São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2008

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Goldman Sachs consegue US$ 5 bilhões com venda de ações, o dobro do esperado

DA REDAÇÃO

Um dia depois de receber um investimento de US$ 5 bilhões de Warren Buffett, o Goldman Sachs conseguiu o mesmo montante com a venda de ações -o dobro do inicialmente previsto pelo banco. Com os US$ 10 bilhões, o Goldman procura tranqüilizar os investidores sobre o seu futuro financeiro.
Os investidores pagaram US$ 123 por ação, um desconto de 1,64% em relação ao preço dos papéis anteontem, quando foi anunciado o leilão público. As ações do Goldman Sachs valiam ontem US$ 133.
O investimento de Buffett, por meio da sua holding Berkshire Hathaway, foi considerado um estímulo para as ações do Goldman Sachs, que subiram 6,36%, em um dia em o índice S&P 500, da Bolsa de Nova York, recuou 0,20%, com as incertezas sobre o plano do governo americano para assumir títulos podres de instituições financeiras. O segundo homem mais rico dos Estados Unidos, com uma fortuna de US$ 50 bilhões, é conhecido por seus investimentos conservadores e não fazia aplicações em bancos há cerca de uma década.
Apesar de o banco não ter registrado prejuízo durante a crise, que teve início no segundo semestre do ano passado, o lucro vinha se desacelerando e a entidade -que era vista como o mais sólido dos bancos de investimento- passou a ser vista como uma provável baixa de Wall Street, antes de o governo anunciar o projeto.
O Goldman Sachs, ao lado do rival Morgan Stanley, solicitou ao Fed (o BC dos EUA) autorização para se tornar holding financeira, deixando de ser somente banco de investimento e passando a ser também instituição comercial, apta a captar depósitos, por exemplo. Com essa mudança, os dois passaram a ter fontes de financiamento mais estáveis por meio do Fed, tornando-os mais atrativos para os investidores no momento de crise.
Já a AIG, a maior seguradora mundial, confirmou ontem que chegou a um acordo definitivo com o BC dos EUA para receber o empréstimo de US$ 85 bilhões em troca de 79,9% da empresa. Nos últimos dias, grandes acionistas buscavam alternativas para não deixar a seguradora nas mãos do governo, que decidiu emprestar o dinheiro, depois que a empresa parecia rumar à concordata.
"A AIG fez um esforço exaustivo para resolver suas necessidades de liquidez por meio de financiamento pelo setor privado, mas não conseguiu em meio ao atual ambiente. O instrumento [do Fed] foi a melhor alternativa", disse, em nota, Edward Liddy, o novo presidente-executivo da AIG.
O Washington Mutual, outra instituição que foi abalada pela crise, teve a sua nota reduzida pela segunda vez em dez dias pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, que afirmou que a provável venda do banco deverá ser feita em fatias. As ações do Washington Mutual caíram 29,38% ontem.
O Fed anunciou ontem a ampliação da ação coordenada com BCs do mundo para injetar liquidez nos mercados, incluindo agora os bancos centrais de Austrália, Suécia, Noruega e Dinamarca, que têm disponíveis US$ 30 bilhões para emprestarem a bancos.
Na semana passada, o BC dos EUA já tinha colocado mais US$ 180 bilhões à disposição dos bancos centrais do Japão, da zona do euro, do Reino Unido, do Canadá e da Suíça.


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