São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PIB chinês cresce 10,7% em 2006, maior taxa em 11 anos

Volume de investimentos é de 52% do PIB; no Brasil, índice está em torno de 20,5%

Exportação e investimentos são motores da China, que se aproxima da Alemanha no ranking das maiores economias do mundo

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto o Brasil discute os caminhos para crescer acima de 3%, a China anunciou ontem que seu PIB aumentou 10,7% no ano passado, o mais alto índice desde 1995, quando a expansão foi de 10,9%.
O crescimento ficou acima dos 10,5% estimados anteriormente e aproximou a China da Alemanha, que ocupa o terceiro lugar no ranking das maiores economias do mundo, atrás de EUA e Japão.
Com a alta de 10,7%, o PIB chinês alcançou US$ 2,68 trilhões (considerando um câmbio de 7,8 yuans por dólar). O tamanho da economia alemã aumentou para US$ 2,89 trilhões em 2006, segundo estimativas do FMI. Em 2008, a economia da China deve passar a da Alemanha.
O alto índice de investimentos e o crescimento das exportações continuam a ser os principais motores da ascensão chinesa. O volume de investimentos aumentou 24% e atingiu US$ 1,4 trilhão -52% do PIB.
No Brasil, os investimentos tiveram expansão próxima de 6% em 2006 e ficaram em torno de 20,5% do PIB. A diferença explica por que o Brasil tem dificuldade para crescer mais de 3% e a China, menos de 10%.
Os investimentos são destinados à construção de fábricas, compra de máquinas e equipamentos, abertura de estradas e outras atividades que se enquadram na definição de "ativo fixo", que ampliam a capacidade de produção de um país.
Sem expansão de investimentos, não é possível crescer a taxas elevadas por longo prazo. Na avaliação de economistas, o percentual de 20,5% de investimentos em relação ao PIB registrado no Brasil é compatível com crescimento de 2% a 3%.
O setor externo também foi crucial para o alto índice de crescimento da China em 2006. As exportações tiveram alta de 27,2%, para US$ 969,1 bilhões, acima do percentual de 20% de aumento das importações, que somaram US$ 791,6 bilhões. O saldo comercial atingiu o recorde de US$ 177,5 bilhões, valor que supera em 74% o que foi registrado em 2005.
No Brasil, as exportações cresceram em ritmo menor que o das importações, o que teve impacto negativo sobre a evolução do PIB. Economistas estimam que o comércio externo diminuiu o crescimento em cerca de 1,2 ponto percentual, o que limitou a expansão do PIB a algo próximo de 2,8%.
As vendas do Brasil para outros países subiram 16%, para US$ 137 bilhões, enquanto as compras tiveram alta de 24% e somaram US$ 91 bilhões.

A China voltou a receber em 2006 um volume recorde de investimentos estrangeiros diretos, que atingiram US$ 63 bilhões -alta de 4,5%. No Brasil, esse indicador subiu 24,7%, para US$ 18,78 bilhões.
O país asiático cresceu 10,7% apesar das medidas de contenção adotadas pelo governo na tentativa de evitar o superaquecimento da economia.
A mais importante delas foi a elevação da quantidade de dinheiro que os bancos devem deixar imobilizada no banco central. O chamado depósito compulsório subiu três vezes, o que reduziu em US$ 38 bilhões os recursos disponíveis para empréstimos, uma das principais fontes dos investimentos. O banco central também elevou as taxas de juros em abril de 5,58% para 5,85% ao ano.


Texto Anterior: Remessa de lucro aumenta 29%, a maior da história
Próximo Texto: EUA negam números que destravariam Doha
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.