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PIB britânico encolhe pela 1ª vez em 16 anos
PEDRO DIAS LEITE
DE LONDRES
O resultado negativo da economia do Reino Unido no terceiro trimestre deste ano foi
bem pior do que previa a maioria dos analistas e deu indícios
de que a recessão será longa e
deve durar pelo menos até o final do ano que vem.
O PIB encolheu 0,5% de julho a setembro e deve se retrair
novamente no último trimestre do ano, o que deixará a economia britânica, a segunda
maior da Europa, oficialmente
em recessão. Foi a primeira
queda em 16 anos, colocando
fim a um dos mais longos períodos de expansão da economia.
O novo sinal de que o país está à beira da recessão derrubou
os mercados mais uma vez. O
principal índice da Bolsa londrina fechou em baixa de 5%,
depois de ter caído mais de 9%
durante a manhã, quando saiu
o número do PIB. O atual patamar é o mais baixo em cinco
anos e meio.
"O crescimento negativo no
próximo ano já está dado, resta
saber qual será a profundidade", disse à Folha Neil Prothero, analista da Economist In-
telligence Unit (do grupo que
edita a revista "The Economist"). Especialista em Reino
Unido, ele estima uma retração
de 1% a 2% no ano que vem e
avalia que a recessão pode entrar em 2010. "É certamente
possível. Depende muito do cenário global", afirmou.
Um dos problemas é que o
resultado de ontem incluiu
apenas uma parte do impacto
da crise financeira em potência
total, que começou para valer
em setembro (logo, os resultados de julho e agosto não tinham sido afetados em cheio).
"Esse período só inclui o primeiro pedacinho da crise bancária. Com certeza vai ficar
pior daqui para a frente. Não
precisamos nem esperar, podemos dizer que estamos em recessão e que será bem mais feio
do que imaginávamos", disse o
editor de economia do "Financial Times", Chris Giles.
Desde o início da década de
1990, a economia britânica não
enfrenta uma recessão. Até esse novo resultado, o PIB tinha
crescido 63 trimestres seguidos, antes de se estagnar no segundo trimestre deste ano e
mergulhar no terceiro. A queda
de 0,5% é a maior desde o último trimestre de 1990.
Durante o dia, economistas
foram unânimes em avaliar o
resultado como bem pior que o
esperado. "A queda é equivalente a tudo o que esperávamos
para a segunda metade do
ano", disse Simon Hayes, economista do Barclays, um dos
que se revezaram na BBC.
A retração ocorreu em praticamente todos os setores da
economia. O de serviços, que
responde por cerca de três
quartos do PIB britânico, se
contraiu em 0,4%. Hotéis e restaurantes foram alguns dos
mais atingidos, com recuo de
quase 2%. O setor de construção, que já tinha encolhido
0,5% no segundo trimestre,
caiu agora mais 0,8%.
O novo número do PIB é apenas o mais eloqüente de uma
série de indicadores negativos
divulgados nos últimos dias. O
desemprego subiu de 5,2% para 5,7% no mês passado, a
maior alta em um mês em 17
anos, e o número de desempregados no país pode chegar a 2
milhões antes do final do ano.
O ministro das Finanças,
Alistair Darling, admitiu que é
um "período difícil", mas disse
que o governo vai ajudar pessoas e negócios em problemas.
"Vivi as recessões dos anos
70, 80 e 90. A diferença agora é
que estamos determinados a
fazer tudo que pudermos o
mais rápido possível para ajudar quem perdeu o emprego a
voltar a trabalhar", afirmou.
A expectativa é que os juros
voltem a cair em novembro, em
pelo menos 0,50 ponto percentual, apesar de a inflação estar
bem acima da meta.
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