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São Paulo, quinta-feira, 25 de dezembro de 2003

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LUÍS NASSIF

Uma nova proposta para o FX

No debate sobre a licitação FX dos caças da FAB, uma proposta inovadora é apresentada por Ozires Silva, um dos pais da indústria aeronáutica brasileira.
No final de 1968, há 35 anos, Ozires foi designado pelo então Ministro da Aeronáutica para compor a Comissão de três Oficiais Superiores da FAB, para trabalhar no processo de seleção e de aquisição dos primeiros aviões supersônicos do Esquadrão de Defesa Aérea. Na época, venceram os aviões Mirage. "Poucos sabem", diz Ozires, "mas, no bojo daquela negociação, a comissão procurou influenciar e, com o decisivo apoio e a extraordinária visão de futuro do Brigadeiro Marcio de Souza e Mello -Ministro da Aeronáutica da época-, permitiu a montagem e concepção dos mecanismos técnicos e financeiros que faltavam para a criação da Embraer".
Ozires acredita que, agora, com a licitação FX, abrem-se novas possibilidades econômicas ao Brasil, desta vez permitindo viabilizar a indústria de armamentos no país.
O mercado mundial de armas vende hoje cifra da ordem de US$ 1,3 trilhão. Os métodos e os processos tecnológicos advindos desse comércio permitem benefícios tecnológicos para a sociedade como um todo.
Em relação às máquinas em si, Ozires acredita que qualquer um dos concorrentes poderá atender aos requisitos básicos da FAB, embora aposte em dificuldades de manutenção e de suprimento de peças de reposição dos aviões russos, "que usam diferentes padrões de medidas físicas, provenientes de um país do qual jamais se comprou algo equivalente", diz ele.
O relevante são as tecnologias das aeronaves supersônicas e a dos sistemas de armas. Há imensas barreiras internacionais de proteção aos conhecimentos técnicos sobre esses produtos, uma vez que envolvem estratégias de guerra. "É claro que tais conhecimentos são complexos e precisam de recipientes no Brasil altamente capacitados, pois não serão empresas ou equipes pouco experientes que se mostrarão capazes de trabalhar, apreender e aperfeiçoar códigos e softwares entre os mais avançados do mundo", diz ele. E, o que é de suma importância, a partir dessa origem avançar mais na produção de novos equipamentos e produtos.
A sugestão dele é de duas ordens. Os aviões seriam adquiridos por meio da Embraer, "única empresa brasileira em condições de dialogar de igual para igual com todos os concorrentes", e os sistemas de armas, por meio da Avibrás, que, nas últimas décadas, especializou-se com sucesso no campo do comércio de armas avançadas e sofisticadas.
"No fundo, o que proponho é usar o extraordinário e poderoso poder de compra governamental para promover o progresso e o desenvolvimento do país, atualmente elemento essencial para a consolidação do seu governo. E isso pode ser feito somente por meio de empresas operando no país, as quais existem e, felizmente, reúnem todas as características técnicas e operacionais", conclui ele.

E-mail -
Luisnassif@uol.com.br


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