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LUÍS NASSIF
Uma nova proposta
para o FX
No debate sobre a licitação FX dos caças da FAB,
uma proposta inovadora é
apresentada por Ozires Silva,
um dos pais da indústria aeronáutica brasileira.
No final de 1968, há 35 anos,
Ozires foi designado pelo então
Ministro da Aeronáutica para
compor a Comissão de três Oficiais Superiores da FAB, para
trabalhar no processo de seleção e de aquisição dos primeiros aviões supersônicos do Esquadrão de Defesa Aérea. Na
época, venceram os aviões Mirage. "Poucos sabem", diz Ozires, "mas, no bojo daquela negociação, a comissão procurou
influenciar e, com o decisivo
apoio e a extraordinária visão
de futuro do Brigadeiro Marcio
de Souza e Mello -Ministro
da Aeronáutica da época-,
permitiu a montagem e concepção dos mecanismos técnicos e financeiros que faltavam
para a criação da Embraer".
Ozires acredita que, agora,
com a licitação FX, abrem-se
novas possibilidades econômicas ao Brasil, desta vez permitindo viabilizar a indústria de
armamentos no país.
O mercado mundial de armas vende hoje cifra da ordem
de US$ 1,3 trilhão. Os métodos
e os processos tecnológicos advindos desse comércio permitem benefícios tecnológicos para a sociedade como um todo.
Em relação às máquinas em
si, Ozires acredita que qualquer um dos concorrentes poderá atender aos requisitos básicos da FAB, embora aposte
em dificuldades de manutenção e de suprimento de peças
de reposição dos aviões russos,
"que usam diferentes padrões
de medidas físicas, provenientes de um país do qual jamais
se comprou algo equivalente",
diz ele.
O relevante são as tecnologias das aeronaves supersônicas e a dos sistemas de armas.
Há imensas barreiras internacionais de proteção aos conhecimentos técnicos sobre esses
produtos, uma vez que envolvem estratégias de guerra. "É
claro que tais conhecimentos
são complexos e precisam de
recipientes no Brasil altamente
capacitados, pois não serão
empresas ou equipes pouco experientes que se mostrarão capazes de trabalhar, apreender
e aperfeiçoar códigos e softwares entre os mais avançados do
mundo", diz ele. E, o que é de
suma importância, a partir
dessa origem avançar mais na
produção de novos equipamentos e produtos.
A sugestão dele é de duas ordens. Os aviões seriam adquiridos por meio da Embraer,
"única empresa brasileira em
condições de dialogar de igual
para igual com todos os concorrentes", e os sistemas de armas, por meio da Avibrás, que,
nas últimas décadas, especializou-se com sucesso no campo
do comércio de armas avançadas e sofisticadas.
"No fundo, o que proponho é
usar o extraordinário e poderoso poder de compra governamental para promover o progresso e o desenvolvimento do
país, atualmente elemento essencial para a consolidação do
seu governo. E isso pode ser feito somente por meio de empresas operando no país, as quais
existem e, felizmente, reúnem
todas as características técnicas e operacionais", conclui ele.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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