São Paulo, sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

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Aumenta competição entre montadoras

Valorização cambial amplia acesso de novas marcas de carros importados no mercado brasileiro

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O mercado de carros se tornou em 2009 mais competitivo, com a entrada de novas marcas importadas e com uma estratégia de marketing considerada agressiva por parte daquelas já instaladas no país.
Nessa disputa, as montadoras tradicionais conseguiram manter suas posições, com ligeiras alterações na participação de mercado. Mas não conseguiram ganhos expressivos em um ano recorde de vendas, com o emplacamento de mais de 3 milhões de unidades.
Das dez montadoras com maior volume de vendas em 2009, foi a sul-coreana Hyundai que teve o melhor desempenho, com alta de 50% no período, de acordo com levantamento da consultoria Jato Dynamics do Brasil.
Acima desse patamar, ficaram apenas as importadoras, que têm fatia menor no mercado, mas cujas taxas de crescimento foram significativas. Com a valorização do câmbio e a facilidade no crédito, esse foi o ano dos importados, resume o diretor de vendas e marketing da Jato, Luiz Carlos Augusto. "A competição está bastante acirrada, e as montadoras tradicionais vão ter que se mexer mais se não quiserem perder espaço", afirmou.
Em 2009, começaram a circular nas ruas do país carros de marcas como Mini, Chery e Smart. A japonesa Suzuki, que em 2003 viu sua operação inviabilizada no país por conta da disparada do dólar, decidiu voltar em outubro de 2008.
Mesmo ocupando um nicho de mercado, marcas como o Mini, da BMW, e o Smart, da Mercedes-Benz, apresentaram resultados "surpreendentes", de acordo com o diretor da Jato Dynamics. "Essas marcas trabalham com um novo conceito de carro, pequeno e com a alta tecnologia", disse.
Lançado em maio, o Mini já vendeu 813 unidades. Já os emplacamentos do Smart, um carro de 2,59 metros para duas pessoas, chegaram a 835 desde que a marca entrou no mercado brasileiro, em abril.

Maior expansão
Além da Suzuki, a também japonesa Subaru e a sueca Volvo foram as que viram maior expansão no ano passado, com altas de 140% e 101% nas vendas, respectivamente.
"Vimos que, com o aumento na renda e o crédito fácil, carros mais sofisticados e com maior valor aproveitaram melhor o ano. Por outro lado, houve uma estratégia de marketing bastante agressiva por parte das montadoras", disse Augusto.
Para o sócio-diretor da PricewaterhouseCoopers Marcelo Cioffi, o avanço dos importados se deve não só à valorização do câmbio, mas também ao reposicionamento das montadoras pelo mundo após a eclosão da crise financeira global.
"Como as empresas que atuam no Brasil são globais, elas vão para onde há crescimento. E o Brasil foi um dos poucos países em que as vendas cresceram neste ano, ao lado de China e Alemanha."
Segundo a Anfavea (associação das montadoras), os emplacamentos de carros importados tiveram expansão de 26,1%, enquanto as vendas dos nacionais cresceram 7,2%.
"Em regra, a indústria produz internamente carros populares e médios e importa produtos mais sofisticados. Ocorre que esse tipo de veículo está ficando mais acessível por conta especialmente da valorização do câmbio", diz Cioffi.


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