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São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2003

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Lisboa diz que ajuste fiscal é melhor agora

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcos Lisboa, afirmou ontem que suas declarações sobre a política fiscal do ex-ministro Pedro Malan foram "trocadas". Disse ainda que nunca defendeu a manutenção da política do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
"Sempre defendi uma mudança", afirmou ele, ao ser questionado sobre a declaração, feita na semana passada, de que a equipe econômica de Malan merecia uma estátua pela renegociação das dívidas dos Estados e pela aprovação da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).
Lisboa falou no 2º Conseguro (Conferência Brasileira de Seguros). Ele deixou claro que considera a atual política fiscal mais rigorosa do que a do governo FHC, ao afirmar que este ano foi o primeiro da história do país em que o "ajuste fiscal foi feito por meio do controle de gastos".
Segundo ele, no governo FHC colaboraram para o ajuste receitas extraordinárias (que geravam cerca de um ponto da meta de superávit primário) e a inflação, que aumenta os ganhos do Estado.
Lisboa já havia divulgado uma nota, no fim de semana, esclarecendo que não defendera o ajuste fiscal conduzido por Malan.
Na visão de Lisboa, as reformas conduzidas pelo governo Lula vão ajudar a dar sustentabilidade à política fiscal e fazer o país voltar a crescer. "As reformas institucionais são, de fato, o que vão viabilizar e dar sustentabilidade à melhoria da gestão fiscal", disse.
O assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, também afirmou ontem que não há continuidade entre a política econômica do governo Lula e a de FHC.
"Longe de estarmos dando continuidade à política seguida pelo último governo, nós estamos fazendo aquilo que eles não fizeram, mas que deveriam ter feito", disse, em evento na Câmara de Comércio França-Brasil, no Rio.
A Folha apurou que auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficaram contrariados com as declarações de Marcos Lisboa. Para eles, elas enfraquecem o discurso de "herança maldita" que o PT tenta colar no governo FHC.
Há na assessoria de Lula e entre ministros petistas um leve clima de hostilidade em relação a Lisboa e a Joaquim Levy, secretário do Tesouro. Levy, por exemplo, foi do governo FHC. Os dois são frequentemente chamados de liberais e conservadores.
Na viagem à África, Lula, contrariado com a declaração do secretário do Tesouro de que seria fechado em breve um acordo com o FMI, disse que nenhum entendimento seria selado com o Fundo Monetário Internacional sem a sua presença no país.
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, tem bancado os dois, que foram orientados a ter atuação mais discreta.


Colaboraram a Sucursal de Brasília e Murilo Fiuza, da Sucursal do Rio


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