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PT e PMDB agora miram bancos estatais
Alvos são BB, Casa da Moeda e Caixa; membros do governo vêem ação como retrocesso depois de despolitização pós-escândalos
Com reforma ministerial
chegando ao fim, partidos
da base aliada mapeiam
cargos estratégicos
no segundo escalão
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a reforma ministerial
na reta final, os partidos da base
de sustentação do governo já
mapeiam os cargos estratégicos
que querem ocupar no segundo
escalão. Na área econômica, o
apetite do PT e do PMDB está
focado em vagas no Banco do
Brasil, na Casa da Moeda e na
Caixa Econômica Federal.
O movimento é visto por integrantes do próprio governo
como um retrocesso que ameaça o perfil técnico imposto após
os escândalos de corrupção do
primeiro mandato de Lula.
O desenho final da cúpula
dessas instituições, no entanto,
dependerá de negociação das
lideranças partidárias com os
ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Paulo Bernardo (Planejamento) e Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), que deverá começar nos
próximos dias.
Segundo o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), encarregado pelo PMDB de acertar as indicações do partido, os
três ministros já teriam pronto
um levantamento completo da
participação de cada partido.
"Eles foram designados pelo
presidente para integrar o grupo que fará o acerto com os partidos assim que a reforma ministerial for concluída", disse
Alves, que afirma ter tido essa
informação em conversa com
Lula na quinta-feira passada.
O peemedebista está reunindo os pedidos do seu partido e
rebate as críticas de politização
das instituições. "Se o indicado
tiver boa formação, qualificação para o cargo, não há problema ele ser filiado a partido."
Para o deputado Cândido
Vaccarezza (PT-SP), articulador do partido, essa é uma "falsa polêmica" porque os cargos
são de confiança e os partidos
podem indicar pessoas com
"compreensão técnica e visão
confluente com a linha desenvolvimentista do governo".
Ele não fala em nomes nem
em cargos, mas diz que PT e
PMDB estarão perfeitamente
sintonizados nas escolhas.
"Experiência ruim foi no passado, quando os bancos não davam lucro. O resto foram casos
isolados", diz Vaccarezza,
quando questionado sobre os
executivos afastados após as
denúncias de corrupção.
Banco do Brasil
Segundo a Folha apurou, está na mira do PT a presidência
do Banco do Brasil. Além disso,
o partido quer manter as duas
vice-presidências (Crédito e
Gestão de Pessoas), ocupadas
por técnicos de carreira do BB
que têm ligações políticas com
a sigla, e obter uma nova. Esta
poderia vir com a efetivação do
vice-presidente de Varejo e
Distribuição, que assumiu interinamente a área por indicação direta do Planalto.
Com isso, o PT ficaria com
quatro das oito vagas na cúpula
do banco. O PMDB, por sua
vez, reivindica duas vice-presidências. Para uma delas, a de
Tecnologia, já há inclusive o
nome de Joanilson Laércio
Barbosa Ferreira, uma indicação do PMDB de Minas Gerais
e ligado ao ministro Hélio Costa (Comunicações).
O cargo é ocupado interinamente por um funcionário de
carreira do BB. A outra vice-presidência que poderia ser
ocupada pelo partido é a de
Agronegócios e Governo,
preenchida por um técnico interino, pois tem o atrativo de
tratar diretamente com Estados, municípios e área agrícola.
Se as indicações forem efetivadas, será uma reversão do
quadro atual. Pela primeira vez
no governo Lula, 100% da cúpula do banco é composta por
funcionários de carreira. Apesar de três deles terem vinculação com partido político, essa
foi um mudança efetuada após
o envolvimento do BB no escândalo do mensalão.
Segundo a Folha apurou, se
depender do ministro Guido
Mantega (Fazenda) nada muda
no BB. Ele é a favor da manutenção de Antônio Francisco
de Lima Neto, técnico de carreira, na presidência e dos demais vice-presidentes por considerar que eles estão fazendo
um bom trabalho.
Segundo interlocutores,
Mantega também tem dito estar satisfeito com o trabalho de
Maria Fernanda Ramos Coelho na presidência da Caixa.
Ela também contaria com a
simpatia de Dilma.
Casa da Moeda
Outra disputa do PT é pela
presidência da Casa da Moeda.
Depois que o ex-presidente
Manoel Severino foi acusado de
receber R$ 2,7 milhões do esquema irregular comandado
pelo publicitário Marcos Valério, o então ministro Antonio
Palocci Filho optou por uma
escolha técnica para o cargo:
José dos Santos Barbosa, chefe
do Departamento do Meio Circulante do Banco Central.
No entanto ele já recebeu o
cargo com a nomeação do diretor de Administração, Paulo
Bretas, que foi investigado por
supostas irregularidades na renovação do contrato de prestação de serviços da Caixa com a
GTech. Ele foi vice-presidente
de Logística do banco estatal.
Agora, Bretas quer a presidência da Casa da Moeda e espera ter o apoio dos ministros
Patrus Ananias (Desenvolvimento) e Luiz Dulci (Secretaria
Geral da Presidência).
Caixa Econômica
A Caixa tem mais chances de
ficar como está, porque sua
composição já atende aos partidos. Dos 11 vice-presidentes,
três são indicados pelo PT, dois
pelo PMDB e um pelo PTB. Do
restante, três são funcionários
de carreira sem vinculação política, um é técnico do Banco
Central e um é da Unicamp.
Ainda assim, há o interesse
dos partidos na área de Distribuição, que cuida diretamente
da rede de agências. Além disso,
o vice-presidente de Logística
indicado pelo PTB, Paulo
Cotta, teria sido convidado para trabalhar com o ministro e
correligionário Walfrido dos
Mares Guia. Com isso, abre-se
uma nova vaga para disputa.
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