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Bloco sul-americano vai ter órgão no Rio
Casa, a Comunidade Sul-Americana de Nações, avança com lentidão para sua "existência" jurídica
BRUNO LIMA
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO
Chanceleres dos 12 países da
Casa (Comunidade Sul-Americana de Nações), reunidos a
portas fechadas em Santiago,
avançaram ontem na institucionalização do bloco, que ainda não possui tratado constitutivo: criaram a Comissão de Altos Funcionários, órgão permanente, supranacional, que, ao
menos no primeiro ano, estará
baseado no Rio de Janeiro.
A comissão trabalhará justamente para elaborar os termos
de eventual acordo constitutivo da Casa, coordenar órgãos
afins do Mercosul e da CAN
(Comunidade Andina de Nações) e analisar quais acordos
existentes nos dois blocos poderiam ser estendidos a todos.
Sem embasamento legal definido, a Casa é ainda uma comunidade de fato, não de direito. Apesar dos protestos dos
presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Tabaré Vázquez
(Uruguai) por uma aceleração
do processo de integração, o
avanço segue em ritmo relativamente lento.
Na plenária de chanceleres
-que preparou documentos
para a reunião dos presidentes
da comunidade nos próximos
dias 8 e 9 de dezembro, em Cochabamba, na Bolívia-, o ministro das Relações Exteriores,
Celso Amorim defendeu com
vigor a necessidade de operacionalizar a comunidade e ter
um tratado.
De acordo com ele, a afirmação internacional do bloco aumentaria a estabilidade política
e econômica da região. Na visita, Amorim aproveitou para
acertar uma visita do chanceler
boliviano, David Choquehuanca ao Brasil logo após a cúpula
de Cochabamba.
Resistência
Apesar de receber a reunião
de ontem, o Chile é o principal
foco de resistência à Casa. O
país cita a dificuldade de uniformizar padrões com a região
e lamenta a ausência do México
como membro do grupo.
O Brasil tenta aparar as arestas, que também existem do lado venezuelano, apesar do discurso. "Se temos uma secretaria ibero-americana, não compreendo por que não ter uma
sul-americana. Eu me sinto
muito sul-americano", ressaltou Amorim em discurso.
Em texto distribuído à imprensa, o ministro brasileiro
também defendeu -a cinco
dias do encontro de líderes da
América do Sul e da África na
Nigéria- a realização de uma
reunião de presidentes da
América do Sul e da Ásia. A proposta, porém, ficou fora do discurso. Depois, o ministro explicou que seria melhor a idéia ser
encabeçada pelos países da costa do Pacífico.
De acordo com o texto de
Amorim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "já reiterou,
em diversas vezes, que o destino do Brasil está ligado ao de
seus vizinhos" e "a nova geografia política e econômica
mundial só tem a ganhar quando países em desenvolvimento
se reúnem por iniciativa própria, sem a intermediação das
grandes potências".
Na opinião de Amorim, o momento político é favorável à integração da América do Sul, e
esse processo é "irreversível".
Chile na CAN
Seis meses após a saída da
Venezuela da CAN (Comunidade Andina de Nações), o Chile
se tornou seu membro associado. Há cerca de 30 anos o Chile
deixou a comunidade, da qual
era membro pleno.
O Chile também é membro
associado do Mercosul.
O jornalista BRUNO LIMA viajou a convite do Ministério das Relações Exteriores
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