|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Investimento estrangeiro direto no país é recorde
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A alguns dias do fim de novembro, o fluxo de investimentos estrangeiros diretos para o
Brasil já supera o valor projetado pelo Banco Central para todo o ano de 2008. Até ontem,
segundo dados preliminares fechados pelo BC, o ingresso de
capital externo somava US$
37,1 bilhões, acima da estimativa de US$ 35 bilhões.
O número se refere a investimentos feitos por estrangeiros
na compra de companhias brasileiras ou na expansão da capacidade produtiva de empresas que já estão instaladas no
país. Estima-se que, ao todo,
multinacionais estrangeiras tenham cerca de US$ 370 bilhões
investidos no Brasil.
O ingresso de investimentos
ocorrido até agora também supera os US$ 34,6 bilhões registrados em 2007, que até então
era o maior resultado já visto na
série estatística do BC, que começa em 1947.
O chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que, ao contrário das
aplicações de estrangeiros no
mercado financeiro, os investimentos diretos têm objetivos
de mais longo prazo, o que explicaria seus resultados positivos mesmo depois do agravamento da crise.
"O investimento estrangeiro
direto é um recurso mais de
longo prazo e permanece fluindo de maneira muito satisfatória. É reflexo da percepção de
que a economia brasileira ainda
tem bons fundamentos", afirma Lopes.
Isso não significa, porém,
que a entrada recorde de investimentos estrangeiros vai se
manter por muito tempo. Em
setembro, por exemplo, esse tipo de aplicação somou US$ 6,3
bilhões. Em outubro, o resultado já havia recuado para US$
3,9 bilhões e neste mês deve ficar em US$ 2,8 bilhões, segundo projeção do BC.
Segundo estimativa do economista-chefe do banco Schahin, Silvio Campos Neto, o Brasil deve receber US$ 25 bilhões
em investimentos estrangeiros
diretos em 2009, o que representaria uma queda de mais de
30% em relação ao saldo esperado para este ano.
"Não devemos repetir os resultados dos últimos anos porque a liquidez externa estará
muito reduzida", afirma, numa
referência ao desaquecimento
da economia mundial e na redução esperada no fluxo global
de capitais.
Ainda assim, Campos Neto
diz que o país não deve encontrar grandes problemas para
encontrar recursos suficientes
para financiar seu déficit nas
contas externas.
Neste ano, os investimentos
estrangeiros diretos no Brasil
serão mais do que suficientes
para financiar totalmente o déficit das contas externas, que
deve ficar em aproximadamente US$ 30 bilhões.
No ano que vem, de acordo
com a LCA Consultores, o saldo
negativo deve ser de US$ 41 bilhões. "Vai ser mais difícil [financiar o déficit], mas não será
a fonte de preocupação que já
foi em outros períodos", diz
Adriana Lupita, economista da
LCA.
Texto Anterior: Gasto de turistas tem 1ª queda desde 2004 Próximo Texto: Exportações caem 21% e balança registra déficit Índice
|