São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2007

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Empresários e economistas apostam em "círculo virtuoso'

Mercado vê confluência de fatores positivos alimentados por recursos abundantes com abertura de capital, criação de empregos e geração de novos negócios

DA REPORTAGEM LOCAL

A expressão que mais se ouve entre empresários, economistas, banqueiros e consultores é "círculo virtuoso". Nunca o Brasil viveu uma confluência de fatores positivos tão grande, alimentada pela onda de capital abundante que estimula a formalização das empresas, a criação de empregos e a geração de novos negócios.
"O Brasil não é o país do futuro", afirma José Olympio Pereira, diretor do Credit Suisse. "O futuro já chegou."
Bancos de investimento como o Credit Suisse viveram o melhor ano de suas histórias, com as 62 aberturas de capital e as 531 fusões e aquisições realizadas de janeiro a setembro, segundo a consultoria KPMG.
O setor bancário não foi o único, e a expectativa de o país atingir o "investment grade", nota dada por agências de risco que permitirá a mais fundos de investimento estrangeiros aplicar no país, anima ainda mais as perspectivas para 2008.
Termômetro do interesse dos investidores, a revista "Euromoney" está preparando uma área de cobertura específica de notícias do mercado de capitais brasileiro em razão do "investment grade". O fato é inédito.
Para Márcio Torres, coordenador de estudos da Serasa, "há muitos anos o Brasil não vive um cenário tão auspicioso". "À medida que o país avança, os investimentos tendem a crescer."
Balanços de 9.700 empresas industriais, comerciais e de serviços consolidados pela Serasa mostraram, ao final do primeiro semestre, crescimento médio de 7,2% reais (acima da inflação) do faturamento líquido dessas companhias.
Os números refletem o que o cotidiano das empresas tem mostrado. "Quando diversificaram o grupo, os fundadores estavam pensando numa estratégia defensiva, de se proteger contra a volatilidade do mercado brasileiro", afirma Carlos Eduardo Schahin, diretor-executivo do Grupo Schahin. "Nem em seus melhores sonhos, eles podiam imaginar que, um dia, todas as áreas cresceriam tanto e juntas."
Isso porque o Schahin atua no mercado imobiliário, em energia e petróleo, no setor financeiro e em infra-estrutura, alguns dos recordistas em crescimento em 2007.
Com isso, o grupo aumentará seu faturamento em 35%. Apenas em um dos contratos, para a construção de duas plataformas semi-submersíveis para a exploração de petróleo, a empresa conseguiu financiamento de US$ 800 milhões.

Eletroeletrônicos
Áreas mais tradicionais, que vêm impulsionadas pelos efeitos do aumento de poder de consumo causados pelo Bolsa Família já há algum tempo, tiveram um bom ano e mantêm boas perspectivas para 2008. Maior rede de varejo de eletroeletrônicos do Nordeste, a Insinuante superou, em 2007, a barreira do US$ 1 bilhão de faturamento.
A meta foi atingida graças a investimentos de R$ 50 milhões em novas lojas, reforma de antigas, tecnologia e um novo centro de distribuição.
Apesar de dizer que já começou a sentir a concorrência dos financiamentos de automóveis, que disputam o orçamento do consumidor, Luis Carlos Batista, presidente da Insinuante, dobrou a quantia a ser investida em 2008. Serão R$ 100 milhões, para aplicação em 20 novas lojas no Nordeste e em 30 no Norte, onde não atuava.
O avanço está sendo dado agora porque, com a perspectiva de aumento nos financiamentos imobiliários, o próximo passo de quem compra casa é equipá-la. E a rede quer estar preparada.
O economista Filipe Albert, da Tendências, diz acreditar que a expansão do crédito, como o concedido nos financiamentos imobiliários, continuará dando fôlego à economia.
Ele projeta aumento de 20% nos empréstimos em 2007, pouco abaixo do 25% deste ano, mas suficiente para manter aquecidas as vendas no varejo. A Tendências aposta em um crescimento do PIB de 4,8% neste ano e de 4,4% em 2008.
Com vendas 25% maiores e todos os recordes quebrados em 2007, o setor automotivo foi uma das vedetes do ano. Deve continuar irradiando a atividade econômica em várias áreas relacionadas.
"Atravessamos um ciclo muito positivo de expansão da capacidade, com forte influência sobre cadeias de produção e comercialização bastante sofisticadas", afirma Jackson Schneider, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Ele não crê, porém, que o patamar de crescimento deste ano seja repetido em 2008, especialmente por conta de exportações menores. (FCZ e CB)


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