São Paulo, sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Indústrias voltam a contratar em agosto

Número de vagas no setor, o mais afetado pela turbulência, cresceu 3,9%; contratações evitam alta da taxa de desemprego

Foram criadas 135 mil vagas em agosto, segundo o IBGE; emprego industrial foi puxado por São Paulo, que contratou 106 mil pessoas


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Setor mais afetado pela crise, a indústria voltou finalmente a contratar e liderou a geração de postos de trabalho nas principais metrópoles do país em agosto, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O bom desempenho da ocupação no ramo industrial também impediu o aumento da taxa de desemprego no -o indicador ficou praticamente estável em 8,1%.
Pela primeira vez desde o agravamento da crise, o emprego na indústria reagiu com força e cresceu 3,9% de julho para agosto nas seis principais regiões metropolitanas do país. Foi o melhor desempenho desde abril de 2004 e supera a expansão média da ocupação de julho para agosto -0,5%.
Em números absolutos, foram criadas 135 mil vagas. O emprego na indústria foi puxado por São Paulo, metrópole brasileira mais industrializada. Na região, o setor fabril contratou 106 mil pessoas em agosto -alta de 5,8%, recorde de toda a série da pesquisa, iniciada em 2002. Ou seja, oito em cada dez novos empregos na indústria foram gerados em São Paulo.
Por trás da recuperação do emprego na indústria está a retomada da produção, já sinalizada pelas pesquisas de indústria e pelos dados do PIB.
Tal movimento se sustenta no aumento do consumo -impulsionado pelo avanço da renda, que cresceu 0,9% de julho para agosto e 3,8% no acumulado de 2009. Tem ainda origem na volta do crédito, antes combalido pela crise.
"Não há dúvida de que o nível de atividade da indústria voltou a crescer, o que repercute no emprego. O impacto da crise setorialmente foi muito importante na indústria, que fechou muitos postos de trabalho de novembro de 2008 a março deste ano. No segundo trimestre, andou de lado. E agora é que se vê um crescimento mais forte", diz Fábio Romão, economista da LCA.
Segundo Armando Monteiro Neto, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o setor sentiu, primeiro, uma melhora das vendas com a queima de estoques, o que impulsionou a produção. Agora, o crescimento do emprego confirma a trajetória de recuperação do setor -que, segundo ele, só será mais intensa e rápida se o mercado externo voltar a crescer e demandar mais produtos brasileiros.
Apesar da reação recente, a indústria ainda emprega menos do que antes da crise. O contingente de trabalhadores do setor caiu, em média, 2,5% de janeiro a agosto deste ano ante o mesmo período de 2008, segundo o IBGE.
Ainda assim, o desempenho positivo de agosto, concentrado em São Paulo, é "significativo" e tem potencial para se espalhar para as demais regiões.
Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, afirma que "São Paulo historicamente antecipa uma tendência. Quando o emprego na indústria começa a crescer em São Paulo, o movimento se replica para as outras regiões, que devem registrar resultados positivos nos próximos meses".


Texto Anterior: Após tombo, setor de máquinas cresce 18% em agosto
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.