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CRISE NOS MERCADOS / BRASIL
SP cai menos que Bolsas de emergentes
Enquanto índice Ibovespa recuou 10% no ano, Turquia perdeu 18,9%, Colômbia, 14,1%, Chile, 12,4%, e Rússia, 12%
Para analistas, alta vigorosa da Bovespa em 07 poderia
ter elevado realização de lucros nesta turbulência,
o que ainda não ocorreu
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar das perdas acumuladas de 10% neste começo de
ano, a Bovespa teve um desempenho considerado relativamente satisfatório por analistas em meio às fortes oscilações
dos mercados financeiros globais.
Isso porque ela foi uma das
Bolsas que mais se valorizaram
no ano passado -alta de
43,65%, perdendo apenas para
a Bolsa de Xangai. Essa valorização vigorosa justamente poderia ter motivado os investidores a liquidarem de forma
mais intensa as ações de companhias brasileiras para embolsar lucros acumulados nos últimos meses.
Nos EUA, epicentro da atual
crise, a Nasdaq já recuou
12,29%. Ainda nas maiores economias do mundo, outros destaques de queda em 2008 estão
com as Bolsas de Frankfurt
(que já recuou 15,5%) e de Tóquio (-11%).
"A Bovespa até que tem ido
bem. Há Bolsas de economias
desenvolvidas que praticamente já devolveram toda a alta de
2007 neste começo de ano",
afirma Rodrigo Donato, economista da Paraty Investimentos.
Dentre os emergentes com
maior volume de negociação,
os mercados acionários que
mais têm perdido em 2008 são
os de Turquia (-18,96%), Colômbia (-14,11%), Chile
(-12,47%) e Rússia (-12,01%).
"De um modo geral, as turbulências não têm poupado ninguém, com o efeito cascata afetando a todos. A Bolsa brasileira até que não está tão mal no
ano, se considerarmos o que
subiu em 2007", avalia Jason
Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria
Econômica.
O índice Ibovespa, que reúne
as 64 ações mais negociadas na
Bolsa paulista, teve em 2007
seu quinto ano consecutivo de
valorização -além de ter obtido seu melhor desempenho
anual desde 2003.
Estrangeiros
A expressiva participação
dos investidores estrangeiros
em suas operações ajuda a explicar a queda da Bolsa brasileira. Essa categoria de investidores responde hoje por cerca de
35% dos negócios feitos no pregão. No ano passado, se destacaram também nos IPOs (oferta inicial de ações), ficando com
cerca de 75% do volume lançado no mercado.
Neste começo de ano, os estrangeiros venderam considerável volume de ações brasileiras, colaborando para a queda
do Ibovespa.
Dados computados até o dia
21 deste mês mostram que os
estrangeiros mais venderam
que compraram ações no montante de R$ 4,5 bilhões no ano,
o que significou o pior resultado registrado em um mês na
história da Bolsa.
Além dos mercados acionários, os títulos da dívida de
emergentes têm sido bastante
vendidos nas últimas semanas
no mercado internacional, movimento que tem elevado o risco-país dos emergentes.
O Brasil viu seu risco sair de
221 pontos no fim de 2007 para
252 pontos anteontem, alta de
14%, mas ainda muito distante
dos quase 2.500 pontos atingidos em 2002, com os temores
relativos à eleição presidencial
brasileira naquele ano.
Esse indicador é um termômetro dos riscos de calote que
uma economia representa.
Quanto maior, mais elevado o
risco de se investir nos títulos
emitidos pelo país avaliado.
Na Américas Latina, outros
riscos que subiram consideravelmente foram o da Colômbia
-29,23%, para 252 pontos- e o
do México -13,42%, para 169
pontos. O risco é medido pelo
banco JP Morgan.
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