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Índice de confiança na economia da América Latina cai para nível de 98
Para analista, dado mostra que tese do descolamento da região perdeu força
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
O agravamento da crise econômica mundial derrubou o
ICE (Índice de Clima Econômico) da América Latina para o
patamar mais baixo desde
1998. Entre julho e outubro
deste ano, a taxa registrou sua
maior queda e passou de 4,6 para 3,4 pontos. O índice varia de
0 a 9 -quanto menor, pior é a
avaliação da economia.
Para a coordenadora de projetos do Centro de Estudos do
Setor Externo da FGV (Fundação Getulio Vargas), Lia Valls,
os dados mostram que a tese do
descolamento da América Latina perdeu força nos últimos
meses, já que o resultado da região ficou igual à média mundial, que dessa vez sofreu uma
queda menos brusca, de 4,1 para 3,4 pontos. "A convergência
[do índice] para o nível global
confirma que a região não está
imune à crise", disse.
O resultado da América Latina foi influenciado por uma
piora nos dois componentes do
índice, que é calculado com base na avaliação de especialistas
sobre a situação econômica
atual e sobre as expectativas
para os próximos seis meses
em cada país da região.
O Índice de Expectativas,
que em julho já estava em 3,4
pontos, caiu para 2,5, o menor
nível desde o início da série histórica, há 11 anos. O resultado
foi influenciado por queda em
todos os países da região.
Já o Índice da Situação Atual
caiu de 5,7 para 4,2, passando
pela primeira vez no ano para
baixo dos cinco pontos, limite
que separa a avaliação positiva
da negativa. Com os dois subíndices abaixo desse patamar, a
região apresenta tendência recessiva, a exemplo do que já
ocorre no mundo.
Brasil
A situação, porém, varia entre os diferentes países da região. Uruguai (6,0) e Peru (5,7)
ainda apresentam resultados
positivos, apesar da piora recente. Já o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking, com
ICE de 5 pontos.
O segundo e o terceiro colocados foram os únicos cujas
projeções de crescimento do
PIB no médio prazo (de 3 a 5
anos) foram elevadas pelos
analistas. No caso brasileiro,
passou para 3,9%, contra 3,7%
na avaliação de 2007.
"Essa projeção pode estar
sendo influenciada pela descoberta do pré-sal, pela percepção de estabilidade macroeconômica, pelo desempenho mais
forte do país no debate internacional e pela perspectiva de investimentos em infra-estrutura", avalia Valls.
Entre os Brics, o desempenho brasileiro também obteve
destaque. Beneficiado por uma
avaliação ainda positiva da situação econômica atual, os 5
pontos do ICE brasileiro superaram os resultados de China
(3,9), Índia (4,4) e Rússia (4,0).
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