|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Novas ações protecionistas ameaçam agenda do G20
Nos últimos dias, países como EUA e China intensificaram contestações na OMC
Na reunião de novembro, grupo se comprometeu a não criar restrições ao comércio, mas adotou cerca de cem medidas unilaterais
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A PITTSBURGH
À já carregada e complicada
agenda do G20, uma nova e explosiva questão entrou na última hora pela porta dos fundos
enquanto os líderes mundiais
se reúnem em Pittsburgh: novas ações protecionistas que
podem azedar o clima de colaboração do encontro.
Nos últimos dias, governo e
entidades norte-americanas
entraram com ações na OMC
(Organização Mundial do Comércio) para barrar a entrada
de pneus chineses e papel produzidos por China e Indonésia.
A China já recorreu da decisão sobre os pneus e deve fazer
o mesmo caso seja condenada
por dumping (venda abaixo do
custo de produção), como acusam três indústrias de papel
dos EUA e a United Steelworkers (sindicato) americana.
A principal preocupação dos
EUA na reunião do G20 é tentar comprometer os países do
bloco para que ataquem os desequilíbrios mundiais. Do ponto de vista dos EUA, o país quer
exportar mais e importar menos, especialmente na relação
com a China, para equilibrar
suas contas externas.
Para analistas, passado o pior
da crise, cada país pode voltar a
se preocupar com os próprios
desequilíbrios, agindo unilateralmente para corrigi-los.
Em novembro de 2008, logo
após o estouro da crise, o mesmo G20 divulgou documento
em que se comprometia a não
adotar nenhuma medida protecionista por 12 meses. O que se
viu foi uma completa violação
desse acordo. De lá para cá, os
países do G20 adotaram cerca
de cem medidas unilaterais para impedir a entrada de produtos concorrentes em seus mercados. Ou seja, a promessa foi
quebrada uma vez a cada três
dias desde novembro passado.
Para este ano, a OMC já projeta uma queda de até 10% no
volume de comércio global. O
problema pode se agravar caso
a onda protecionista envolva
mais do que bens e serviços.
No mês passado, uma agência federal chinesa alertou seis
instituições bancárias estrangeiras que estatais da China
que perderam dinheiro em
operações com derivativos nesses bancos podem se recusar a
honrar seus compromissos.
Texto Anterior: "Anarquistas" e policiais entram em confronto Próximo Texto: UE impõe tarifa sobre folha de alumínio brasileira Índice
|