MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Números coletados pela OMC (Organização Mundial do Comércio) indicam que o efeito negativo da desaceleração econômica nos Estados Unidos no desempenho das exportações do Brasil já é uma realidade desde o ano passado. A pesquisa aponta um claro recuo do comércio exterior brasileiro entre janeiro e setembro de 2007.
Nos primeiros nove meses do ano passado, segundo os dados recolhidos pela OMC, as vendas do Brasil para o exterior cresceram 13%. No mesmo período de 2006 o avanço havia sido de 16,2%.
Já o ritmo das importações apresentou tendência inversa. Em 2006, elas haviam registrado um crescimento de 22,6% entre janeiro e setembro. Nos mesmos meses do ano passado a expansão foi de 23,6%.
A queda no comércio exterior foi registrada em toda a região, como conseqüência da desaceleração nos Estados Unidos, que foi acentuada a partir de agosto, quando teve início a crise do subprime (hipotecas de alto risco).
Embora não use esses números como base para conclusões definitivas sobre o impacto da crise no comércio dos países latino-americanos, a OMC considera que eles apontam para uma tendência do que poderá vir a acontecer.

Exportações
Na organização fala-se em "uma clara desaceleração" das exportações da América Latina, que tem entre suas principais causas "a forte redução nas importações dos EUA" e o "impacto" nas vendas externas dos países da região, principalmente os que são mais dependentes da economia americana, como o México.
No início de dezembro a organização mundial reconheceu que teria que rever para baixo sua estimativa do crescimento do comércio mundial em 2007 devido ao desaquecimento da economia americana.
A projeção inicial era de uma expansão de 6%, mas a crise nos Estados Unidos fez com que a organização passasse a trabalhar com uma taxa menor, entre 5% e 5,5%.
"Nossa previsão inicial para 2007 foi um pouco alta demais", reconheceu na época o diretor do departamento de pesquisa da OMC, Patrick Low. Em 2006, o crescimento do comércio mundial foi de 8%.

Expansão
Um estudo divulgado há duas semanas pela ONU previu que a economia mundial, que teve expansão de 3,7% em 2007, crescerá apenas 1,6% neste ano caso haja uma recessão nos Estados Unidos. Nesse cenário pessimista, o crescimento brasileiro cairia para 2,9%, bem abaixo dos estimados 5% do ano passado.
Segundo a ONU, entretanto, com ou sem recessão nos EUA, 2008 verá uma queda no comércio mundial, depois da expansão de 7% em volume registrada em 2007.


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