São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2008

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Oposição quer punir dirigente de banco socorrido por Caixa ou Banco do Brasil

MARIA CLARA CABRAL
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Líderes da oposição no Congresso querem punir dirigentes de instituições que venham a ser adquiridas pelo Banco do Brasil ou pela Caixa Federal. Emenda à MP 443, assinada pelo vice-líder do DEM, deputado José Carlos Aleluia (BA), propõe tornar indisponíveis os bens pessoais de donos e membros do conselho administrativo dos bancos socorridos até que inquérito para apurar as causas e responsabilidades da transação seja concluído.
A justificativa é evitar que pessoas que tenham desviado recursos públicos ou com administrações ruins sejam beneficiadas pela medida do governo. "A utilização de recursos públicos justifica a responsabilização do corpo diretor da instituição capitalizada, uma vez que a sociedade merece uma satisfação a respeito da utilização dos recursos públicos, bem como medidas que desestimulem novas ocorrências onerosas", diz Aleluia.
Para ganhar o apoio de toda a oposição, principalmente no Senado, onde a base aliada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva é menor do que na Câmara, o governo está disposto a fazer concessões. O líder do PT, deputado Maurício Rands (PT-PE), diz que o partido ainda vai analisar "com responsabilidade" todas as propostas de mudança na medida provisória.
"A MP tem que ser ajustada, mas ainda não analisamos quais serão as mudanças e nenhuma [emenda] especificamente", disse o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO). A bancada do partido fará reunião na quarta para discutir a medida provisória e todas as propostas apresentadas.
Documento produzido pela assessoria do DEM para os parlamentares a que a Folha teve acesso mostra que o governo não deve ter grandes problemas. Há alerta sobre o fato de que mudanças propostas não poderiam ser feitas por MP, mas por lei complementar.
O documento recomenda a aprovação da medida: "A MP apresenta um fato consumado. Só resta ao Congresso concordar com o resgate das empresas com dificuldade de solvência ou o pior, uma crise sistêmica."
Além da punição aos donos das instituições adquiridas, a oposição promete apresentar outras inúmeras emendas à MP até terça-feira. Técnicos da liderança do PSDB no Senado, por exemplo, já trabalham em dez emendas. O partido decidiu colocar amarras ou suprimir partes do texto para impedir, por exemplo, que aliados do governo se beneficiem com as novas regras.
O PSDB quer que os bancos públicos comprem bancos privados apenas mediante licitação. A oposição sugere ainda a contratação de pelo menos duas empresas de avaliação das vendas de instituições, seguindo sempre a lei de licitação. Como forma de fiscalização externa, DEM e PSDB querem ainda que a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado examine todas as transações.
Outra proposta é vetar a possibilidade de BB e CEF adquirirem instituições do setor previdenciário e fundos de investimento. "Temos que tomar cuidado para que o dinheiro da sociedade não seja usado para capitalizar sistema previdenciário administrado pelo PT", afirma Aleluia.


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