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Brasil só cresce se cortar gasto, diz OCDE
Organização de nações ricas afirma que país precisa melhorar ajuste fiscal e investir em inovação para elevar potencial de expansão
Crescimento médio brasileiro de 2,5% desde 1995 aumentou distância da renda per capita do país para a das nações desenvolvidas
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Acelerar o ritmo de crescimento da economia brasileira
depende da consolidação do
ajuste fiscal, na avaliação da
OCDE (Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). O crescimento da economia brasileira
de 2,5%, em média, desde 1995,
aumentou a distância da renda
per capita em relação aos 30
países-membros da organização. A renda per capita do brasileiro representa menos de
29% da média dos integrantes
da OCDE, que reúne países desenvolvidos.
O país precisa resolver fraquezas políticas para elevar seu
potencial de crescimento, segundo a organização. As três
principais vertentes, de acordo
com estudo divulgado ontem,
são a melhora na qualidade do
ajuste fiscal, o aumento do investimento em inovação no setor privado e a ampliação do
emprego formal.
"O crescimento do Brasil tem
sido bastante volátil e relativamente baixo nos últimos 25
anos. Isso tem feito o diferencial de renda per capita entre o
Brasil e os países-membros da
OCDE aumentar", afirmou
Luiz de Mello, chefe da divisão
para América do Sul do Departamento Econômico da OCDE.
Para a OCDE, o esforço fiscal
deve ser mais focado no corte
de despesas correntes do que
no aumento da arrecadação de
impostos. O limite no crescimento da despesa seria a saída
para estancar o crescimento
das despesas correntes. A organização recomenda que o teto
de despesas na Lei de Diretrizes Orçamentárias seja definido em termos nominais, e não
em relação ao PIB, porque a inflação já está amarrada à meta.
A organização sugere ainda a
definição de metas para o déficit nominal, que permaneceu
em 3% do PIB, em média, no
período de 2004 a 2005.
O secretário-executivo do
Ministério da Fazenda, Bernard Appy, afirmou que o terceiro estudo da organização sobre a economia brasileira está
em linha com as preocupações
do governo. Ele evitou, no entanto, comentar as principais
propostas e se limitou a afirmar
que a manutenção do superávit
primário no nível atual leva a
uma redução significativa da
relação dívida/PIB. Questionado sobre quando sairá o pacote
de medidas para redução de
despesas, afirmou que se trata,
na verdade, de um pacote de
desenvolvimento. "Também
gostaria de saber [quando sairá]. A decisão não é minha, mas
do presidente da República."
Inovação
A OCDE enfatiza a necessidade de elevar a inovação no setor privado, o que poderia ser
feito com mais investimento
em pesquisa e desenvolvimento. "O fato de a intensidade de
pesquisa e desenvolvimento no
Brasil, no setor de negócios, ter
que quadruplicar para só alcançar a média da OCDE, que é de
1,6% do PIB, ilustra o tamanho
do esforço que será necessário
nessa área", afirma o estudo.
A receita de crescimento definida pela OCDE inclui também o aumento da produtividade, a ampliação do emprego
formal e a melhor qualificação
da mão-de-obra. "Na nossa avaliação, o grande desafio para o
Brasil é aumentar a escolaridade da população. O nível de escolaridade tanto no ensino médio como no ensino superior
está aquém do de países desenvolvidos e dos de patamar de
renda similar", afirmou Mello.
A melhor utilização da mão-de-obra inclui a redução da informalidade e da evasão fiscal,
o que contribuiria para reduzir
a desigualdade de renda.
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