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Para repor receita, SP admite aumentar endividamento
Serra descarta a hipótese de revisão do cronograma de obras planejadas para o Estado
Para manter o cronograma, governador disse apostar
na "criatividade" de sua equipe e nas "possibilidades existentes" para as verbas
CATIA SEABRA
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Afirmando que o Estado não
exagerou no preço fixado, o governador de São Paulo, José
Serra, admitiu ontem a possibilidade de recorrer a empréstimos para compensar a frustração da receita originalmente
prevista com o leilão da Cesp.
Serra descartou a hipótese de
revisão do cronograma de
obras do Estado. Para mantê-lo, disse apostar na "criatividade" de sua equipe e nas "possibilidades existentes".
E lembrou: "A capacidade de
pegar empréstimos de longo
prazo não está esgotada".
Serra descartou, porém, a
possibilidade de venda do controle do banco Nossa Caixa.
"Não há outras privatizações.
Não há hipótese de privatização da Nossa Caixa", reagiu, ao
ser questionado se o fracasso
do leilão da Cesp comprometeria o processo de privatizações.
Serra rechaçou a hipótese de
venda do controle da Cesp por
meio de ação pulverizada no
mercado. Mas disse que as
ações excedentes ao controle
podem ser negociadas. A cisão
da Cesp também não está descartada. Com o adiamento, diz,
haverá tempo hábil para uma
discussão judicial que facilitará
nova tentativa de venda. A idéia
é tentar aplicar as regras do
Plano Nacional de Desestatização no leilão da Cesp. Nesse caso, o comprador teria direito a
30 anos de concessão.
O governador insistiu em que
"a capacidade de investimento
não está comprometida". Não é
uma situação aflitiva de jeito
nenhum. A gente terá tempo."
Ele lembrou os esforços para
obtenção de receita extraordinária em seu governo. Só concessão de trechos rodoviários
(R$ 3,9 bilhões), venda da exclusividade das contas dos servidores (R$ 2 bilhões) e PPI (R$
3 bilhões), a expectativa é de arrecadação de R$ 9 bilhões.
Ontem, Serra repetiu que o
preço cobrado pela Cesp era
justo. "Não exageramos no preço. Era um bom preço. Não tínhamos opção. Era o valor do
patrimônio. Não sou a favor de
vender por vender", afirmou.
Ele foi irônico quando questionado se não seria melhor devolver a concessão de Porto
Primavera, recebendo uma indenização por reversão. "Claro.
Só que precisaríamos combinar
com os russos".
Pela manhã, Serra atribuiu o
fracasso do leilão primeiramente à dificuldade que as empresas candidatas tiveram em
obter empréstimos para fazer
uma oferta. "Numa conjuntura
internacional ruim do ponto de
vista financeiro, não foi fácil
para as interessadas conseguir
bancos dispostos a bancar um
financiamento desse tamanho
[de R$ 17 bilhões a R$ 20 bilhões, pelas contas de Serra]."
Além disso, comentou, o preço foi considerado elevado.
"Era um mínimo, devo reconhecer, alto, correspondente
ao valor do patrimônio. O que o
pessoal queria era um valor
menor, mas não vendemos na
bacia das almas."
As companhias que disputavam a geradora paulista argumentavam que o valor era excessivo por causa de incertezas
quanto à evolução dos preços
de energia e quanto à renovação das concessões das usinas
-terceiro impeditivo para o
leilão, segundo Serra. "Esse
sem dúvida foi um problema."
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