São Paulo, sexta-feira, 25 de setembro de 2009

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Novas ações protecionistas ameaçam agenda do G20

Nos últimos dias, países como EUA e China intensificaram contestações na OMC

Na reunião de novembro, grupo se comprometeu a não criar restrições ao comércio, mas adotou cerca de cem medidas unilaterais


FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A PITTSBURGH

À já carregada e complicada agenda do G20, uma nova e explosiva questão entrou na última hora pela porta dos fundos enquanto os líderes mundiais se reúnem em Pittsburgh: novas ações protecionistas que podem azedar o clima de colaboração do encontro.
Nos últimos dias, governo e entidades norte-americanas entraram com ações na OMC (Organização Mundial do Comércio) para barrar a entrada de pneus chineses e papel produzidos por China e Indonésia.
A China já recorreu da decisão sobre os pneus e deve fazer o mesmo caso seja condenada por dumping (venda abaixo do custo de produção), como acusam três indústrias de papel dos EUA e a United Steelworkers (sindicato) americana.
A principal preocupação dos EUA na reunião do G20 é tentar comprometer os países do bloco para que ataquem os desequilíbrios mundiais. Do ponto de vista dos EUA, o país quer exportar mais e importar menos, especialmente na relação com a China, para equilibrar suas contas externas.
Para analistas, passado o pior da crise, cada país pode voltar a se preocupar com os próprios desequilíbrios, agindo unilateralmente para corrigi-los.
Em novembro de 2008, logo após o estouro da crise, o mesmo G20 divulgou documento em que se comprometia a não adotar nenhuma medida protecionista por 12 meses. O que se viu foi uma completa violação desse acordo. De lá para cá, os países do G20 adotaram cerca de cem medidas unilaterais para impedir a entrada de produtos concorrentes em seus mercados. Ou seja, a promessa foi quebrada uma vez a cada três dias desde novembro passado.
Para este ano, a OMC já projeta uma queda de até 10% no volume de comércio global. O problema pode se agravar caso a onda protecionista envolva mais do que bens e serviços.
No mês passado, uma agência federal chinesa alertou seis instituições bancárias estrangeiras que estatais da China que perderam dinheiro em operações com derivativos nesses bancos podem se recusar a honrar seus compromissos.


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