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BALANÇO
Cautela marca as primeiras semanas da conta-investimento, com pequena migração para fundos de curto prazo
Público ainda tenta assimilar novas regras
JULIANA ALMEIDA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A grande movimentação de recursos esperada com a entrada
em vigor da conta-investimento,
em 1º de outubro, por enquanto
não ocorreu. De acordo com o
Banco Central, do dia 1º ao dia 18
de outubro foram efetuadas 3.446
TEDs (Transferência Eletrônica
Disponível), que totalizam o
montante de R$ 1,4 bilhão.
A TED é a principal forma de
transferir recursos da conta corrente para a conta-investimento,
mas isso também pode ser feito
por cheque ou por lançamento
contábil (o chamado "book transfer"), cujos dados não são computados pelo BC.
"Nos primeiros dias após o lançamento, tivemos uma movimentação um pouco maior de pessoas
que estavam com o dinheiro parado temporariamente esperando
a conta-investimento. Depois voltou tudo ao normal", afirma
Moacyr Castanho, superintendente de fundos de investimento
do Banco Itaú.
No ABN Amro Real esse volume chegou a ser 20% maior no período inicial, mas também já se
normalizou. "O governo fez tantas ressalvas que as pessoas ficaram indecisas", avalia Marcelo
D'Agosto, diretor do site Fortuna.
De acordo com o Fortuna, os
fundos que mais captaram no
mês, computados os resultados
até o dia 20, foram os de curto
prazo, com R$ 1,4 bilhão, obtendo
a melhor marca desde maio deste
ano. Não se sabe se isso já pode ser
considerado um reflexo da abertura de contas-investimento.
D'Agosto ressalva que grandes
movimentações de investimentos
não aconteceram, nem mesmo
nos 38 fundos que têm a menor
rentabilidade e, por esse motivo,
seriam os primeiros candidatos a
perder recursos.
Os fundos DI de varejo tiveram
resgate de R$ 161 milhões em setembro e de apenas R$ 3,8 milhões neste mês, enquanto os de
renda fixa registraram perdas de
R$ 300 milhões no mês passado e
de R$ 178 milhões até o dia 20 de
outubro.
"As contas-investimento foram
criadas para trazer maior competitividade para os fundos de varejo, mas ainda não existe nenhum
efeito visível nesse sentido", afirma D'Agosto.
Segundo analistas e gestores de
fundos, ainda é cedo para avaliar
o impacto da conta-investimento.
"A massa de investidores não vai
sair movimentando recursos nem
começar a discutir rentabilidade
do dia para a noite. Existe uma
curva de aprendizado", afirma
Edson Monteiro, vice-presidente
do Banco do Brasil.
Passo a passo
Para avaliar corretamente as opções, primeiro o investidor precisa saber como funciona a conta-investimento -que é uma conta
de transição para aplicações em
fundos de investimento que isenta do pagamento de CPMF em
transações futuras.
Depois, a pessoa precisa avaliar
o retorno do fundo em que tem
aplicação em relação a outros para os quais desejaria migrar, levando em consideração o aumento recente da taxa de juros básica
de 16,25% para 16,75% ao ano e a
possibilidade de novas elevações
nos próximos meses.
Além disso, o investidor deve
contabilizar também a incidência
regressiva de IOF nos primeiros
dias de aplicação e a possibilidade
de pagar mais ou menos Imposto
de Renda, a partir de janeiro, de
acordo com o tempo que deixar o
dinheiro investido.
Sistema
Na parte de sistemas, pequenos
problemas que aconteceram nos
primeiros dias de implantação
parecem estar solucionados.
"Fizemos o sistema o mais automatizado e simples possível, para
que os investidores não tenham
que se preocupar por onde está
transitando seu dinheiro", diz
Castanho, do Itaú. O executivo
disse também que foi realizado
um treinamento intensivo com a
central de atendimento e com os
gerentes das agências.
Teste realizado pela Folha com
serviços de atendimento por telefone mostra que nem mesmo os
operadores estão totalmente informados sobre os procedimentos básicos em relação às novas
regras da conta-investimento.
No serviço do Banco do Brasil,
por exemplo, o atendente forneceu informações incorretas sobre
os procedimentos. "Certamente
foi um caso isolado, uma infelicidade", explicou Monteiro, do BB.
"O atendente é treinado a seguir o
manual e, no caso de perguntas
mais complexas, transferir para
uma bancada especializada".
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