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São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 2003

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Governo descarta risco de sofrer represália dos EUA por apoiar paz

DO ENVIADO ESPECIAL A MILÃO

A guerra no Iraque não tirou o sono das autoridades brasileiras -pelo menos até agora. Mesmo que o conflito tenha sido levantado marginalmente nos encontros da reunião anual do BID, que acaba hoje, os representantes do governo presentes em Milão nesta semana demonstraram uma perfeita sintonia quando indagados sobre o tema.
No seminário "Perspectivas Econômicas para o Brasil", ontem, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse que "encara o conflito com tranquilidade" e foi aplaudido pela platéia de 250 pessoas ao declarar que "o Brasil não vai sofrer nenhuma represália comercial dos EUA por apoiar a paz". No mesmo seminário, o ministro do Planejamento, Guido Mantega, já havia declarado que uma das prioridades do governo Lula é "lutar pelo mercado americano".
Furlan lembrou que, mesmo no caso de o preço do petróleo explodir, o Brasil não teria muito com que se preocupar, uma vez que o país já produz 90% do que consome. Seu temor, no entanto, é que as consequências da guerra sejam mais relevantes nas negociações ora em curso na OMC (Organização Mundial do Comércio), uma vez que os principais "players" encontram-se divididos.
Segundo ele, o racha dentro da UE, entre Reino Unido e Espanha versus França e Alemanha, assim como da Europa em relação aos EUA, pode comprometer a próxima reunião ministerial da OMC, em Cancún, em setembro.
O ministro fez questão de enfatizar que o Mercosul começa a ressuscitar -o volume de vendas do Brasil para a Argentina, disse Furlan, já bateu os US$ 350 milhões no primeiro trimestre. Além disso, o governo mantém seu interesse em explorar as relações com "terceiros mercados". O comércio com a China teve um aumento de mais de 40% no último ano, por exemplo.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, por sua vez, limitou-se a fazer uma análise das reações dos mercados, explicando que o conflito foi precificado antes de seu início e reavaliado de maneira eufórica em seus primeiros dias. "Mas o que está acontecendo agora é pior do que se esperava, e não está em nossas mãos tentar ser experts militares a esta altura." (ES)


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