São Paulo, sábado, 25 de novembro de 2006

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Mercado Aberto

Guilherme Barros @ - guilherme.barros@uol.com.br

Pacote exige controle de gastos, diz Fazenda

O pacote de incentivo ao crescimento anunciado por Guido Mantega foi recebido com ceticismo por economistas. Faltou o corte de gastos.
O economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, secretário de Política Econômica da Fazenda, diz que o plano de controle de despesas que está sendo elaborado será suficiente para a execução do pacote.
Até agora, a única coisa que foi anunciada em relação ao capítulo dos gastos correntes foi a promessa de Mantega de que as despesas em termos reais vão ter um aumento inferior à expansão do PIB, que terá de crescer 5%.
Gomes de Almeida afirma que o problema das despesas não é deste governo. Segundo ele, há 12 anos os gastos vêm crescendo a uma taxa superior ao crescimento do PIB. Isso foi, na sua opinião, o que levou ao aumento da carga tributária. Ele acha que, hoje, os gastos estão até mais controlados.
Ao reduzir o ritmo de crescimento das despesas, Gomes de Almeida, que prefere usar a palavra "controle" em vez de "corte de gastos", diz que o país dará um importante passo para construir uma situação fiscal mais sólida a longo prazo.
Em relação ao pacote, Gomes de Almeida afirma que o mais importante foi o fato de o governo ter demonstrado uma determinação importante de apoiar o investimento. Ele diz que o custo do pacote pode ficar entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões, mas que será distribuído em dois anos.
O economista chama a atenção para o fato de que, neste ano, o investimento deve crescer a uma taxa elevada, entre 6% e 7%. Segundo ele, o objetivo do pacote é fazer com que o investimento cresça neste ritmo pelos próximos anos.
Se a economia cresceu a um ritmo inferior ao desejado, a culpa não foi do investimento. De acordo com Gomes de Almeida, o crescimento do PIB foi baixo porque alguns setores da economia não tiveram um bom desempenho, como os segmentos ligados à agricultura, à indústria têxtil, ao vestuário, aos calçados, a móveis e à madeira, entre outros.

Foco

Crise dos controladores altera o movimento do comércio nos aeroportos

Se os passageiros ficaram revoltados com o caos provocado pela operação-padrão dos controladores de tráfego aéreo nos últimos feriados, o mesmo não ocorreu com os donos das lojas dentro dos aeroportos.
O aumento do tempo de permanência dos passageiros fez crescer o consumo, em praticamente todas as lojas. Quem vendeu mais em meio às filas de check-in foram as cafeterias, as docerias e as lanchonetes. No aeroporto de Congonhas, a Café Ritazza aumentou em 30% as vendas nos dias de pico. A Casa do Pão de Queijo chegou a vender quase mil cafés a mais em um único dia.
Já nas lojas de brinquedos, de jóias, de roupas e de câmeras fotográficas, vendedores dizem que o movimento caiu. Segundo eles, a explicação estava no estresse dos passageiros.
Segundo uma vendedora de uma tabacaria, os clientes pediam dois maços de cigarro de uma vez. Para um vendedor de uma joalheria, o que rendeu "foi a indústria do nervoso".

MARTELO NA MÃO
Será realizado, amanhã, a quinta edição do leilão de arte da Fundação Abrinq, no Jockey Club de São Paulo. Neste ano, serão vendidas 86 obras de 77 artistas. "Nossa expectativa é alcançar a faixa de R$ 250 mil, que serão revertidos, principalmente, para projetos que envolvam a primeira infância, crianças de até seis anos de idade", diz Carlos Tilkian, presidente do conselho da fundação e da Estrela. Entre os artistas que doaram obras, estão nomes como Tomie Ohtake, Nelson Leirner e Regina Silveira.

SEGUNDO TURNO
Em janeiro, a empresária Mariângela Bordon volta ao mercado quase três anos depois de vender a marca de cosméticos OX -feitos com tutano de boi, na fazenda do pai, Geraldo Bordon, do setor frigorífico. Ela se prepara para inaugurar, em São Paulo, uma loja própria para sua nova marca, a EOS. O negócio atual já começa com 80 itens, ao contrário da OX, que iniciou com apenas quatro. A nova linha exigiu muito mais trabalho, segundo a empresária. "Essa quantidade de produtos de uma vez só é muito grande, mas não dava pra ser menos. A idéia era fazer uma loja pequena, de presentes, e foi ficando complexo." Ela também já cogita a possibilidade de franquias.

INFRA-ESTRUTURA
Guido Mantega (Fazenda) vai se reunir, na quarta, na Abdib (SP), com empresários do setor de infra-estrutura para discutir o pacote de "bondades". A Abdib vai insistir em reduzir incertezas e custos (diretos e indiretos) ao investimento. Também vai defender mais força do governo na implementação de medidas para consolidar a regulação. Fará ainda defesa incisiva pelo fortalecimento das agências reguladoras, com mudanças no projeto de lei que está no Congresso atualmente.

INVESTIMENTO
No acumulado do ano, a Caixa Econômica Federal contratou R$ 1,3 bilhão para investimento em saneamento. O banco espera contratar mais R$ 500 milhões até o fim do ano. No total, são R$ 5,2 bilhões contratados com o setor público.

BOVESPA NA SALA
Será inaugurada na segunda, pelo presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho, a sala 1A do prédio da Direito GV, construída com patrocínio da instituição.


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