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Lisboa diz que ajuste fiscal é melhor agora
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda,
Marcos Lisboa, afirmou ontem
que suas declarações sobre a política fiscal do ex-ministro Pedro
Malan foram "trocadas". Disse
ainda que nunca defendeu a manutenção da política do governo
de Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002).
"Sempre defendi uma mudança", afirmou ele, ao ser questionado sobre a declaração, feita na semana passada, de que a equipe
econômica de Malan merecia
uma estátua pela renegociação
das dívidas dos Estados e pela
aprovação da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).
Lisboa falou no 2º Conseguro
(Conferência Brasileira de Seguros). Ele deixou claro que considera a atual política fiscal mais rigorosa do que a do governo FHC,
ao afirmar que este ano foi o primeiro da história do país em que
o "ajuste fiscal foi feito por meio
do controle de gastos".
Segundo ele, no governo FHC
colaboraram para o ajuste receitas extraordinárias (que geravam
cerca de um ponto da meta de superávit primário) e a inflação, que
aumenta os ganhos do Estado.
Lisboa já havia divulgado uma
nota, no fim de semana, esclarecendo que não defendera o ajuste
fiscal conduzido por Malan.
Na visão de Lisboa, as reformas
conduzidas pelo governo Lula
vão ajudar a dar sustentabilidade
à política fiscal e fazer o país voltar
a crescer. "As reformas institucionais são, de fato, o que vão viabilizar e dar sustentabilidade à melhoria da gestão fiscal", disse.
O assessor especial de Lula para
assuntos internacionais, Marco
Aurélio Garcia, também afirmou
ontem que não há continuidade
entre a política econômica do governo Lula e a de FHC.
"Longe de estarmos dando continuidade à política seguida pelo
último governo, nós estamos fazendo aquilo que eles não fizeram, mas que deveriam ter feito",
disse, em evento na Câmara de
Comércio França-Brasil, no Rio.
A Folha apurou que auxiliares
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ficaram contrariados com as
declarações de Marcos Lisboa.
Para eles, elas enfraquecem o discurso de "herança maldita" que o
PT tenta colar no governo FHC.
Há na assessoria de Lula e entre
ministros petistas um leve clima
de hostilidade em relação a Lisboa
e a Joaquim Levy, secretário do
Tesouro. Levy, por exemplo, foi
do governo FHC. Os dois são frequentemente chamados de liberais e conservadores.
Na viagem à África, Lula, contrariado com a declaração do secretário do Tesouro de que seria
fechado em breve um acordo com
o FMI, disse que nenhum entendimento seria selado com o Fundo Monetário Internacional sem a
sua presença no país.
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, tem bancado os
dois, que foram orientados a ter
atuação mais discreta.
Colaboraram a Sucursal de Brasília e
Murilo Fiuza, da Sucursal do Rio
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