São Paulo, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

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Consignado para aposentados dispara

Oferta de crédito com desconto em folha cresce 70% em janeiro ante dezembro; ritmo deve continuar forte no ano

Fim da restrição de bancos a empréstimos por causa da crise e mudança de regras para facilitar contratações estimularam crescimento

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As operações de empréstimo de crédito consignado para aposentados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) dispararam em janeiro. O número de contratos assinados com os bancos alcançou no mês passado a marca de 1,145 milhão, o que representa um aumento de 154% em relação a janeiro de 2009. Na comparação com dezembro, o crescimento foi de 70%.
A expansão do crédito consignado também afetou o volume de recursos emprestados. No primeiro mês do ano, os aposentados e pensionistas do INSS tomaram R$ 2,16 bilhões nas instituições financeiras. O valor é 119% superior ao registrado em janeiro de 2009. Se for considerado o mês de dezembro, o crescimento foi de 17%. E a expectativa é que as contratações continuem em ritmo acelerado nos próximos meses.
Na avaliação do Ministério da Previdência, o comportamento de alta do crédito consignado em janeiro se deve a dois fatores. O primeiro motivo apontado pelo governo é a crise que dominava o cenário econômico mundial em janeiro de 2009.
As turbulências provocaram na época uma redução da oferta de crédito por parte dos bancos, que tinham dificuldades de captar recursos para emprestar. Isso fez com que o volume de operações de crédito consignado registrado em janeiro do ano passado encolhesse.
"A crise afetou principalmente os bancos pequenos e médios, que eram as instituições mais agressivas nessa modalidade de crédito. Muitos bancos venderam suas carteiras por conta da falta de liquidez", acrescenta o vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel de Oliveira.

Mudança de regras
E foi justamente por conta da crise que, em abril do ano passado, o governo mudou as regras do crédito consignado dos aposentados. A intenção era flexibilizar as regras dessa modalidade de empréstimo para estimular o consumo e reativar a economia.
Com as alterações, os aposentados foram autorizados a comprometer até 30% de sua renda com o crédito consignado na modalidade empréstimo pessoal -que é a mais utilizada.
O limite anterior era 20%, mas os segurados podiam usar mais 10% no cartão de crédito.
A medida adotada pelo governo surtiu efeito, elevando o volume de operações do crédito consignado desde então. Em um primeiro momento, houve um pico de contratações, mas os números depois caíram, atingindo estabilidade. Para o Ministério da Previdência, esse foi o segundo motivo para o aumento das operações no mês.
O crescimento na comparação com dezembro, afirmam técnicos da Previdência, deve-se ao fato de janeiro ser um mês típico de refinanciamento de dívidas, com a oferta de várias vantagens aos aposentados por parte dos bancos.
"É um mês em que há maior demanda por crédito porque as pessoas trazem dívidas das férias e há o pagamento de escola, de IPTU", afirmou Oliveira.
O estoque do crédito consignado chegou a R$ 109,897 bilhões em janeiro de 2010, segundo o Banco Central -aumento de 37,9% em 12 meses.
No setor público (funcionários públicos ativos e inativos e INSS), alcançou R$ 94,851 bilhões -crescimento de 37,8%.
A participação do consignado no crédito pessoal chegou ao patamar recorde de 60,7% em dezembro, percentual que foi mantido em janeiro. Um ano antes, estava em 54,9%.
De janeiro de 2009 a janeiro de 2010, os contratos de consignado envolvendo apenas os aposentados do INSS alcançaram R$ 24,6 bilhões.
A quantidade acumulada de operações nesse período foi de 10,6 milhões.


Colaborou EDUARDO CUCOLO , da Sucursal de Brasília


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