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Poupança renderá menos se cálculo mudar
Nova forma de calcular redutor prejudicaria poupador se juro cair, mas traria ganho a quem tem financiamento imobiliário
Se mudança vier, caderneta será mais influenciada pelo juro do mercado; queda dos juros já faz poupança render mais que alguns fundos
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As mudanças que estão sendo preparadas na taxa que corrige a caderneta de poupança, a
chamada TR (Taxa Referencial), devem alterar a parte da
fórmula de cálculo conhecida
como redutor de tal modo que,
no longo prazo, ele fique bem
próximo de zero.
Dessa forma, o governo estará fazendo com que a caderneta
seja mais diretamente influenciada pela taxa de juros definida pelo mercado financeiro.
Na prática, isso quer dizer
que a caderneta poderá ter rendimento menor, se for mantida
a tendência de queda dos juros.
Em compensação, quem tem financiamentos habitacionais
indexados à TR sairá ganhando. Mas, se os juros subirem, o
poupador poderá ganhar em
relação à situação atual, e quem
tem empréstimo para a casa
própria acabará tendo uma
prestação maior para pagar.
A TR é calculada com base na
taxa que os 30 maiores bancos
do país pagam nos seus CDBs
(Certificado de Depósito Bancário). A média desse rendimento é conhecida como TBF
(Taxa Básica Financeira). Sobre a TBF incide uma outra fórmula, que é a do redutor. Como
diz o próprio nome, a função
desse mecanismo é reduzir o
rendimento.
Pela regra em vigor, o redutor inclui uma variável decrescente que é definida pelo governo de acordo com a taxa de juros em vigor. Quando a taxa cai,
essa variável também é reduzida. Na prática, isso faz com que
a TR não varie, ficando praticamente estável em 2% ao ano.
Essa estabilidade não foi problema enquanto os juros estiveram acima de 16% ao ano.
Com a queda da Selic, que já
baixou 6,75 pontos percentuais
desde setembro de 2005, a TR
passou a criar uma distorção.
Os fundos de investimento
em que a aplicação inicial é
mais baixa já estão rendendo
menos do que a caderneta de
poupança, o que faz com que o
investidor migre e os bancos
percam parte de seus lucros
nessas operações.
O outro problema que pode
aparecer se a taxa de juros (Selic) continuar caindo é que os
financiamentos habitacionais
fiquem muito caros.
Como são atrelados a TR e juros de até 12% ao ano, uma
eventual não-variação da TR
pode fazer com que esse tipo de
financiamento tenha custo
maior do que outros com base
em taxas de mercado.
Os ganhadores nesse processo têm sido os poupadores. Para ter uma idéia, a comparação
entre as aplicações em fundos
com baixo valor de investimento inicial e a poupança mostra
que, com a taxa de juros atual,
de 13%, a caderneta rende
8,67%, enquanto os fundos dão
8,03%, em média.
Mudança gradual
A proposta que está em estudo prevê que o redutor da TR
seja calibrado de tal forma que
chegue a zero (ou fique muito
próximo desse valor) sem, no
entanto, passar a ser negativa.
O período de transição até
que o redutor chegue a zero (ou
próximo disso) não está definido. Mas já há a decisão de não
acabar com a TR e de fazer com
que ela reflita mais de perto as
variações dos juros no mercado
financeiro.
O governo entende que a
transição tem de ser cuidadosa,
já que os bancos, que captam
recursos na caderneta de poupança, fazem empréstimos habitacionais de longo prazo com
esse dinheiro.
Uma mudança abrupta poderia criar um descasamento para
as instituições financeiras e
também comprometer o processo de alongamento de prazo
e redução de taxas do mercado
de crédito imobiliário.
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