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SEM NORTE
Arrocho monetário levou a recuo da inflação maior que o esperado por analistas, mas impediu crescimento do PIB
Previsões falham em ano de juros altos
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A evolução das estimativas
compiladas semanalmente pelo
Banco Central no relatório Focus
mostra que 2003 foi mais um ano
que pegou economistas de surpresa. O efeito da política de juros
altos foi a principal causa dos erros nas previsões feitas no início
deste ano.
Com isso, as projeções foram
tomando rumos distintos ao longo do ano. Semana a semana o
mercado foi se tornando mais
pessimista em relação ao PIB
(Produto Interno Bruto) e mais
otimista no que diz respeito à inflação. Em janeiro, esperava crescimento de 1,87% e IPCA (Índice
de Preços ao Consumidor Amplo) de 11,5%. Atualmente, essas
mesmas projeções são de, respectivamente, 0,25% e 9,18%.
Segundo economistas, são dois
os fatores principais que explicam
a evolução oposta das duas expectativas: o forte aperto monetário e
a significativa melhoria do cenário internacional.
"Não esperávamos que o efeito
dos juros altos seria tão forte, assim como não prevíamos que o
cenário internacional se tornaria
tão benigno a ponto de "chover"
dólares para a economia brasileira", afirma Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores.
Câmbio
O comportamento da taxa de
câmbio neste ano confirma a análise de Pessoa. Até recentemente,
o mercado resistia em reduzir sua
previsão de dólar acima de R$
3,00 para o fim deste ano. Agora,
já admite cotação de R$ 2,97.
Isso tem contribuído para manter a inflação sob controle, já que,
com o real mais valorizado, não
há repasse de preços em setores
da economia cujos custos são associados ao dólar.
Mas a causa principal da redução paulatina da inflação foi mesmo a política de juros muito altos
mantida até meados do ano.
"Políticas monetárias coerentes
levaram ao controle da inflação e
ajudaram o sistema de metas a recuperar sua função de convergência das expectativas. Mas políticas
coerentes têm um preço. Nesse
caso, o forte aperto monetário
prejudicou o crescimento", afirma Tomás Málaga, economista-chefe do Itaú.
Segundo Málaga, os índices de
aprovação do atual governo e o
fato de a maioria da população
acreditar que o problema do desemprego começará a ser resolvido em 2004 são sinais de que a população entende, hoje, a importância da estabilidade.
"Isso mostra que as pessoas
compreendem que as medidas tomadas pelo governo foram necessárias e que valorizam a estabilidade", disse o economista.
Já para 2004, tanto as estimativas de PIB como as de inflação
vêm ganhando tons de otimismo.
Analistas esperam IPCA -que
mede a inflação oficial- de 5,9%,
bem próximo à meta de 5,5%. Em
relação ao PIB, as projeções são de
crescimento de 3,52%.
"Como 2004 será um bom ano,
é normal que as previsões de PIB
sejam revistas para cima à medida
que as deste ano se reduzem, implicando base de comparação
menor", diz Octavio de Barros,
economista-chefe do Bradesco.
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