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Aumenta competição entre montadoras
Valorização cambial amplia acesso de novas marcas de carros importados no mercado brasileiro
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O mercado de carros se tornou em 2009 mais competitivo, com a entrada de novas
marcas importadas e com uma
estratégia de marketing considerada agressiva por parte daquelas já instaladas no país.
Nessa disputa, as montadoras tradicionais conseguiram
manter suas posições, com ligeiras alterações na participação de mercado. Mas não conseguiram ganhos expressivos
em um ano recorde de vendas,
com o emplacamento de mais
de 3 milhões de unidades.
Das dez montadoras com
maior volume de vendas em
2009, foi a sul-coreana Hyundai que teve o melhor desempenho, com alta de 50% no período, de acordo com levantamento da consultoria Jato Dynamics do Brasil.
Acima desse patamar, ficaram apenas as importadoras,
que têm fatia menor no mercado, mas cujas taxas de crescimento foram significativas.
Com a valorização do câmbio e
a facilidade no crédito, esse foi
o ano dos importados, resume o
diretor de vendas e marketing
da Jato, Luiz Carlos Augusto.
"A competição está bastante
acirrada, e as montadoras tradicionais vão ter que se mexer
mais se não quiserem perder
espaço", afirmou.
Em 2009, começaram a circular nas ruas do país carros de
marcas como Mini, Chery e
Smart. A japonesa Suzuki, que
em 2003 viu sua operação inviabilizada no país por conta da
disparada do dólar, decidiu voltar em outubro de 2008.
Mesmo ocupando um nicho
de mercado, marcas como o
Mini, da BMW, e o Smart, da
Mercedes-Benz, apresentaram
resultados "surpreendentes",
de acordo com o diretor da Jato
Dynamics. "Essas marcas trabalham com um novo conceito
de carro, pequeno e com a alta
tecnologia", disse.
Lançado em maio, o Mini já
vendeu 813 unidades. Já os emplacamentos do Smart, um carro de 2,59 metros para duas
pessoas, chegaram a 835 desde
que a marca entrou no mercado
brasileiro, em abril.
Maior expansão
Além da Suzuki, a também
japonesa Subaru e a sueca Volvo foram as que viram maior
expansão no ano passado, com
altas de 140% e 101% nas vendas, respectivamente.
"Vimos que, com o aumento
na renda e o crédito fácil, carros
mais sofisticados e com maior
valor aproveitaram melhor o
ano. Por outro lado, houve uma
estratégia de marketing bastante agressiva por parte das
montadoras", disse Augusto.
Para o sócio-diretor da PricewaterhouseCoopers Marcelo
Cioffi, o avanço dos importados
se deve não só à valorização do
câmbio, mas também ao reposicionamento das montadoras
pelo mundo após a eclosão da
crise financeira global.
"Como as empresas que
atuam no Brasil são globais,
elas vão para onde há crescimento. E o Brasil foi um dos
poucos países em que as vendas
cresceram neste ano, ao lado de
China e Alemanha."
Segundo a Anfavea (associação das montadoras), os emplacamentos de carros importados tiveram expansão de 26,1%,
enquanto as vendas dos nacionais cresceram 7,2%.
"Em regra, a indústria produz internamente carros populares e médios e importa produtos mais sofisticados. Ocorre
que esse tipo de veículo está ficando mais acessível por conta
especialmente da valorização
do câmbio", diz Cioffi.
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