São Paulo, sábado, 26 de janeiro de 2008

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CRISE NOS MERCADOS / BRASIL

SP cai menos que Bolsas de emergentes

Enquanto índice Ibovespa recuou 10% no ano, Turquia perdeu 18,9%, Colômbia, 14,1%, Chile, 12,4%, e Rússia, 12%

Para analistas, alta vigorosa da Bovespa em 07 poderia ter elevado realização de lucros nesta turbulência, o que ainda não ocorreu

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar das perdas acumuladas de 10% neste começo de ano, a Bovespa teve um desempenho considerado relativamente satisfatório por analistas em meio às fortes oscilações dos mercados financeiros globais.
Isso porque ela foi uma das Bolsas que mais se valorizaram no ano passado -alta de 43,65%, perdendo apenas para a Bolsa de Xangai. Essa valorização vigorosa justamente poderia ter motivado os investidores a liquidarem de forma mais intensa as ações de companhias brasileiras para embolsar lucros acumulados nos últimos meses.
Nos EUA, epicentro da atual crise, a Nasdaq já recuou 12,29%. Ainda nas maiores economias do mundo, outros destaques de queda em 2008 estão com as Bolsas de Frankfurt (que já recuou 15,5%) e de Tóquio (-11%).
"A Bovespa até que tem ido bem. Há Bolsas de economias desenvolvidas que praticamente já devolveram toda a alta de 2007 neste começo de ano", afirma Rodrigo Donato, economista da Paraty Investimentos.
Dentre os emergentes com maior volume de negociação, os mercados acionários que mais têm perdido em 2008 são os de Turquia (-18,96%), Colômbia (-14,11%), Chile (-12,47%) e Rússia (-12,01%).
"De um modo geral, as turbulências não têm poupado ninguém, com o efeito cascata afetando a todos. A Bolsa brasileira até que não está tão mal no ano, se considerarmos o que subiu em 2007", avalia Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica.
O índice Ibovespa, que reúne as 64 ações mais negociadas na Bolsa paulista, teve em 2007 seu quinto ano consecutivo de valorização -além de ter obtido seu melhor desempenho anual desde 2003.

Estrangeiros
A expressiva participação dos investidores estrangeiros em suas operações ajuda a explicar a queda da Bolsa brasileira. Essa categoria de investidores responde hoje por cerca de 35% dos negócios feitos no pregão. No ano passado, se destacaram também nos IPOs (oferta inicial de ações), ficando com cerca de 75% do volume lançado no mercado.
Neste começo de ano, os estrangeiros venderam considerável volume de ações brasileiras, colaborando para a queda do Ibovespa.
Dados computados até o dia 21 deste mês mostram que os estrangeiros mais venderam que compraram ações no montante de R$ 4,5 bilhões no ano, o que significou o pior resultado registrado em um mês na história da Bolsa.
Além dos mercados acionários, os títulos da dívida de emergentes têm sido bastante vendidos nas últimas semanas no mercado internacional, movimento que tem elevado o risco-país dos emergentes.
O Brasil viu seu risco sair de 221 pontos no fim de 2007 para 252 pontos anteontem, alta de 14%, mas ainda muito distante dos quase 2.500 pontos atingidos em 2002, com os temores relativos à eleição presidencial brasileira naquele ano.
Esse indicador é um termômetro dos riscos de calote que uma economia representa. Quanto maior, mais elevado o risco de se investir nos títulos emitidos pelo país avaliado.
Na Américas Latina, outros riscos que subiram consideravelmente foram o da Colômbia -29,23%, para 252 pontos- e o do México -13,42%, para 169 pontos. O risco é medido pelo banco JP Morgan.


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