São Paulo, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

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FUNDO MONETÁRIO

Demissão em diretoria do FMI cria saia justa ao Brasil

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O diretor-executivo no FMI (Fundo Monetário Internacional) Paulo Nogueira Batista Jr. demitiu na semana passada a representante da Colômbia no Fundo, María Ines Agudelo. A decisão incomum de demitir a número dois na hierarquia, indicada por um país da região, causou uma saia justa entre Brasil e Colômbia.
Colunista da Folha, Batista Jr. foi indicado pelo Brasil em 2007 e assumiu o lugar do ex-diretor do BC Eduardo Loyo. Ele representa um grupo de nove países (Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago).
Conforme as regras do Fundo, a vaga de diretor-adjunto cabe à Colômbia, que designou Agudelo para a função. Ela é ex-vice-ministra técnica das Finanças. O quadro de diretores é responsável pela condução dos negócios no dia a dia do Fundo. É composto por 24 diretores, designados ou eleitos pelos países-membros ou por um grupo de países. A diretoria se reúne várias vezes por semana e desenvolve seu trabalho com base nas análises preparada pela equipe do Fundo.
Segundo relatos feitos à Folha, o relacionamento entre os dois já vinha se deteriorando no último ano com um acúmulo de divergências, e nos últimos meses o contato se tornou menos frequente. Agudelo viajou a trabalho para a Colômbia por duas semanas e regressou a Washington na quarta-feira da semana passada. Logo após a volta, foi informada por telefone da demissão.
A Colômbia resiste a indicar um novo nome, e a situação pode permanecer indefinida. Segundo a Folha apurou, a Colômbia ainda não desistiu de reconduzir Agudelo ao cargo e mostra irritação com a atitude do Brasil. Para as autoridades colombianas, o episódio não se restringe a uma questão administrativa, e haveria dificuldade em indicar uma nova pessoa para o cargo.
Procurado pela reportagem, Batista Jr. não confirmou nem desmentiu o episódio, alegando se tratar de questão administrativa interna do Fundo. Agudelo não quis comentar o assunto. Na página da instituição, o diretor é o único que não conta com um diretor-adjunto. A Colômbia é o segundo país em número de votos no grupo do qual o Brasil faz parte.


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