São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Investimento estrangeiro direto no país é recorde

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A alguns dias do fim de novembro, o fluxo de investimentos estrangeiros diretos para o Brasil já supera o valor projetado pelo Banco Central para todo o ano de 2008. Até ontem, segundo dados preliminares fechados pelo BC, o ingresso de capital externo somava US$ 37,1 bilhões, acima da estimativa de US$ 35 bilhões.
O número se refere a investimentos feitos por estrangeiros na compra de companhias brasileiras ou na expansão da capacidade produtiva de empresas que já estão instaladas no país. Estima-se que, ao todo, multinacionais estrangeiras tenham cerca de US$ 370 bilhões investidos no Brasil.
O ingresso de investimentos ocorrido até agora também supera os US$ 34,6 bilhões registrados em 2007, que até então era o maior resultado já visto na série estatística do BC, que começa em 1947.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que, ao contrário das aplicações de estrangeiros no mercado financeiro, os investimentos diretos têm objetivos de mais longo prazo, o que explicaria seus resultados positivos mesmo depois do agravamento da crise.
"O investimento estrangeiro direto é um recurso mais de longo prazo e permanece fluindo de maneira muito satisfatória. É reflexo da percepção de que a economia brasileira ainda tem bons fundamentos", afirma Lopes.
Isso não significa, porém, que a entrada recorde de investimentos estrangeiros vai se manter por muito tempo. Em setembro, por exemplo, esse tipo de aplicação somou US$ 6,3 bilhões. Em outubro, o resultado já havia recuado para US$ 3,9 bilhões e neste mês deve ficar em US$ 2,8 bilhões, segundo projeção do BC.
Segundo estimativa do economista-chefe do banco Schahin, Silvio Campos Neto, o Brasil deve receber US$ 25 bilhões em investimentos estrangeiros diretos em 2009, o que representaria uma queda de mais de 30% em relação ao saldo esperado para este ano.
"Não devemos repetir os resultados dos últimos anos porque a liquidez externa estará muito reduzida", afirma, numa referência ao desaquecimento da economia mundial e na redução esperada no fluxo global de capitais.
Ainda assim, Campos Neto diz que o país não deve encontrar grandes problemas para encontrar recursos suficientes para financiar seu déficit nas contas externas.
Neste ano, os investimentos estrangeiros diretos no Brasil serão mais do que suficientes para financiar totalmente o déficit das contas externas, que deve ficar em aproximadamente US$ 30 bilhões.
No ano que vem, de acordo com a LCA Consultores, o saldo negativo deve ser de US$ 41 bilhões. "Vai ser mais difícil [financiar o déficit], mas não será a fonte de preocupação que já foi em outros períodos", diz Adriana Lupita, economista da LCA.


Texto Anterior: Gasto de turistas tem 1ª queda desde 2004
Próximo Texto: Exportações caem 21% e balança registra déficit
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.