São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

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Obama taxará mais ricos para custear saúde

Casa Branca quer reduzir deduções entre os que ganham mais para financiar programa; Congresso precisa aprovar plano

Governo dos EUA pretende ainda reduzir o déficit no Orçamento para US$ 533 bi em 2010, menos da metade estimada para este ano


DA REDAÇÃO

O governo americano deve anunciar hoje a criação de um fundo de US$ 634 bilhões para expandir o sistema de saúde do país que será financiado em parte com o corte nas deduções de impostos para os mais ricos.
Ao contrário do antecessor, George W. Bush, que reduziu os impostos da população mais rica, Barack Obama pretende diminuir em cerca de 20% o valor das deduções que as famílias que têm renda superior a US$ 250 mil podem fazer.
Com essa mudança, ele espera arrecadar cerca de US$ 318 bilhões (pouco mais de 2% do PIB americano) nos próximos dez anos para o programa que visa garantir o acesso à saúde para toda a população, de acordo com o "Washington Post".
Pela proposta, as deduções em gastos como contribuições para a caridade ou pagamento de hipotecas serão reduzidas. Hoje, quem paga imposto equivalente a 35% da sua renda pode ter dedução similar nesses gastos. Caso o plano de Obama seja aprovado, o limite máximo para as deduções será de 28%.
A outra parte dos US$ 634 bilhões viria de cortes nos gastos do governo americano com saúde, como redução nos subsídios para hospitais e seguradoras -as companhias farmacêuticas também terão que aumentar o desconto nos medicamentos vendidos ao governo, o que deve provocar uma forte reação dessa indústria.
Mas o montante de US$ 634 bilhões (quase metade do PIB brasileiro de 2007) é apenas uma parte do que os Estados Unidos precisam arrecadar para financiar o programa, já que se estima que ele deva custar mais de US$ 1 trilhão em dez anos. O restante precisará ser negociado com o Congresso, que terá ainda que aprovar as demais propostas. O governo conta com maioria entre os deputados, mas terá que negociar no Senado com a oposição republicana, como ocorreu recentemente na aprovação do pacote de estímulo econômico de US$ 787 bilhões.
O plano de reforma da saúde deve ser apresentado com a divulgação da proposta de Orçamento do governo Obama e é uma das promessas de campanha do presidente americano. No entanto, a proposta deve apresentar apenas as linhas gerais, e a expectativa é que mais detalhes sejam anunciados na semana que vem, quando a Casa Branca fará uma conferência sobre saúde.
No discurso anteontem sobre o Estado da União, Obama disse ao Congresso que a proposta de Orçamento "inclui um compromisso histórico com uma reforma ampla do sistema de saúde -um pagamento inicial para o princípio de que devemos ter saúde de qualidade e de fácil acesso para todos os americanos".
Durante a sua campanha no ano passado, Obama prometeu melhorar a qualidade da saúde nos Estados Unidos e diminuir o número de americanos que não têm seguro-saúde. E, mesmo com as perspectivas de aprofundamento da recessão e de déficit trilionário, ele se mostra disposto a cumprir com o que disse na campanha.
Além das promessas para a saúde, a proposta de Orçamento a ser apresentada hoje deve prever a redução do déficit americano no ano fiscal de 2010. O governo Obama pretende diminuí-lo para US$ 533 bilhões. A estimativa do Escritório de Orçamento do Congresso (órgão não-partidário que assessora os legisladores) é que ele alcance US$ 1,2 trilhão neste ano, mas, com o plano de estímulo, ele pode superar o US$ 1,5 trilhão. No ano passado, o déficit orçamentário ficou em US$ 455 bilhões.


Com o "New York Times" e agências internacionais

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