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Empresários e economistas apostam em "círculo virtuoso'
Mercado vê confluência de fatores positivos alimentados por recursos abundantes com abertura de capital, criação de empregos e geração de novos negócios
DA REPORTAGEM LOCAL
A expressão que mais se ouve
entre empresários, economistas, banqueiros e consultores é
"círculo virtuoso". Nunca o
Brasil viveu uma confluência
de fatores positivos tão grande,
alimentada pela onda de capital
abundante que estimula a formalização das empresas, a criação de empregos e a geração de
novos negócios.
"O Brasil não é o país do futuro", afirma José Olympio Pereira, diretor do Credit Suisse.
"O futuro já chegou."
Bancos de investimento como o Credit Suisse viveram o
melhor ano de suas histórias,
com as 62 aberturas de capital e
as 531 fusões e aquisições realizadas de janeiro a setembro, segundo a consultoria KPMG.
O setor bancário não foi o
único, e a expectativa de o país
atingir o "investment grade",
nota dada por agências de risco
que permitirá a mais fundos de
investimento estrangeiros aplicar no país, anima ainda mais
as perspectivas para 2008.
Termômetro do interesse
dos investidores, a revista "Euromoney" está preparando
uma área de cobertura específica de notícias do mercado de
capitais brasileiro em razão do
"investment grade". O fato é
inédito.
Para Márcio Torres, coordenador de estudos da Serasa, "há
muitos anos o Brasil não vive
um cenário tão auspicioso". "À
medida que o país avança, os investimentos tendem a crescer."
Balanços de 9.700 empresas
industriais, comerciais e de serviços consolidados pela Serasa
mostraram, ao final do primeiro semestre, crescimento médio de 7,2% reais (acima da inflação) do faturamento líquido
dessas companhias.
Os números refletem o que o
cotidiano das empresas tem
mostrado. "Quando diversificaram o grupo, os fundadores
estavam pensando numa estratégia defensiva, de se proteger
contra a volatilidade do mercado brasileiro", afirma Carlos
Eduardo Schahin, diretor-executivo do Grupo Schahin.
"Nem em seus melhores sonhos, eles podiam imaginar
que, um dia, todas as áreas cresceriam tanto e juntas."
Isso porque o Schahin atua
no mercado imobiliário, em
energia e petróleo, no setor financeiro e em infra-estrutura,
alguns dos recordistas em crescimento em 2007.
Com isso, o grupo aumentará
seu faturamento em 35%. Apenas em um dos contratos, para
a construção de duas plataformas semi-submersíveis para a
exploração de petróleo, a empresa conseguiu financiamento
de US$ 800 milhões.
Eletroeletrônicos
Áreas mais tradicionais, que
vêm impulsionadas pelos efeitos do aumento de poder de
consumo causados pelo Bolsa
Família já há algum tempo, tiveram um bom ano e mantêm
boas perspectivas para 2008.
Maior rede de varejo de eletroeletrônicos do Nordeste, a
Insinuante superou, em 2007,
a barreira do US$ 1 bilhão de faturamento.
A meta foi atingida graças a
investimentos de R$ 50 milhões em novas lojas, reforma
de antigas, tecnologia e um novo centro de distribuição.
Apesar de dizer que já começou a sentir a concorrência dos
financiamentos de automóveis,
que disputam o orçamento do
consumidor, Luis Carlos Batista, presidente da Insinuante,
dobrou a quantia a ser investida em 2008. Serão R$ 100 milhões, para aplicação em 20 novas lojas no Nordeste e em 30
no Norte, onde não atuava.
O avanço está sendo dado
agora porque, com a perspectiva de aumento nos financiamentos imobiliários, o próximo
passo de quem compra casa é
equipá-la. E a rede quer estar
preparada.
O economista Filipe Albert,
da Tendências, diz acreditar
que a expansão do crédito, como o concedido nos financiamentos imobiliários, continuará dando fôlego à economia.
Ele projeta aumento de 20%
nos empréstimos em 2007,
pouco abaixo do 25% deste ano,
mas suficiente para manter
aquecidas as vendas no varejo.
A Tendências aposta em um
crescimento do PIB de 4,8%
neste ano e de 4,4% em 2008.
Com vendas 25% maiores e
todos os recordes quebrados
em 2007, o setor automotivo
foi uma das vedetes do ano. Deve continuar irradiando a atividade econômica em várias
áreas relacionadas.
"Atravessamos um ciclo muito positivo de expansão da capacidade, com forte influência
sobre cadeias de produção e comercialização bastante sofisticadas", afirma Jackson Schneider, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Ele não crê, porém, que o
patamar de crescimento deste
ano seja repetido em 2008, especialmente por conta de exportações menores.
(FCZ e CB)
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