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Governo Obama alerta para piora da crise
Summers e Biden pressionam por aprovação de pacote; Nancy Pelosi, presidente da Câmara, fala em nacionalizar bancos
Em meio à turbulência, FMI deve rebaixar a previsão de crescimento mundial em 2009 de 2,2% para 1%; países ricos devem encolher
Tim Sloam-23.jan.09/France Presse
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Obama e Nancy Pelosi em reunião bipartidária sobre a crise
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Em meio a novas evidências
de agravamento da crise econômica mundial, em especial nos
EUA, e a resistências no Congresso ao novo plano de Barack
Obama para enfrentá-la, os
principais assessores do presidente norte-americano foram a
público ontem pedir urgência
na aprovação do pacote de US$
825 bilhões apresentado na semana passada.
Enquanto o líder da minoria
republicana na Câmara dos Representantes, John Boehmer,
afirmava na TV que seu partido
deve votar contra o plano se
não houver mudanças, o principal assessor econômico de
Obama, Lawrence Summers,
afirmava em outro canal que o
pacote é "o adequado".
Com maioria na Câmara dos
Representantes, Obama não
precisa dos votos dos republicanos, mas necessita de ao menos dois votos dos adversários
no Senado para impedir adiamentos regimentais durante a
tramitação do pacote.
Em outro canal de TV, na
conservadora Fox News, o ex-adversário direto de Obama na
campanha, o senador republicano John McCain, afirmou
que seu partido quer "garantias" de que o novo presidente
não vai "aumentar impostos e
que tornará os cortes de tributos permanentes".
Também na TV, o novo vice-presidente dos EUA, Joseph
Biden, defendeu o pacote afirmando que "mais de 40% dele é
dedicado ao corte de impostos.
Os outros 60% são medidas de
estímulo econômico".
Summers, por seu lado, não
deu detalhes sobre como Obama pretende financiar o pagamento mais à frente dos US$
825 bilhões de seu pacote, embora o presidente já tenha prometido elevar a arrecadação
onerando os mais ricos.
Summers também afirmou
que, daqui em diante, o plano
de ajuda ao setor financeiro será "significativamente diferente". "A prioridade será fazer o
crédito fluir na economia novamente", afirmou, sem revelar
mais detalhes.
O grande debate nos EUA
agora é como o governo vai ajudar os bancos e obrigá-los a liberar mais crédito a empresas e
ao consumo. A discussão sobre
nacionalizar ou não as instituições tornou-se aberta entre
analistas, embora ninguém no
governo tenha falado diretamente sobre o assunto.
Mas, pela primeira vez, a democrata Nancy Pelosi, uma das
principais envolvidas na costura do novo plano no Congresso,
afirmou ontem que "o povo
norte-americano terá de ganhar participações nos bancos
no caso de colocarmos mais dinheiro neles".
"Se vamos reforçar o negócio
do bancos, o público em geral
também tem de se beneficiar.
Alguns chamam isso de nacionalização. Eu não estou falando
em tomar a totalidade do negócio, mas temos de discutir o assunto", disse.
Entre o final da década de
1980 e início dos anos 1990, os
EUA nacionalizaram vários
bancos na prática por meio do
chamado RTC (Resolution
Trust Corporation). O RTC assumiu as carteiras podres dos
então batizados "bancos zumbis", impôs perdas aos acionistas e afastou os controladores.
Mais à frente e depois de limpos, os bancos foram vendidos
a investidores, absorvidos pela
concorrência ou liquidados. Na
época, o pacote para enfrentar
uma crise de proporções muito
menores do que a atual custou
estimados US$ 130 bilhões aos
contribuintes.
Outra alternativa em estudo
é que o governo assuma os ativos "tóxicos" dos bancos e os
converta em títulos que possam ser depois transformados
ou não em ações das instituições, o que aumentaria o poder
de pressão estatal.
Na próxima quarta-feira, o
FMI (Fundo Monetário Internacional) deve rebaixar de
2,2% para algo perto de 1% a expectativa de crescimento mundial em 2009. EUA, zona do Euro e Japão, projetam analistas,
devem retroceder cerca de 2%
neste ano, ficando a cargo dos
emergentes puxar o fraco desempenho mundial.
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