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Consignado para aposentados dispara
Oferta de crédito com desconto em folha cresce 70% em janeiro ante dezembro; ritmo deve continuar forte no ano
Fim da restrição de bancos a empréstimos por causa da crise e mudança de regras para facilitar contratações estimularam crescimento
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As operações de empréstimo
de crédito consignado para
aposentados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)
dispararam em janeiro. O número de contratos assinados
com os bancos alcançou no mês
passado a marca de 1,145 milhão, o que representa um aumento de 154% em relação a janeiro de 2009. Na comparação
com dezembro, o crescimento
foi de 70%.
A expansão do crédito consignado também afetou o volume de recursos emprestados.
No primeiro mês do ano, os
aposentados e pensionistas do
INSS tomaram R$ 2,16 bilhões
nas instituições financeiras. O
valor é 119% superior ao registrado em janeiro de 2009. Se
for considerado o mês de dezembro, o crescimento foi de
17%. E a expectativa é que as
contratações continuem em
ritmo acelerado nos próximos
meses.
Na avaliação do Ministério
da Previdência, o comportamento de alta do crédito consignado em janeiro se deve
a dois fatores. O primeiro motivo apontado pelo governo é a
crise que dominava o cenário
econômico mundial em janeiro
de 2009.
As turbulências provocaram
na época uma redução da oferta
de crédito por parte dos bancos, que tinham dificuldades de
captar recursos para emprestar. Isso fez com que o volume
de operações de crédito consignado registrado em janeiro do
ano passado encolhesse.
"A crise afetou principalmente os bancos pequenos e
médios, que eram as instituições mais agressivas nessa modalidade de crédito. Muitos
bancos venderam suas carteiras por conta da falta de liquidez", acrescenta o vice-presidente da Anefac (Associação
Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel de Oliveira.
Mudança de regras
E foi justamente por conta da
crise que, em abril do ano passado, o governo mudou as regras do crédito consignado dos
aposentados. A intenção era
flexibilizar as regras dessa modalidade de empréstimo para
estimular o consumo e reativar
a economia.
Com as alterações, os aposentados foram autorizados a
comprometer até 30% de sua
renda com o crédito consignado na modalidade empréstimo
pessoal -que é a mais utilizada.
O limite anterior era 20%, mas
os segurados podiam usar mais
10% no cartão de crédito.
A medida adotada pelo governo surtiu efeito, elevando o
volume de operações do crédito
consignado desde então. Em
um primeiro momento, houve
um pico de contratações, mas
os números depois caíram,
atingindo estabilidade. Para o
Ministério da Previdência, esse
foi o segundo motivo para o aumento das operações no mês.
O crescimento na comparação com dezembro, afirmam
técnicos da Previdência, deve-se ao fato de janeiro ser um mês
típico de refinanciamento de
dívidas, com a oferta de várias
vantagens aos aposentados por
parte dos bancos.
"É um mês em que há maior
demanda por crédito porque as
pessoas trazem dívidas das férias e há o pagamento de escola,
de IPTU", afirmou Oliveira.
O estoque do crédito consignado chegou a R$ 109,897 bilhões em janeiro de 2010, segundo o Banco Central -aumento de 37,9% em 12 meses.
No setor público (funcionários
públicos ativos e inativos e
INSS), alcançou R$ 94,851 bilhões -crescimento de 37,8%.
A participação do consignado
no crédito pessoal chegou ao
patamar recorde de 60,7% em
dezembro, percentual que foi
mantido em janeiro. Um ano
antes, estava em 54,9%.
De janeiro de 2009 a janeiro
de 2010, os contratos de consignado envolvendo apenas os
aposentados do INSS alcançaram R$ 24,6 bilhões.
A quantidade acumulada de
operações nesse período foi de
10,6 milhões.
Colaborou EDUARDO CUCOLO ,
da Sucursal de Brasília
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