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Caixa de empresa do pré-sal virá de aporte na Petrobras
Recursos para investimentos sairão do aumento de capital da União na estatal
Pela proposta em estudo no governo, a futura empresa ficaria com todo o dinheiro obtido pela venda de papéis aos acionistas minoritários
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O caixa da futura empresa do
pré-sal pode ser formado a partir do aumento de capital da
União na Petrobras. Com isso,
ela teria condições de fazer investimentos em pesquisas para
definir a exploração dos campos de petróleo que ficarão sob
sua responsabilidade, sempre
em parceria com petrolíferas
que atuariam como operadoras.
Pela proposta em estudo no
governo, a futura empresa ficaria com todo o dinheiro obtido
com a venda de ações aos minoritários, que terão direito de
participar do aporte de capital
na mesma proporção que o governo federal.
A definição pode sair na próxima semana, quando a comissão interministerial deve bater
o martelo entre os cinco modelos elaborados pelos técnicos.
Em dois deles está prevista a
criação da estatal, defendida
pelo próprio presidente Lula e
que pode ser uma empresa ou
até mesmo um escritório com
figura jurídica.
Num dos modelos, a empresa
ou escritório de representação
seria apenas gestora da riqueza
das áreas do pré-sal ainda não
leiloadas. Noutro, ela seria sua
proprietária. Há ainda modelos
em que a ANP (Agência Nacional do Petróleo) mantém a gestão sobre o pré-sal e em que toda área ainda não leiloada ficaria com o Tesouro Nacional,
não sendo realizada a operação
de capitalização da Petrobras.
Elaborada pela estatal, a operação de aumento de capital da
União seria feita numa chamada privada, na qual somente os
acionistas podem participar.
Assim, quem não tiver ações no
dia da oferta não entrará no
processo.
O primeiro passo seria o Planalto definir de quanto seria esse aporte, a ser formalizado
com a transferência para a estatal das áreas vizinhas aos campos já adquiridos pela Petrobras na bacia de Santos.
Em seguida, a Petrobras emitiria as ações em nome da
União como pagamento pelas
áreas do pré-sal recebidas. A
União fica então com seu lote e
abre aos acionistas minoritários a possibilidade de participar do processo.
Como todas as ações são do
governo federal, o dinheiro arrecadado com a venda para os
minoritários é do Tesouro, que
faria sua transferência para um
fundo a ser gerido pela futura
empresa do pré-sal. Esse fundo
contaria com as reservas de petróleo ainda não leiloadas e que
não serão usadas no aumento
de capital na estatal.
Segundo estudos da Petrobras, a tendência é que nem todos os minoritários sigam a
União na operação de aporte,
abrindo espaço para uma alta
significativa da participação do
Tesouro no capital da estatal.
Essa conclusão se baseia em
levantamentos indicando que
muitos fundos de investimento
ou de pensão já detêm ações da
Petrobras perto do limite fixado por seus regulamentos.
Hoje, o governo detém 57%
do capital votante e 40% -entre Tesouro e BNDESpar- do
capital total. A idéia é elevar essa participação visando aumentar o patrimônio líquido da
estatal, dando condições para
que ela possa captar financiamentos que bancariam os investimentos do pré-sal.
Embora o presidente Lula tenha negado publicamente, o
governo também estuda permitir o uso do FGTS para a
compra de ações no processo
de capitalização da Petrobras.
O aumento do capital visa
também elevar o naco de lucro
e dividendos que o Tesouro
tem na Petrobras, que tende a
subir com a transferência das
áreas do petróleo do pré-sal.
O valor desse aporte ainda
não está definido e vai depender do processo de quantificação e avaliação das áreas vizinhas aos campos já adquiridos
pela Petrobras na bacia de Santos. Esse, por sinal, é o primeiro
passo de todo o processo.
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