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Mudança em fundos ajuda obras do governo
Obras de infraestrutura, com dificuldades de financiamento, poderão receber recursos das entidades de previdência privada
Permissão para fundos investirem no exterior também deve aliviar pressão cambial a partir
de 2010, avalia governo
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão do governo de dar
mais liberdade para os fundos
de pensão aplicarem seus recursos atende principalmente a
dois lados. O do governo, que
tem interesse em que parte dos
R$ 450 bilhões administrados
por eles sejam direcionados para financiar obras de infraestrutura ou vá para o exterior, e
o dos próprios fundos, que querem maiores rendimento no
cenário de juros em queda.
Fica faltando na equação o
contribuinte dos fundos, que é
quem se beneficiará de lucros
maiores ou amargará prejuízos.
E, por esse ângulo, a mudança
anunciada ontem deve ser considerada a partir do tipo de plano a que ele pertence.
Os novos planos, chamados
de contribuição definida, repartirão ganhos ou perdas. Assim, se o administrador dos recursos desses contribuintes
priorizar investimentos em
ações ou mercados de maior
risco e for bem-sucedido, o dinheiro renderá mais.
Isso porque o benefício que o
contribuinte dos fundos irá receber no futuro é baseado nas
contribuições que ele acumulou mais o que elas renderam
no período.
Já os que ainda estão vinculados a planos de benefício definido assinaram um contrato
em que o fundo se comprometeu a pagar um valor determinado no futuro. Nesse caso,
quem correrá maior risco é o
próprio fundo de pensão.
Esses planos têm metas de
rendimento que, num cenário
de queda dos juros, podem até
ser revistas. Para isso, será preciso a concordância dos participantes e o aumento dos aportes
de recursos dos contribuintes e
da patrocinadora do fundo. Tudo para garantir, na data estipulada, o benefício definido em
contrato.
O governo argumenta que esses planos estão perdendo importância na indústria dos fundos de pensão, já que não é mais
permitido a novos planos oferecer benefícios definidos.
Muitos participantes migraram para a nova modalidade de
contribuição definida, mas ainda há um passivo no sistema
antigo.
Exterior
A decisão de permitir ainda
que os fundos apliquem uma
parcela maior dos recursos que
administram no exterior poderá ser, no médio prazo, um instrumento que ajudará o governo a reduzir a entrada de dólares no Brasil, que faz o real se
valorizar diante do dólar, prejudicando exportadores.
Durante as discussões recentes sobre o tema na área econômica do governo, avaliou-se
que a medida não terá nenhum
impacto no curto prazo. Pelo
menos até dezembro, não se espera que isso vá ajudar a subir a
cotação do real em relação ao
dólar. Isso porque, na avaliação
do governo, o movimento dos
fundos de pensão será algo gradual, com maior impacto no
ano que vem.
A expectativa é que o câmbio
apreciado siga sendo fonte de
preocupação para o governo no
próximo ano. Se a economia
confirmar o cenário de retomada do crescimento, como se espera, os investimentos externos no país deverão aumentar,
o que significará mais moeda
estrangeira ingressando no
mercado brasileiro. Por isso, a
política de aplicação dos fundos
para 2010 poderá ser de grande
ajuda.
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