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Conselho aprova urgência para importação de gás
CNPE analisou compra de gás natural liqüefeito
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O CNPE (Conselho Nacional
de Política Energética) estabeleceu que a importação de GNL
(Gás Natural Liqüefeito) é
"prioritária" e "emergencial". O
GNL é a alternativa que o Brasil
dispõe para, no curto prazo, reduzir a dependência do gás natural boliviano.
A resolução do CNPE (órgão
consultivo do presidente da República formado por ministros
de Estado), publicada ontem no
"Diário Oficial" da União, tem o
objetivo de assegurar atendimento das termelétricas, diminuir os riscos associados à falta
de gás e diversificar as fontes de
suprimento do combustível.
As últimas pendências com a
Bolívia -nacionalização dos
hidrocarbonetos em maio e
ameaça de aumento de preço
acima dos contratos- têm levado a Petrobras e o governo
como um todo a procurar novas
fontes para garantir o abastecimento de gás necessário.
Hoje o Brasil consome aproximadamente 45 milhões de
metros cúbicos de gás por dia.
Desse total, cerca de metade
vem da Bolívia, por meio do gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol)
e ainda não há oferta de GNL.
De acordo com os cálculos da
Petrobras, a demanda de gás
prevista para 2011 é de 121 milhões de metros cúbicos por
dia. Desse total, 71 milhões virão de produção da estatal no
Brasil, 30 milhões do atual contrato com a Bolívia e 20 milhões de GNL.
O GNL é o gás natural liqüefeito. Ele é importado, chega ao
país por meio de navios e precisa ser convertido novamente
para gás para que possa ser usado nas termelétricas ou em indústrias. Para isso, é necessário
que sejam construídos terminais de conversão para gás ("regaseificação") nos portos onde
atracam os navios e gasodutos
ligando esses terminais às distribuidoras de gás. Esse investimento seria feito, a princípio,
pela Petrobras. Ainda não há
terminais de "regaseificação"
construídos.
Energia
O problema da escassez de
gás natural é grave especialmente por conta do abastecimento de energia elétrica. Hoje
não há gás suficiente para fazer
com que termelétricas que
usam o combustível para produzir energia possam gerar na
sua capacidade máxima.
Essa situação é considerada
"grave" pela Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica),
que pretende desconsiderar
parte dessas usinas no momento de calcular o risco de falta de
energia.
A posição da Aneel causou
uma disputa pública entre a
agência reguladora e o Ministério de Minas e Energia. O ministério é contra a proposta de
decisão da agência, porque alega que o custo da energia irá subir. O ministério avalia ainda
que cabe a ele decidir sobre
qual é a real disponibilidade das
termelétricas.
A despeito da briga, a agência
reguladora deverá votar, na semana que vem, a decisão que
trata do redimensionamento
da capacidade das usinas.
Descoberta
O problema do gás foi "descoberto" pelo governo em
2003. No final daquele ano, por
conta da seca no Nordeste e do
baixo nível dos reservatórios
das hidrelétricas naquela região, o governo precisou acionar as usinas termelétricas a
gás.
Na ocasião, descobriu que
elas não podiam gerar a energia
que diziam dispor, por falta de
gás. A solução foi acionar o "seguro-apagão" (usinas termelétricas que usam óleo combustível) para enviar racionamento.
O uso do seguro onerou a tarifa
dos consumidores.
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