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Indústrias voltam a contratar em agosto
Número de vagas no setor, o mais afetado pela turbulência, cresceu 3,9%; contratações evitam alta da taxa de desemprego
Foram criadas 135 mil vagas em agosto, segundo o IBGE; emprego industrial foi puxado por São Paulo, que contratou 106 mil pessoas
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Setor mais afetado pela crise,
a indústria voltou finalmente a
contratar e liderou a geração de
postos de trabalho nas principais metrópoles do país em
agosto, segundo dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O bom desempenho da ocupação no ramo industrial também impediu
o aumento da taxa de desemprego no -o indicador ficou
praticamente estável em 8,1%.
Pela primeira vez desde o
agravamento da crise, o emprego na indústria reagiu com força e cresceu 3,9% de julho para
agosto nas seis principais regiões metropolitanas do país.
Foi o melhor desempenho desde abril de 2004 e supera a expansão média da ocupação de
julho para agosto -0,5%.
Em números absolutos, foram criadas 135 mil vagas. O
emprego na indústria foi puxado por São Paulo, metrópole
brasileira mais industrializada.
Na região, o setor fabril contratou 106 mil pessoas em agosto
-alta de 5,8%, recorde de toda
a série da pesquisa, iniciada em
2002. Ou seja, oito em cada dez
novos empregos na indústria
foram gerados em São Paulo.
Por trás da recuperação do
emprego na indústria está a retomada da produção, já sinalizada pelas pesquisas de indústria e pelos dados do PIB.
Tal movimento se sustenta
no aumento do consumo -impulsionado pelo avanço da renda, que cresceu 0,9% de julho
para agosto e 3,8% no acumulado de 2009. Tem ainda origem
na volta do crédito, antes combalido pela crise.
"Não há dúvida de que o nível
de atividade da indústria voltou
a crescer, o que repercute no
emprego. O impacto da crise
setorialmente foi muito importante na indústria, que fechou
muitos postos de trabalho de
novembro de 2008 a março
deste ano. No segundo trimestre, andou de lado. E agora é
que se vê um crescimento mais
forte", diz Fábio Romão, economista da LCA.
Segundo Armando Monteiro
Neto, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o setor sentiu, primeiro,
uma melhora das vendas com a
queima de estoques, o que impulsionou a produção. Agora, o
crescimento do emprego confirma a trajetória de recuperação do setor -que, segundo ele,
só será mais intensa e rápida se
o mercado externo voltar a
crescer e demandar mais produtos brasileiros.
Apesar da reação recente, a
indústria ainda emprega menos do que antes da crise. O
contingente de trabalhadores
do setor caiu, em média, 2,5%
de janeiro a agosto deste ano
ante o mesmo período de 2008,
segundo o IBGE.
Ainda assim, o desempenho
positivo de agosto, concentrado em São Paulo, é "significativo" e tem potencial para se espalhar para as demais regiões.
Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de
Emprego do IBGE, afirma que
"São Paulo historicamente antecipa uma tendência. Quando
o emprego na indústria começa
a crescer em São Paulo, o movimento se replica para as outras
regiões, que devem registrar resultados positivos nos próximos meses".
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