|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Obama taxará mais ricos para custear saúde
Casa Branca quer reduzir deduções entre os que ganham mais para financiar programa; Congresso precisa aprovar plano
Governo dos EUA pretende ainda reduzir o déficit no Orçamento para US$ 533 bi
em 2010, menos da metade estimada para este ano
DA REDAÇÃO
O governo americano deve
anunciar hoje a criação de um
fundo de US$ 634 bilhões para
expandir o sistema de saúde do
país que será financiado em
parte com o corte nas deduções
de impostos para os mais ricos.
Ao contrário do antecessor,
George W. Bush, que reduziu os
impostos da população mais rica, Barack Obama pretende diminuir em cerca de 20% o valor
das deduções que as famílias
que têm renda superior a US$
250 mil podem fazer.
Com essa mudança, ele espera arrecadar cerca de US$ 318
bilhões (pouco mais de 2% do
PIB americano) nos próximos
dez anos para o programa que
visa garantir o acesso à saúde
para toda a população, de acordo com o "Washington Post".
Pela proposta, as deduções
em gastos como contribuições
para a caridade ou pagamento
de hipotecas serão reduzidas.
Hoje, quem paga imposto equivalente a 35% da sua renda pode ter dedução similar nesses
gastos. Caso o plano de Obama
seja aprovado, o limite máximo
para as deduções será de 28%.
A outra parte dos US$ 634 bilhões viria de cortes nos gastos
do governo americano com
saúde, como redução nos subsídios para hospitais e seguradoras -as companhias farmacêuticas também terão que aumentar o desconto nos medicamentos vendidos ao governo, o
que deve provocar uma forte
reação dessa indústria.
Mas o montante de US$ 634
bilhões (quase metade do PIB
brasileiro de 2007) é apenas
uma parte do que os Estados
Unidos precisam arrecadar para financiar o programa, já que
se estima que ele deva custar
mais de US$ 1 trilhão em dez
anos. O restante precisará ser
negociado com o Congresso,
que terá ainda que aprovar as
demais propostas. O governo
conta com maioria entre os deputados, mas terá que negociar
no Senado com a oposição republicana, como ocorreu recentemente na aprovação do
pacote de estímulo econômico
de US$ 787 bilhões.
O plano de reforma da saúde
deve ser apresentado com a divulgação da proposta de Orçamento do governo Obama e é
uma das promessas de campanha do presidente americano.
No entanto, a proposta deve
apresentar apenas as linhas gerais, e a expectativa é que mais
detalhes sejam anunciados na
semana que vem, quando a Casa Branca fará uma conferência
sobre saúde.
No discurso anteontem sobre o Estado da União, Obama
disse ao Congresso que a proposta de Orçamento "inclui um
compromisso histórico com
uma reforma ampla do sistema
de saúde -um pagamento inicial para o princípio de que devemos ter saúde de qualidade e
de fácil acesso para todos os
americanos".
Durante a sua campanha no
ano passado, Obama prometeu
melhorar a qualidade da saúde
nos Estados Unidos e diminuir
o número de americanos que
não têm seguro-saúde. E, mesmo com as perspectivas de
aprofundamento da recessão e
de déficit trilionário, ele se
mostra disposto a cumprir com
o que disse na campanha.
Além das promessas para a
saúde, a proposta de Orçamento a ser apresentada hoje deve
prever a redução do déficit
americano no ano fiscal de
2010. O governo Obama pretende diminuí-lo para US$ 533
bilhões. A estimativa do Escritório de Orçamento do Congresso (órgão não-partidário
que assessora os legisladores) é
que ele alcance US$ 1,2 trilhão
neste ano, mas, com o plano de
estímulo, ele pode superar o
US$ 1,5 trilhão. No ano passado, o déficit orçamentário ficou
em US$ 455 bilhões.
Com o "New York Times" e agências internacionais
LEIA MAIS sobre governo
Obama em Mundo
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Crise: Venda de casa usada é a menor em 12 anos nos EUA Índice
|