São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2008

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Bolsa de NY cai 3,6% em dia de fortes oscilações

Chrysler anuncia corte de 5.000 vagas na área administrativa, 25% do total

Porta-voz da Casa Branca afirma que o mercado financeiro não está conseguindo digerir tanta informação econômica

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Ontem logo cedo estava claro que seria mais uma sexta-feira difícil na atual crise. Era o aniversário de 79 anos do início do crash de 1929. Havia nervosismo vindo da Ásia e da Europa, onde as ações despencavam. As autoridades em Nova York interromperam a negociações de contratos futuros antes das 9h30, quando a Bolsa abre todos os dias, por causa das fortes perdas. Não adiantou.
Quando o mercado abriu, caiu com ímpeto. O índice Dow Jones recuou 5,8%, mas a queda depois se atenuou, fechando com perda de 3,6%.
Instada logo cedo a comentar a volatilidade das ações, a Casa Branca, por meio de sua porta-voz, Dana Perino, disse: "Os mercados estão digerindo muitas informações, muitas notícias econômicas. Vai demorar um pouco para os mercados digerirem tudo isso".
De fato, há um volume incomum de informações contraditórias. Ontem, a montadora Chrysler anunciou o corte de 5.000 postos de trabalho na sua área administrativa, 25% do total. No mercado financeiro, 111.201 mil vagas foram fechadas de janeiro a setembro e podem ser 200 mil até dezembro. O banco Goldman Sachs anunciou nesta semana o corte de 3.200 vagas (10% do total).
Ao mesmo tempo, a venda de imóveis residenciais usados cresceu acima das previsões em setembro: 5,5%. Não está clara a razão dessa alta. Pode ser só um ajuste por causa da execução de despejo por ordem judicial de milhares de famílias. Imóveis foram comprados, mas os preços estão muito abaixo do registrado no início da crise.
Além das notícias do dia, o que tem deixado os mercados agitados é a expectativa a respeito de dois grandes eventos na semana que vem. Primeiro, na quarta-feira, o Fed (BC dos EUA) tem uma reunião para anunciar o que fará com a taxa de juros. Na quinta, saem os resultados oficiais do PIB no terceiro trimestre.
No caso do Fed, o consenso entre os analistas é de uma redução de meio ponto percentual na taxa básica, de 1,5% para 1% ao ano. O juro nos EUA já é negativo, pois a inflação está na casa dos 4,9%. Ou seja, quem compra um título do governo termina um período de 12 meses com menos dinheiro no bolso do que no dia em que adquiriu o papel. A idéia de manter o juro baixo é estimular as atividades produtivas.
Com relação ao PIB, o resultado do terceiro trimestre mostrará se, de fato, a economia se contraiu pela primeira vez depois de sete anos. Não será ainda possível dizer que há uma recessão, pois tecnicamente essa situação ocorre depois de dois trimestres consecutivos negativos. No mercado, as previsões variam de uma queda de meio a um ponto percentual para o PIB do 3º trimestre.
Em meio à instabilidade, a equipe econômica do governo Bush tem anunciado novas medidas a cada semana. Ontem, era esperada a divulgação de uma lista de 20 a 22 bancos que receberiam recursos. Mais uma parte do pacote de ajuda de US$ 700 bilhões já aprovado.
Os nove maiores bancos do país já entraram no programa. O governo gastou US$ 125 bilhões na compra de suas ações para aumentar a liquidez do mercado -mas o dinheiro não tem sido usado em linhas de crédito, ficando na tesouraria.


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