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SALTO NO ESCURO
Estatal que cuida do pagamento diz que parcelou porque distribuidoras não repassaram dinheiro a tempo
Usinas recebem seguro-apagão em parcelas
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pagamento do seguro anti-racionamento às usinas teve que ser
parcelado neste mês por falta de
dinheiro. Em carta enviada na semana passada aos donos das usinas que compõem o seguro, a
CBEE (Comercializadora Brasileira de Energia Emergencial, estatal que administra o seguro) informou que o pagamento foi parcelado porque as distribuidoras
não haviam repassado a tempo o
dinheiro que é cobrado dos consumidores.
Ou seja, as distribuidoras de
energia estariam atrasando o repasse para a CBEE do dinheiro
cobrado dos consumidores na
conta de luz -chamado de "encargo de capacidade emergencial"- e, por isso, a CBEE não teria recursos para fazer o pagamento integral do seguro.
A Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) foi informada da
correspondência da CBEE aos donos das usinas e abriu um processo de auditoria para apurar se está
havendo atraso no repasse. Em
junho, a agência multou cinco
distribuidoras por atraso no repasse do dinheiro cobrado nas
contas. As empresas recorreram.
Em setembro, o valor do seguro
foi reajustado em 28,46% (desde
março do ano passado alta é de
73,47%). Hoje, o consumidor paga R$ 0,0085 por kWh consumido
para pagar o aluguel de 57 usinas
termelétricas, que podem gerar
cerca de 2.000 MW em caso de risco de racionamento. Em uma
conta de 500 kWh, são R$ 4,25.
Na correspondência aos donos
das usinas, a CBEE informou que
o cálculo do valor do encargo é
atribuição da Aneel e que não poderia ser responsabilizada pelo
não-repasse no prazo previsto.
Dessa forma, a CBEE pretende
evitar o pagamento de multa contratual pelo atraso no pagamento
-90% do total foi pago na semana passada e 10% deverão ser pagos até amanhã.
O presidente da CBEE, Ivaldo
Frota, foi cuidadoso ao comentar
a carta e a necessidade de parcelamento do pagamento. "Ainda
não dá para saber se foi um problema que vai ser resolvido agora
ou se há realmente inadimplência
das distribuidoras. Não acredito
que seja inadimplência", disse.
Frota se referia ao fato de o aumento no encargo feito em setembro não ter tido efeito ainda na arrecadação das distribuidoras. O
efeito do aumento não é imediato
porque a arrecadação é feita por
meio de ciclos de leitura dos medidores dos consumidores em datas diferentes. Ou seja, nem todos
os consumidores pagam o aumento ao mesmo tempo.
Em outubro, a CBEE pagou aos
donos das usinas R$ 180 milhões
pelo aluguel dos equipamentos, e
recebeu das distribuidoras R$ 125
milhões -déficit de R$ 55 milhões entre pagamento e receita.
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