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INVESTIMENTOS
Aplicação direta em papéis do Tesouro Nacional, que refletem a alta dos juros, chega a superar ganhos com renda fixa e DI
Títulos do governo rendem mais que fundos
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Comprar diretamente os títulos
do governo, por meio do sistema
de negociação chamado Tesouro
Direto, tem sido uma opção de investimento mais rentável do que
as aplicações tradicionais.
O mês de setembro é um bom
exemplo disso. As LTNs -Letras
do Tesouro Nacional, um dos papéis mais negociados pelo governo- chegaram a pagar uma taxa
anual de 18,26% na segunda semana do mês, o que representa
um rendimento mensal de 1,41%.
Os fundos DI renderam, na média, 1,21% em setembro. Anualizada, essa taxa fica em 15,53%. Os
fundos de renda fixa trouxeram
rendimento médio de 1,17%, taxa
que, anualizada, fica em 14,98%.
Ou seja, quem comprou papéis
do governo teve retorno maior do
que os que procuraram os fundos
mais conservadores, formados
por títulos públicos e privados,
que também acompanham a oscilação das taxas de juros.
No mês de setembro, porém, o
investimento que proporcionou
os maiores ganhos foram as ações
-a Bolsa de Valores de São Paulo
registrou uma valorização de
1,94%. A poupança perdeu, por
pouco, da inflação, com um ganho de apenas 0,67% no mês.
A alta da Selic (juros básicos da
economia) -que passou de
16,25% para 16,75% ao ano na semana passada- deve melhorar
ainda mais o cenário para o Tesouro Direto: os juros pagos pelos
títulos públicos devem subir nos
próximos leilões do governo.
"O Tesouro Direto tem conquistado cada vez mais público. E
deve aumentar ainda mais o interesse do pequeno investidor,
atraído pela possibilidade de lucrar mais do que com as aplicações financeiras tradicionais",
afirma Álvaro Bandeira, diretor
da corretora Ágora Sênior.
O sistema de negociação dos títulos públicos federais foi criado
no início de 2002 pelo governo
com o objetivo inicial de atender
pequenos investidores. No entanto, segundo operadores de instituições financeiras, as negociações do Tesouro Direto ainda
atraem mais investidores que conhecem de perto o mercado
-como funcionários de corretoras e da Bolsa- do que o pequeno investidor não-especializado.
Dois anos após o início do programa, há menos de 30 mil investidores cadastrados -número
considerado ainda baixo em relação ao contingente de investidores de outras aplicações. No mês
de setembro, as vendas de títulos
públicos somaram aproximadamente R$ 18,3 milhões.
Riscos e vantagens
Para aplicar em títulos públicos
por meio do sistema, o investidor
precisa procurar um dos agentes
(basicamente corretoras e bancos) credenciados e fazer a sua
inscrição. A partir daí, é possível
comprar e vender títulos do governo por meio da internet. O endereço do Tesouro Direto é:
www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto.
Como todas as aplicações financeiras, comprar títulos públicos
traz riscos. Se o governo chegasse
a um ponto de crise que o fizesse
decretar a moratória de sua dívida, por exemplo -como ocorreu
na Argentina no final de 2001-, o
investidor teria dificuldades em
receber o que investiu. Na prática,
por meio da operação, o investidor empresta o seu dinheiro para
o governo federal.
Mas, como o investimento tem
sido atraente, boa parte das carteiras dos fundos DI e de renda fixa é formada por títulos públicos
prefixados (cuja rentabilidade é
estabelecida no momento da
compra) e pós-fixados.
Além de a aplicação direta em
títulos do Tesouro ter dado a
chance de conseguir rentabilidade maior, os investidores podem
encontrar vantagens também na
chamada taxa de corretagem.
A taxa de administração de fundos de investimentos cobrada pelas instituições financeiras fica entre 1,5% e 5% ao ano.
A corretora Souza Barros, uma
das mais ativas no segmento, cobra 0,5% ao ano para as operações
realizadas no Tesouro Direto.
A corretora Ágora Sênior cobra
taxa fixa de R$ 20 por operação,
independentemente da quantia.
Isso quer dizer que quem aplica
mais sente menos no bolso o custo da corretagem.
Os investidores podem vender
ao próprio Tesouro Nacional, durante os leilões semanais, os títulos adquiridos por meio do sistema de negociação de papéis.
Os impostos cobrados sobre as
operações realizadas pelo Tesouro Direto são os mesmos que incidem sobre as operações de renda
fixa. No caso, neste momento, a
alíquota do Imposto de Renda é
de 20% sobre os rendimentos .
Boa perspectiva
Com a taxa básica de juros em
alta, a tendência é a de que já no
próximo leilão a ser realizado,
nesta semana, as taxas pagas pelos
títulos públicos sejam maiores.
Devido ao aumento da Selic
promovido pelo Copom (Comitê
de Política Monetária), os juros
futuros dos contratos negociados
na BM&F (Bolsa de Mercadorias
& Futuros) já subiram. Quando
essas projeções têm elevação, o
Tesouro acaba desembolsando
taxas maiores para ofertar títulos
públicos. E esse é um bom momento para conseguir ganhar
com as taxas mais elevadas.
"A alta dos juros básicos certamente vai melhorar os ganhos para quem comprar títulos públicos
neste momento", diz Celso Costa,
da corretora Souza Barros.
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