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Rendimento da classe C deve crescer menos com a crise
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Festejada como a expressão
do sucesso das políticas econômicas do governo, a "nova classe média" vai ver seu ritmo de
crescimento reduzido no ano
que vem por causa da crise financeira que chegou ao país.
A expectativa de especialistas é que a riqueza total desse
grupo de famílias, com renda
de 3 a 10 salários mínimos por
mês, cresça o mesmo que neste
ano ou caia em 2009. O principal efeito não deve ser dar pela
redução nos rendimentos propriamente ditos, mas pela
maior dificuldade em encontrar emprego e pela queda nos
financiamentos para consumo.
"[Vemos neste ano] o ápice
do processo [de ampliação da
classe média], mas agora a crise
está chegando ao país. É possível que isso reduza o percentual [hoje de 50%] da classe C
na população. Amortecedores
como a política social e o salário
mínimo devem reduzir o impacto", diz Marcelo Neri, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), estudioso dessa
"nova classe média".
O economista Sérgio Vale, da
MB Associados, projeta que as
famílias com renda de 3 a 5 salários mínimos, parte importante da classe média, verão a
sua massa salarial aumentar
em R$ 14,6 bilhões no ano que
vem, praticamente o mesmo
que o projetado para este ano.
Os que recebem de 5 a 10 salários mínimos perderão R$ 2,9
bilhões em relação a 2008.
A massa salarial é um conceito que mede a riqueza apropriada por um grupo de pessoas. Considera os rendimentos e o número de famílias que
está em cada grupo de renda.
Mesmo que o salário não caia,
se houver um número menor
de famílias no grupo, porque o
desemprego aumentou, haverá
queda da massa salarial.
O economista Fábio Romão,
da LCA Consultores, projeta
que a massa salarial da classe C
cresça 5,5% neste ano e 5% em
2009. A das classes A e B crescerá 3,8% em 2009, queda superior a um ponto percentual
em relação a este ano. Os grupos D e E terão ganho: a massa
salarial deve crescer 7,8%, enquanto neste ano, por causa da
alta no preço de alimentos, o
aumento deverá ser de 6,7%.
"O efeito da crise sobre a
classe C vai ficar mais evidente
na redução do consumo e numa
evolução mais modesta da ocupação [maior dificuldade de encontrar emprego]", diz Romão.
Crédito escasso
A redução no crédito deverá
se refletir em menor consumo
de bens como computadores e
automóveis pela classe C.
Para Marcelo Neri, parte desse impacto poderá ser absorvido pelo crédito com desconto
em folha de pagamentos. A renda dos aposentados, que independe das condições da economia, é importante na classe C e
fará com que o acesso a empréstimos continue ocorrendo.
As classes A e B sofrerão mais
com a crise. Segundo a MB Associados, a massa salarial do
grupo com ganho mensal de 10
a 20 salários mínimos, que neste ano deve crescer R$ 18,8 bilhões, registrará aumento de
R$ 5 bilhões em 2009. O desaquecimento da economia fará
com que a demanda por trabalho em setores que empregam
mão-de-obra qualificada caia, o
que afeta quem recebe salários
mais altos.
(LP)
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