São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2008

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FMI estima perda de US$ 1,3 tri com crise

Entidade diz que mundo crescerá menos e que desaceleração está "em toda a parte", mas que recessão deverá ser evitada em 2009

Para Lipsky, eventos da semana passada, como venda do Merrill Lynch, foram "tempestade de proporções históricas"

DA REDAÇÃO

O FMI (Fundo Monetário Internacional) elevou para US$ 1,3 trilhão o prejuízo causado pela crise no sistema financeiro global, US$ 300 milhões mais do que a entidade tinha calculado em abril e o equivalente ao PIB brasileiro de 2007. O organismo disse ainda que a "turbulência" nos mercados financeiros fará com que ele reduza a sua previsão para o crescimento da economia mundial, mas que deverá ocorrer "uma recuperação gradual" em 2009.
Segundo o vice-diretor-gerente do Fundo, John Lipsky, uma recessão global poderá ser evitada, desde que políticas "coerentes e efetivas" sejam implementadas em todo o mundo. Ele afirmou ainda que o crescimento econômico está se desacelerando por "toda a parte", encerrando as esperanças de descolamento de países emergentes e desenvolvidos.
O dirigente disse que a diminuição no ritmo do avanço econômico está sendo liderada pelos países desenvolvidos, que "estão próximos da recessão ou sentindo crescimento abaixo do potencial", mas que a atividade também está perdendo força nos emergentes. "Apesar de que o crescimento nessas regiões continua alto e próximo da tendência, em grande parte refletindo a força da demanda doméstica."
E é o crescimento dos emergentes, de acordo com Lipsky, que deve sustentar a expansão da economia mundial -apesar de esses países, especialmente os com grande dívida externa em conta corrente, estarem também sentindo a crise nos mercados financeiros. Para ele, essas economias estão hoje mais bem preparadas para agüentar os efeitos dos choques financeiros externos e, nos últimos anos, assumiram um papel central no avanço global.
A economia americana também será ajudada pela expansão dos emergentes, diz Lipsky, especialmente por meio das exportações -que já representaram a maior parte do crescimento dos EUA no segundo trimestre. Porém, ele pede que alguns desses países, especialmente a China, deixem suas moedas se valorizarem. A subvalorização do yuan é questionada pelos EUA, que afirmam que a moeda chinesa favorece as exportações do país asiático.

"Tempestade financeira"
Para Lipsky, os eventos da semana passada (como a concordata do Lehman Brothers, a venda do Merrill Lynch e o empréstimo bilionário para a seguradora AIG) foram "uma tempestade financeira de proporções históricas". "As últimas semanas incluíram momentos e acontecimentos quase inimagináveis no setor financeiro", afirmou o dirigente.
"Diante dos nosso olhos, placas tectônicas financeiras se moveram, apagando uma forma institucional -o banco de investimento grande e independente- que até meados de 2007 era vista popularmente como gigantes financeiros que obtinham lucros enormes", afirmou Lipsky, sobre a decisão de Morgan Stanley e Goldman Sachs, no último domingo, de se tornarem bancos comerciais, que foi precedida pelas vendas de Bear Stearns e Merrill Lynch e pela concordata do Lehman Brothers.


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