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CRÉDITO
Levantamento feito pelo BC também detecta que empresas estão pagando taxas maiores, e tendência ainda é de alta
Juro do cheque especial é o maior desde 99
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros cobrados pelos bancos
nos empréstimos a empresas e
nos financiamentos concedidos
pelo cheque especial registraram
sensível alta no mês passado, segundo levantamento feito pelo
Banco Central. E, com a recente
elevação da taxa Selic, a tendência
é que os aumentos continuem nos
próximos meses.
No caso do cheque especial, a
taxa atingiu o nível mais alto desde maio de 1999: passou de
163,9% ao ano para 171,5% ao ano
entre dezembro de 2002 e janeiro
passado -alta de 7,6 pontos percentuais. Já entre as empresas, os
juros são mais baixos, mas também registraram forte elevação.
No mês passado, a taxa média cobrada nesses empréstimos ficou
em 34,5% ao ano, contra 30,9%
em dezembro -alta de 3,6 pontos percentuais.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, a elevação nos juros
cobrados das empresas se explica
pela expectativa de alta do dólar
nos próximos meses. Parte desses
financiamentos é corrigida pelo
câmbio. Portanto, diz Lopes,
quando o mercado acredita numa
desvalorização do real no médio
prazo, os juros acompanham esse
movimento e sobem.
Já no caso do cheque especial, o
funcionário do BC diz não enxergar motivo específico que explique a alta dos juros. Resta o conselho de evitar o endividamento.
"Se não houver outra opção, é
melhor procurar modalidades de
crédito mais baratas", afirma.
A alternativa, nesse caso, seria
trocar o cheque especial pelo crédito pessoal, concedido pelos
bancos após análise mais detalhada. No crédito pessoal, os juros
cobrados eram, no mês passado,
de 95,3% ao ano. Em dezembro, a
taxa estava em 91,8% ao ano.
Na média, porém, os juros cobrados nos empréstimos concedidos a pessoas físicas recuaram de
83,5% ao ano para 82,7% ao ano.
A queda é consequência da redução nas taxas cobradas no crediário, que passaram de 58,9% ao
ano para 57,1% ao ano entre dezembro e janeiro. Segundo Lopes,
esse movimento é comum nos
meses de janeiro, com lojas reduzindo os juros do crediário para
estimular as vendas.
Ganhos
Assim como os juros, os ganhos
dos bancos com as operações de
crédito também subiram, chegando a 55,9 pontos percentuais entre
as pessoas físicas -nível mais elevado desde junho de 2000. Isso
significa que, se são cobrados
82,7% de juros, 55,9 pontos ficam
com o banco, que, além do lucro,
usa os recursos para cobrir despesas operacionais.
Lopes diz que os juros são elevados por causa da inadimplência,
que, em janeiro, atingia 14,5% dos
créditos concedidos a pessoas físicas -um ponto percentual abaixo da taxa de janeiro de 2002. Os
juros bancários devem continuar
altos, pelo menos por enquanto,
devido às medidas restritivas adotadas pelo BC desde o início do
ano. De janeiro para cá, a taxa Selic passou de 25% ao ano para
26,5% ao ano.
A taxa Selic é a taxa praticada
nas operações de crédito entre
bancos e entre os bancos e o BC.
Ela serve de referência para as demais transações financeiras.
Além da alta na taxa Selic, o BC
também aumentou, na semana
passada, a alíquota do recolhimento compulsório -dinheiro
que os bancos são obrigados a depositar no BC. A medida retira R$
8 bilhões de circulação na economia e reduz a oferta de crédito, o
que ajuda a elevar os juros.
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