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PIB chinês cresce 10,7% em 2006, maior taxa em 11 anos
Volume de investimentos é de 52% do PIB; no Brasil, índice está em torno de 20,5%
Exportação e investimentos são motores da China, que se aproxima da Alemanha no ranking das maiores economias do mundo
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto o Brasil discute os
caminhos para crescer acima
de 3%, a China anunciou ontem
que seu PIB aumentou 10,7%
no ano passado, o mais alto índice desde 1995, quando a expansão foi de 10,9%.
O crescimento ficou acima
dos 10,5% estimados anteriormente e aproximou a China da
Alemanha, que ocupa o terceiro lugar no ranking das maiores
economias do mundo, atrás de
EUA e Japão.
Com a alta de 10,7%, o PIB
chinês alcançou US$ 2,68 trilhões (considerando um câmbio de 7,8 yuans por dólar). O
tamanho da economia alemã
aumentou para US$ 2,89 trilhões em 2006, segundo estimativas do FMI. Em 2008, a
economia da China deve passar
a da Alemanha.
O alto índice de investimentos e o crescimento das exportações continuam a ser os principais motores da ascensão chinesa. O volume de investimentos aumentou 24% e atingiu
US$ 1,4 trilhão -52% do PIB.
No Brasil, os investimentos
tiveram expansão próxima de
6% em 2006 e ficaram em torno de 20,5% do PIB. A diferença explica por que o Brasil tem
dificuldade para crescer mais
de 3% e a China, menos de 10%.
Os investimentos são destinados à construção de fábricas,
compra de máquinas e equipamentos, abertura de estradas e
outras atividades que se enquadram na definição de "ativo fixo", que ampliam a capacidade
de produção de um país.
Sem expansão de investimentos, não é possível crescer a
taxas elevadas por longo prazo.
Na avaliação de economistas, o
percentual de 20,5% de investimentos em relação ao PIB registrado no Brasil é compatível
com crescimento de 2% a 3%.
O setor externo também foi
crucial para o alto índice de
crescimento da China em
2006. As exportações tiveram
alta de 27,2%, para US$ 969,1
bilhões, acima do percentual de
20% de aumento das importações, que somaram US$ 791,6
bilhões. O saldo comercial atingiu o recorde de US$ 177,5 bilhões, valor que supera em 74%
o que foi registrado em 2005.
No Brasil, as exportações
cresceram em ritmo menor que
o das importações, o que teve
impacto negativo sobre a evolução do PIB. Economistas estimam que o comércio externo
diminuiu o crescimento em
cerca de 1,2 ponto percentual, o
que limitou a expansão do PIB
a algo próximo de 2,8%.
As vendas do Brasil para outros países subiram 16%, para
US$ 137 bilhões, enquanto as
compras tiveram alta de 24% e
somaram US$ 91 bilhões.
A China voltou a receber em
2006 um volume recorde de investimentos estrangeiros diretos, que atingiram US$ 63 bilhões -alta de 4,5%. No Brasil,
esse indicador subiu 24,7%, para US$ 18,78 bilhões.
O país asiático cresceu 10,7%
apesar das medidas de contenção adotadas pelo governo na
tentativa de evitar o superaquecimento da economia.
A mais importante delas foi a
elevação da quantidade de dinheiro que os bancos devem
deixar imobilizada no banco
central. O chamado depósito
compulsório subiu três vezes, o
que reduziu em US$ 38 bilhões
os recursos disponíveis para
empréstimos, uma das principais fontes dos investimentos.
O banco central também elevou as taxas de juros em abril
de 5,58% para 5,85% ao ano.
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