São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 2008

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Para repor receita, SP admite aumentar endividamento

Serra descarta a hipótese de revisão do cronograma de obras planejadas para o Estado

Para manter o cronograma, governador disse apostar na "criatividade" de sua equipe e nas "possibilidades existentes" para as verbas

CATIA SEABRA
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Afirmando que o Estado não exagerou no preço fixado, o governador de São Paulo, José Serra, admitiu ontem a possibilidade de recorrer a empréstimos para compensar a frustração da receita originalmente prevista com o leilão da Cesp. Serra descartou a hipótese de revisão do cronograma de obras do Estado. Para mantê-lo, disse apostar na "criatividade" de sua equipe e nas "possibilidades existentes".
E lembrou: "A capacidade de pegar empréstimos de longo prazo não está esgotada".
Serra descartou, porém, a possibilidade de venda do controle do banco Nossa Caixa. "Não há outras privatizações. Não há hipótese de privatização da Nossa Caixa", reagiu, ao ser questionado se o fracasso do leilão da Cesp comprometeria o processo de privatizações.
Serra rechaçou a hipótese de venda do controle da Cesp por meio de ação pulverizada no mercado. Mas disse que as ações excedentes ao controle podem ser negociadas. A cisão da Cesp também não está descartada. Com o adiamento, diz, haverá tempo hábil para uma discussão judicial que facilitará nova tentativa de venda. A idéia é tentar aplicar as regras do Plano Nacional de Desestatização no leilão da Cesp. Nesse caso, o comprador teria direito a 30 anos de concessão.
O governador insistiu em que "a capacidade de investimento não está comprometida". Não é uma situação aflitiva de jeito nenhum. A gente terá tempo."
Ele lembrou os esforços para obtenção de receita extraordinária em seu governo. Só concessão de trechos rodoviários (R$ 3,9 bilhões), venda da exclusividade das contas dos servidores (R$ 2 bilhões) e PPI (R$ 3 bilhões), a expectativa é de arrecadação de R$ 9 bilhões.
Ontem, Serra repetiu que o preço cobrado pela Cesp era justo. "Não exageramos no preço. Era um bom preço. Não tínhamos opção. Era o valor do patrimônio. Não sou a favor de vender por vender", afirmou.
Ele foi irônico quando questionado se não seria melhor devolver a concessão de Porto Primavera, recebendo uma indenização por reversão. "Claro. Só que precisaríamos combinar com os russos".
Pela manhã, Serra atribuiu o fracasso do leilão primeiramente à dificuldade que as empresas candidatas tiveram em obter empréstimos para fazer uma oferta. "Numa conjuntura internacional ruim do ponto de vista financeiro, não foi fácil para as interessadas conseguir bancos dispostos a bancar um financiamento desse tamanho [de R$ 17 bilhões a R$ 20 bilhões, pelas contas de Serra]."
Além disso, comentou, o preço foi considerado elevado. "Era um mínimo, devo reconhecer, alto, correspondente ao valor do patrimônio. O que o pessoal queria era um valor menor, mas não vendemos na bacia das almas."
As companhias que disputavam a geradora paulista argumentavam que o valor era excessivo por causa de incertezas quanto à evolução dos preços de energia e quanto à renovação das concessões das usinas -terceiro impeditivo para o leilão, segundo Serra. "Esse sem dúvida foi um problema."


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