São Paulo, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

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Telefónica estuda comprar teles na Itália ou em Portugal

Espanhola busca aumentar presença no Brasil em meio à maior concorrência

Telefónica não consegue o controle da Vivo, e opção seria adquirir a própria sócia Portugal Telecom; alternativa seria comprar a Telecom Italia

DO "FINANCIAL TIMES"

O presidente da Telefónica, César Alierta, gostaria de curar os problemas no Brasil, o centro do império latino-americano da empresa espanhola. Para isso, ele está estudando uma série de alternativas radicais, incluindo a compra da Telecom Italia ou da Portugal Telecom.
Nenhuma decisão foi tomada, mas o fato de a Telefónica estar analisando essas ambiciosas soluções mostra a magnitude dos problemas brasileiros. E, com a Espanha em recessão, a companhia está sob pressão também em seu mercado doméstico.
A Telefónica não quis comentar, mas, por anos, vem ressaltando a importância da América Latina, especialmente no Brasil. Ainda assim, seu lucro no país nos noves primeiros meses de 2009 recuou 6% ante o mesmo período de 2008.
Além disso, o crescimento da Vivo, a joint venture de telefonia celular com a Portugal, tem se desacelerado. E ela teve que suspender temporariamente a venda de pacotes de banda larga (Speedy) em São Paulo no ano passado.
Somando-se a esse cenário, a competição tem aumentado no Brasil. Em uma operação apoiada pelo governo, Brasil Telecom e Telemar combinaram as suas operações. E a francesa Vivendi, que bateu a Telefónica na disputa pela GVT (telefonia fixa), também estaria interessada em entrar no setor de celular.
A Telefónica gostaria de fundir suas operações brasileiras de telefonia fixa (Telesp) e celular, mas a empresa está relutante em compartilhar as sinergias com a Portugal Telecom.
Alierta tentou várias vezes -sem sucesso- comprar a participação da portuguesa na Vivo, que, segundo analistas do HSBC, está estimada entre US$ 5 bilhões e US$ 6,5 bilhões.
Mas, dada a determinação dos portugueses em permanecer no Brasil, uma alternativa seria comprar a própria Portugal Telecom, que está avaliada em Bolsa em US$ 9,3 bilhões. Mas a Telefónica acredita que o governo português acabe bloqueando o negócio.
Por isso, a Telefónica analisa se pode resolver na Itália o seu problema brasileiro. Em 2007, ela se tornou a maior investidora na Telecom Italia ao integrar um consórcio que adquiriu o controle da empresa.
Com a compra da italiana, teria o controle da TIM e poderia combiná-la às suas operações de telefonia fixa. Como os reguladores não devem permitir que ela controle a TIM e tenha metade da Vivo, ela poderia vender sua participação para a Portugal Telecom.
Outra opção seria adquirir a participação dos outros membros da Telco, o consórcio formado em 2007 e que detém o controle da Telecom Italia. Assim, a Telefónica assumiria o controle do conselho da empresa e poderia decidir combinar os ativos de telefonia fixa com os da TIM.
A Telefónica vê com ceticismo a hipótese de os acionistas da Telco venderem a sua participação, apesar de eles estarem revisando suas opções.
Para Alierta, não será fácil resolver os problemas da empresa no Brasil. Mas ele sabe que o status quo para a empresa no país está cada vez mais insustentável.


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