São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2008

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Crise eleva interesse por operação do Citi no Brasil

Presidente mundial do HSBC admite interesse por ativos do Citi em emergentes

Unidade brasileira funciona como banco independente e correntista não corre risco com eventuais problemas da matriz no exterior

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Lucrativo no Brasil, o Citibank não corre risco de contaminação por eventuais problemas da matriz no exterior, dizem analistas. A crise, porém, pode levar o grupo a vender a operação no Brasil, uma das mais lucrativas e que interessa em especial aos bancos que ainda não se engajaram em fusões e aquisições recentes, como o Bradesco e o britânico HSBC.
O Citi brasileiro é uma subsidiária integral do Citigroup, que funciona como um banco independente no país e submetido às regras do Banco Central. Os correntistas brasileiros contam com as mesmas coberturas de R$ 60 mil dadas pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) aos demais bancos, sendo que os grandes clientes ainda têm seguros específicos de crédito.
Décimo maior banco no país, o Citi teve lucro líquido de R$ 896,1 milhões no primeiro semestre (divulgação mais recente) -resultado 120% maior do que no mesmo período de 2007. Além de uma presença importante no varejo de alta renda, o banco agrega uma das maiores carteiras de empresas.
Ontem, aumentaram os rumores de que o banco possa ser vendido no Brasil -o Citi nega. O presidente mundial do HSBC, Stephen Green, afirmou que não descarta comprar unidades do Citigroup após o socorro do governo americano. "Temos uma estratégia clara de desenvolver negócios com uma atenção primordial aos mercados emergentes. E para a gente, isso significa Ásia, Oriente Médio e América do Sul", disse Green, durante congresso anual dos bancos britânicos.
Entre os bancos nacionais, o grande comprador seria o Bradesco. Visto como um dos mais agressivos na política de aquisições, o Bradesco procura comprar um banco de porte para fazer frente à fusão Itaú-Unibanco. O Bradesco disse que não comenta rumores de mercado.
Para o advogado Jairo Saddi, especialista em direito bancário do Ibmec-SP, a venda das operações do Citi no Brasil são "favas contadas", mas o negócio não deve sair antes de o mercado melhorar um pouco mais. O banco ficou muito pequeno no Brasil e, para crescer, precisaria receber investimentos, o que é inviável agora. "Se a situação começasse a se deteriorar muito rapidamente, a primeira coisa que iriam vender é o Brasil. É uma operação boa, deu muito dinheiro e tem interessados. O banco não é grande, o que também facilita uma venda. Talvez não façam agora, porque estão no olho do furacão, e não querem vender barato. Tudo é uma questão de preço", disse.
Para João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, é improvável que a venda das operações no Brasil saia após o socorro do governo americano. "Não vai fazer muita diferença lá fora. Não faz muito sentido a alienação aqui depois desse plano de resgate. Mas tudo depende de preço", disse.
Além da venda, o Citi brasileiro pode ser obrigado a elevar a remessa de dinheiro para a matriz -sob a forma de lucros, dividendos e royalties-, comprometendo a sua capacidade de investimento.


Com agências internacionais


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