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Mercado Aberto
MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br
BC ainda tem muito o que fazer nas normas cambiais
As medidas anunciadas anteontem pelo BC para simplificar as normas que regem o capital estrangeiro foram bem recebidas pelo mercado, mas ainda há muito o que fazer.
Entre as novas normas, o Tesouro poderá comprar, no mercado doméstico, dólares equivalentes a suas dívidas a vencer
em prazo maior. Empresas brasileiras não financeiras que
emitirem "Depositary Receipts" poderão deixar no exterior recursos captados pelo
tempo que quiserem. Serão excluídos da regulamentação ao
menos 320 atos normativos.
"Foi um marco histórico; documentos arcaicos foram para
o lixo", diz Nathan Blanche, sócio da Tendências Consultoria.
Os principais ganhos são a
desburocratização de operações, as reduções de custo de
transação e de insegurança jurídica, com o aumento de instrumentos declaratórios eletrônicos, segundo Blanche.
"Ainda tem, porém, uma parte do entulho a ser enterrado",
afirma Blanche. Para ele, é preciso avançar em segurança jurídica e na mudança de "instrumentos arcaicos".
A possibilidade aberta ao Tesouro chamou a atenção.
"Isso não cheira bem. É totalmente desnecessário. Para que
o Tesouro entraria no mercado? Será que usaria esse instrumento como política cambial?", questiona Blanche.
Os exportadores não ficaram
otimistas com as mudanças das
regras cambiais. "No comércio
exterior, não vai refrescar em
nada. As medidas não trarão
benefícios para as exportações", diz Roberto Segatto, presidente da Abracex (associação
de comércio exterior).
Isso não cheira bem.
Para que o Tesouro
entraria no mercado?
Será que usaria esse
instrumento como
política cambial?
NATHAN BLANCHE
sócio da Tendências Consultoria
FUNDO DA FLORESTA
O BNDES lança hoje um livro
sobre o Fundo Amazônia. Administrado pelo banco, o fundo
tem uma carteira de cerca de 50
projetos, dos quais cinco já foram aprovados. O modelo de
planejamento que tratava a
Amazônia como uma região
homogênea, está ultrapassado,
segundo os autores. Há várias
"Amazônias" encravadas que
levem a novas tecnologias e a
um novo modelo de desenvolvimento, afirmam. O livro é resultado de encontros feitos
com especialistas em 2009. Investimentos em infraestrutura
foram considerados fundamentais para a integração da
região, mas devem caminhar ao
lado de uma visão de desenvolvimento, que inclua a conservação dos recursos naturais. "O
meio ambiente é o grande tema
da nova agenda do desenvolvimento. Cabe ao Brasil um papel
de liderança mais decisivo nesse processo", disse Luciano
Coutinho, presidente do banco.
NO CARRINHO 1
Se logo após o Plano Real
frango e iogurte viraram
símbolo do acesso a bens de
consumo, com o crescimento do país e o aumento da
renda da população, a cesta
de compra da classe média
se diversificou e ficou mais
cara. Em 2009, a classe C foi
responsável pela maior parte do incremento das vendas
de produtos como preparados para sopas, fraldas descartáveis, iogurtes tipo "petit suisse" e água mineral, segundo pesquisa da Nielsen.
NO CARRINHO 2
O levantamento mostra
que 56% das categorias de
produtos analisadas tiveram
a maior contribuição para o
crescimento graças à classe
C. "Se antes a gente podia
apontar só um ou dois produtos que começaram a ser
consumidos pela classe média, hoje há uma diversidade
muito maior", afirma Filipe
Aboláfio, da Nielsen.
COELHO
A Bauducco, que neste
ano produziu 9 milhões de
colombas, projeta crescimento de 15% nas vendas. A
Hershey's do Brasil espera
alta de 12% na categoria de
chocolates. A Visconti decidiu manter portfólio enxuto
só com os itens que mais
vendem e preço acessível. A
Lindt tem expectativa de
30% de alta nesta Páscoa.
LAPIDAÇÃO
A Swarovski inicia nova fase de negócios no país. Hoje,
com nove lojas próprias, a empresa planeja dobrar a rede
nos próximos dois anos. A primeira inauguração será em
junho, em Porto Alegre. "O Brasil vem se tornando um
mercado importante pelo seu potencial. Há dez anos no
país, agora atingimos a maturidade", diz Andréa Bedricovetchi, diretora-geral da empresa no Brasil. A companhia
não divulgou o valor dos investimentos na ampliação da
rede. Também está nos planos da empresa a expansão
por meio de franquias. "A partir do ano que vem, já teremos franqueados trabalhando conosco na rede", diz.
No ano passado, a Swarovski deu início a uma série de
ações estratégicas no mercado brasileiro, entre elas alinhou os preços no país aos praticados no mundo, realizando ajuste de margens. Pela primeira vez, a companhia irá lançar uma coleção exclusiva para o Brasil. A
nova linha, que será lançada no mês que vem, possui
cristais nas cores da bandeira brasileira. As peças foram desenvolvidas pelo escritório de criação da marca
em Paris e produzidas na Áustria.
MAIS EMPREGO
GUINDASTE
A tradicional queda no emprego registrada pela construção civil brasileira todos os anos em dezembro, devido
a sazonalidade, neste ano foi recuperada com mais rapidez. Depois de mais de 53 mil demissões no último mês de
2009, a construção civil contratou 62.755 trabalhadores
com carteira assinada. "O aumento reforça a necessidade
de incrementar a formação de mão de obra qualificada para o setor", diz Sergio Watanabe, presidente do SindusCon-SP. O setor alcançou recorde de 2,5 milhões de trabalhadores, segundo pesquisa do SindusCon-SP e da FGV.
BALCÃO
O nível de emprego formal no varejo do Estado de São
Paulo se mantém em uma trajetória de crescimento que,
segundo a Fecomercio SP, deve ser incrementada por Copa e eleições. O saldo de contratações registrou alta de
3.000 novas vagas no setor, crescimento de 5,7% em fevereiro ante o mesmo período do ano anterior, totalizando
876.235 trabalhadores com carteira assinada. O segmento
de vestuário, tecidos e calçados foi o único que apresentou
recuo. Autopeças e acessórios, material de construção e
supermercado foram destaque.
com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e VERENA FORNETTI
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