São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Índice de confiança na economia da América Latina cai para nível de 98

Para analista, dado mostra que tese do descolamento da região perdeu força

DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

O agravamento da crise econômica mundial derrubou o ICE (Índice de Clima Econômico) da América Latina para o patamar mais baixo desde 1998. Entre julho e outubro deste ano, a taxa registrou sua maior queda e passou de 4,6 para 3,4 pontos. O índice varia de 0 a 9 -quanto menor, pior é a avaliação da economia.
Para a coordenadora de projetos do Centro de Estudos do Setor Externo da FGV (Fundação Getulio Vargas), Lia Valls, os dados mostram que a tese do descolamento da América Latina perdeu força nos últimos meses, já que o resultado da região ficou igual à média mundial, que dessa vez sofreu uma queda menos brusca, de 4,1 para 3,4 pontos. "A convergência [do índice] para o nível global confirma que a região não está imune à crise", disse.
O resultado da América Latina foi influenciado por uma piora nos dois componentes do índice, que é calculado com base na avaliação de especialistas sobre a situação econômica atual e sobre as expectativas para os próximos seis meses em cada país da região.
O Índice de Expectativas, que em julho já estava em 3,4 pontos, caiu para 2,5, o menor nível desde o início da série histórica, há 11 anos. O resultado foi influenciado por queda em todos os países da região.
Já o Índice da Situação Atual caiu de 5,7 para 4,2, passando pela primeira vez no ano para baixo dos cinco pontos, limite que separa a avaliação positiva da negativa. Com os dois subíndices abaixo desse patamar, a região apresenta tendência recessiva, a exemplo do que já ocorre no mundo.

Brasil
A situação, porém, varia entre os diferentes países da região. Uruguai (6,0) e Peru (5,7) ainda apresentam resultados positivos, apesar da piora recente. Já o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking, com ICE de 5 pontos.
O segundo e o terceiro colocados foram os únicos cujas projeções de crescimento do PIB no médio prazo (de 3 a 5 anos) foram elevadas pelos analistas. No caso brasileiro, passou para 3,9%, contra 3,7% na avaliação de 2007.
"Essa projeção pode estar sendo influenciada pela descoberta do pré-sal, pela percepção de estabilidade macroeconômica, pelo desempenho mais forte do país no debate internacional e pela perspectiva de investimentos em infra-estrutura", avalia Valls.
Entre os Brics, o desempenho brasileiro também obteve destaque. Beneficiado por uma avaliação ainda positiva da situação econômica atual, os 5 pontos do ICE brasileiro superaram os resultados de China (3,9), Índia (4,4) e Rússia (4,0).


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Ásia não sai imune da crise, afirma FMI
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.