lado, o presidente do Fed seguiu em sua linha do dia anterior, de pintar a economia americana com cores cinzas e reconhecer a limitação dos instrumentos à disposição do governo para lidar com a crise.
"Apesar dos esforços do Federal Reserve, do Tesouro e de
outras agências, os mercados
financeiros globais continuam
sob estresse extraordinário",
disse o presidente do BC americano. "A ação do Congresso é
requerida urgentemente para
estabilizar a situação e evitar o
que, de outra maneira, poderia
vir a ser conseqüências muito
sérias para o nosso mercado financeiro e nossa economia."
Bernanke afirmou que a situação só não é mais grave graças às exportações americanas.
"A atividade econômica tem sido salva por uma demanda estrangeira forte de uma série variada de produtos dos EUA, incluindo produtos agrícolas e
bens de capital", disse. O estímulo, no entanto, não se sustentaria a longo prazo. Antes,
pela manhã, Bernanke havia falado ao comitê econômico conjunto do Congresso.
De novo, a dupla foi recebida
por uma saraivada de críticas,
vindas de ambos os lados do espectro político. Os eleitores estão reagindo "com surpresa, estupefação e raiva intensa" disse
o senador democrata Charles
Schumer, presidente do comitê. Ainda assim, havia o sentido
da necessidade de aprovar um
plano o quanto antes.
"Não vamos adicionar emendas, não vamos fazer dessa proposta uma árvore de Natal",
afirmou Schumer, para depois
dizer que a medida passaria "logo". As duas Casas entram em
recesso eleitoral amanhã, mas a
data pode ser adiada se houver
necessidade, afirmou a presidente do Congresso, a democrata Nancy Pelosi.
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