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Bolsa de NY cai 3,6% em dia de fortes oscilações
Chrysler anuncia corte de 5.000 vagas na área administrativa, 25% do total
Porta-voz da Casa Branca afirma que o mercado financeiro não está conseguindo digerir tanta informação econômica
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Ontem logo cedo estava claro
que seria mais uma sexta-feira
difícil na atual crise. Era o aniversário de 79 anos do início do
crash de 1929. Havia nervosismo vindo da Ásia e da Europa,
onde as ações despencavam. As
autoridades em Nova York interromperam a negociações de
contratos futuros antes das
9h30, quando a Bolsa abre todos os dias, por causa das fortes
perdas. Não adiantou.
Quando o mercado abriu,
caiu com ímpeto. O índice Dow
Jones recuou 5,8%, mas a queda depois se atenuou, fechando
com perda de 3,6%.
Instada logo cedo a comentar
a volatilidade das ações, a Casa
Branca, por meio de sua porta-voz, Dana Perino, disse: "Os
mercados estão digerindo muitas informações, muitas notícias econômicas. Vai demorar
um pouco para os mercados digerirem tudo isso".
De fato, há um volume incomum de informações contraditórias. Ontem, a montadora
Chrysler anunciou o corte de
5.000 postos de trabalho na sua
área administrativa, 25% do total. No mercado financeiro,
111.201 mil vagas foram fechadas de janeiro a setembro e podem ser 200 mil até dezembro.
O banco Goldman Sachs anunciou nesta semana o corte de
3.200 vagas (10% do total).
Ao mesmo tempo, a venda de
imóveis residenciais usados
cresceu acima das previsões em
setembro: 5,5%. Não está clara
a razão dessa alta. Pode ser só
um ajuste por causa da execução de despejo por ordem judicial de milhares de famílias.
Imóveis foram comprados, mas
os preços estão muito abaixo do
registrado no início da crise.
Além das notícias do dia, o
que tem deixado os mercados
agitados é a expectativa a respeito de dois grandes eventos
na semana que vem. Primeiro,
na quarta-feira, o Fed (BC dos
EUA) tem uma reunião para
anunciar o que fará com a taxa
de juros. Na quinta, saem os resultados oficiais do PIB no terceiro trimestre.
No caso do Fed, o consenso
entre os analistas é de uma redução de meio ponto percentual na taxa básica, de 1,5% para
1% ao ano. O juro nos EUA já é
negativo, pois a inflação está na
casa dos 4,9%. Ou seja, quem
compra um título do governo
termina um período de 12 meses com menos dinheiro no
bolso do que no dia em que adquiriu o papel. A idéia de manter o juro baixo é estimular as
atividades produtivas.
Com relação ao PIB, o resultado do terceiro trimestre mostrará se, de fato, a economia se
contraiu pela primeira vez depois de sete anos. Não será ainda possível dizer que há uma
recessão, pois tecnicamente essa situação ocorre depois de
dois trimestres consecutivos
negativos. No mercado, as previsões variam de uma queda de
meio a um ponto percentual
para o PIB do 3º trimestre.
Em meio à instabilidade, a
equipe econômica do governo
Bush tem anunciado novas medidas a cada semana. Ontem,
era esperada a divulgação de
uma lista de 20 a 22 bancos que
receberiam recursos. Mais uma
parte do pacote de ajuda de
US$ 700 bilhões já aprovado.
Os nove maiores bancos do
país já entraram no programa.
O governo gastou US$ 125 bilhões na compra de suas ações
para aumentar a liquidez do
mercado -mas o dinheiro não
tem sido usado em linhas de
crédito, ficando na tesouraria.
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