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análise
Recessão na Europa deve ser profunda
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
As nuvens carregadas que
há meses cobrem a economia
européia começam a se
transformar em uma tempestade que deve demorar a
passar. Para a maioria dos
analistas, a recessão que se
avizinha, e que em alguns
países já é uma realidade, será longa e profunda.
"Podemos esperar fraca
atividade econômica na Europa pelo menos até o fim de
2009. A maioria dos países
não escapará da recessão",
disse à Folha o economista
Mauro Baranzini, da Universidade de Lugano. Os institutos de pesquisa confirmam o
pessimismo, indicando que
nos próximos meses a economia européia oscilará entre a retração e a estagnação.
"Nossa projeção é a de que
os países da zona do euro terão crescimento zero em
2009, seguido de 1% em
2010", disse Charles Jenkins, diretor para Europa
Ocidental da Economist Intelligence Unit. "Existe o risco de crise mais prolongada."
Segundo Jenkins, os países mais afetados serão Reino Unido, Espanha e Irlanda
-este já oficialmente em recessão. Os setores mais castigados serão construção,
automóveis e maquinário.
Entre os britânicos, a recessão ainda não é oficial.
Mas o clima é de apocalipse.
A ponto de Charlie Bean, vice-presidente do Banco da
Inglaterra (o BC britânico),
dizer que o país estava vivendo "possivelmente a pior crise financeira que a humanidade já conheceu". E acrescentou: é só o começo.
Além do encolhimento da
economia britânica, a sexta-feira negra teve má notícia: a
queda recorde no índice de
atividade industrial da zona
do euro. "A crise financeira
se transformou rapidamente
em crise econômica", disse
Chris Williamson, economista-chefe da empresa responsável pelo índice.
Diante do esfriamento
acelerado da economia, a expectativa é a de que o BCE
(Banco Central Europeu)
aplicará em breve mais um
corte na taxa de juros, após a
redução de 0,50 ponto percentual no começo do mês,
para 3,75%.
O presidente do BCE,
Jean-Claude Trichet, teve de
deixar a luta contra a inflação para combater um inimigo que se tornou mais perigoso, a recessão. Alguns, como o Deutsche Bank, apostam que Trichet será obrigado a fazer cortes sucessivos
nos juros, até chegar a 1,5%
em meados do próximo ano.
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