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Governo vai renegociar R$ 56,2 bi em dívidas rurais
Proposta abrange 64,23% do débito dos agricultores
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo propôs ontem renegociar R$ 56,2 bilhões em dívidas rurais. O valor se refere a
débitos agrícolas vencidos e a
vencer.
A proposta foi considerada
positiva pelos representantes
dos produtores rurais.
Eles avaliaram, porém, que
faltam condições atrativas para
pagamento, a exemplo de um
prazo de carência para quitação
dos débitos.
A versão do governo para o
programa de rolagem das dívidas rurais, apresentada ontem
a representantes do setor,
abrange 64,23% das dívidas rurais vencida e a vencer, que somam R$ 87,5 bilhões.
Desse estoque, R$ 13 bilhões
são débitos de pequenos agricultores ou pecuaristas e R$
74,5 bilhões são dívidas contratadas por médios e grandes
produtores.
Para os produtores com débitos em atraso, a proposta é
substituir a taxa Selic mais 1%
ao ano pelo IPCA (Índice de
Preços ao Consumidor Amplo)
mais 6% ao ano, a partir da data
de pagamento da primeira parcela vencida.
Para os que estão com os contratos em dia, o governo vai oferecer descontos cujos percentuais serão inversamente proporcionais ao valor da dívida.
Ou seja, quanto menor o saldo
devedor, maior o desconto.
"Gordura"
Em relação às condições de
pagamento destinadas aos inadimplentes, o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura)
disse que a troca de indexadores irá retirar "gordura das dívidas" e que a mudança levará a
uma redução de até 70% no valor de alguns débitos.
O ministro disse que técnicos
das comissões de Agricultura
do Senado e da Câmara irão se
reunir ao longo da semana com
representante dos ministérios
da Agricultura e da Fazenda para estudar a possibilidade de
ajustes no plano apresentado.
O governo não informou o custo da proposta.
A versão final do programa
de renegociação, o quarto da
administração do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, vai
ser anunciada oficialmente na
próxima segunda-feira, quando
parlamentares da bancada ruralista e representantes do setor voltam a se reunir com o
Stephanes e o ministro Guido
Mantega (Fazenda).
Entre os ajustes, os produtores reivindicam prazo de carência para o produtor reiniciar os
pagamentos. Também citam
que a troca da Selic (hoje de
11,25% ao ano) mais 1% pelo IPCA (4,46% em 2007) mais 6%
ao ano precisa ser aperfeiçoada
porque a substituição acaba resultando em percentuais bem
próximos.
A despeito dessas críticas,
parlamentares e representantes fizeram uma avaliação preliminar favorável. O presidente
da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil),
Fábio Meirelles, disse que a
proposta é viável.
Integrantes da bancada ruralista, os deputados Abelardo
Lupion (DEM-PR) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS) comentaram que a proposta é complexa
e precisa ser analisada em detalhes, mas que representa um
ponto de partida para a negociação com o governo.
O senador Delcídio Amaral
(PT-MS) avaliou as propostas
como positivas, mas disse que é
preciso que o governo aceite
definir prazos de carência.
As novas condições para a renegociação das dívidas rurais
vão ser implementadas por medida provisória.
A proposta é que os produtores tenham prazo até 30 de setembro para manifestar interesse em aderir ao programa.
A data-limite para pagar a
primeira parcela do novo acordo é 30 de dezembro.
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