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Governo descarta risco de sofrer
represália dos EUA por apoiar paz
DO ENVIADO ESPECIAL A MILÃO
A guerra no Iraque não tirou o
sono das autoridades brasileiras
-pelo menos até agora. Mesmo
que o conflito tenha sido levantado marginalmente nos encontros
da reunião anual do BID, que acaba hoje, os representantes do governo presentes em Milão nesta
semana demonstraram uma perfeita sintonia quando indagados
sobre o tema.
No seminário "Perspectivas
Econômicas para o Brasil", ontem, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan,
disse que "encara o conflito com
tranquilidade" e foi aplaudido pela platéia de 250 pessoas ao declarar que "o Brasil não vai sofrer nenhuma represália comercial dos
EUA por apoiar a paz". No mesmo seminário, o ministro do Planejamento, Guido Mantega, já havia declarado que uma das prioridades do governo Lula é "lutar pelo mercado americano".
Furlan lembrou que, mesmo no
caso de o preço do petróleo explodir, o Brasil não teria muito com
que se preocupar, uma vez que o
país já produz 90% do que consome. Seu temor, no entanto, é que
as consequências da guerra sejam
mais relevantes nas negociações
ora em curso na OMC (Organização Mundial do Comércio), uma
vez que os principais "players"
encontram-se divididos.
Segundo ele, o racha dentro da
UE, entre Reino Unido e Espanha
versus França e Alemanha, assim
como da Europa em relação aos
EUA, pode comprometer a próxima reunião ministerial da OMC,
em Cancún, em setembro.
O ministro fez questão de enfatizar que o Mercosul começa a
ressuscitar -o volume de vendas
do Brasil para a Argentina, disse
Furlan, já bateu os US$ 350 milhões no primeiro trimestre. Além
disso, o governo mantém seu interesse em explorar as relações
com "terceiros mercados". O comércio com a China teve um aumento de mais de 40% no último
ano, por exemplo.
O presidente do BC, Henrique
Meirelles, por sua vez, limitou-se
a fazer uma análise das reações
dos mercados, explicando que o
conflito foi precificado antes de
seu início e reavaliado de maneira
eufórica em seus primeiros dias.
"Mas o que está acontecendo agora é pior do que se esperava, e não
está em nossas mãos tentar ser experts militares a esta altura."
(ES)
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