São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2008

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análise

Recessão na Europa deve ser profunda

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

As nuvens carregadas que há meses cobrem a economia européia começam a se transformar em uma tempestade que deve demorar a passar. Para a maioria dos analistas, a recessão que se avizinha, e que em alguns países já é uma realidade, será longa e profunda.
"Podemos esperar fraca atividade econômica na Europa pelo menos até o fim de 2009. A maioria dos países não escapará da recessão", disse à Folha o economista Mauro Baranzini, da Universidade de Lugano. Os institutos de pesquisa confirmam o pessimismo, indicando que nos próximos meses a economia européia oscilará entre a retração e a estagnação.
"Nossa projeção é a de que os países da zona do euro terão crescimento zero em 2009, seguido de 1% em 2010", disse Charles Jenkins, diretor para Europa Ocidental da Economist Intelligence Unit. "Existe o risco de crise mais prolongada."
Segundo Jenkins, os países mais afetados serão Reino Unido, Espanha e Irlanda -este já oficialmente em recessão. Os setores mais castigados serão construção, automóveis e maquinário.
Entre os britânicos, a recessão ainda não é oficial. Mas o clima é de apocalipse. A ponto de Charlie Bean, vice-presidente do Banco da Inglaterra (o BC britânico), dizer que o país estava vivendo "possivelmente a pior crise financeira que a humanidade já conheceu". E acrescentou: é só o começo.
Além do encolhimento da economia britânica, a sexta-feira negra teve má notícia: a queda recorde no índice de atividade industrial da zona do euro. "A crise financeira se transformou rapidamente em crise econômica", disse Chris Williamson, economista-chefe da empresa responsável pelo índice.
Diante do esfriamento acelerado da economia, a expectativa é a de que o BCE (Banco Central Europeu) aplicará em breve mais um corte na taxa de juros, após a redução de 0,50 ponto percentual no começo do mês, para 3,75%.
O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, teve de deixar a luta contra a inflação para combater um inimigo que se tornou mais perigoso, a recessão. Alguns, como o Deutsche Bank, apostam que Trichet será obrigado a fazer cortes sucessivos nos juros, até chegar a 1,5% em meados do próximo ano.


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