São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2010

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

BC ainda tem muito o que fazer nas normas cambiais

As medidas anunciadas anteontem pelo BC para simplificar as normas que regem o capital estrangeiro foram bem recebidas pelo mercado, mas ainda há muito o que fazer.
Entre as novas normas, o Tesouro poderá comprar, no mercado doméstico, dólares equivalentes a suas dívidas a vencer em prazo maior. Empresas brasileiras não financeiras que emitirem "Depositary Receipts" poderão deixar no exterior recursos captados pelo tempo que quiserem. Serão excluídos da regulamentação ao menos 320 atos normativos.
"Foi um marco histórico; documentos arcaicos foram para o lixo", diz Nathan Blanche, sócio da Tendências Consultoria.
Os principais ganhos são a desburocratização de operações, as reduções de custo de transação e de insegurança jurídica, com o aumento de instrumentos declaratórios eletrônicos, segundo Blanche.
"Ainda tem, porém, uma parte do entulho a ser enterrado", afirma Blanche. Para ele, é preciso avançar em segurança jurídica e na mudança de "instrumentos arcaicos".
A possibilidade aberta ao Tesouro chamou a atenção.
"Isso não cheira bem. É totalmente desnecessário. Para que o Tesouro entraria no mercado? Será que usaria esse instrumento como política cambial?", questiona Blanche.
Os exportadores não ficaram otimistas com as mudanças das regras cambiais. "No comércio exterior, não vai refrescar em nada. As medidas não trarão benefícios para as exportações", diz Roberto Segatto, presidente da Abracex (associação de comércio exterior).

Isso não cheira bem. Para que o Tesouro entraria no mercado? Será que usaria esse instrumento como política cambial?
NATHAN BLANCHE
sócio da Tendências Consultoria

FUNDO DA FLORESTA
O BNDES lança hoje um livro sobre o Fundo Amazônia. Administrado pelo banco, o fundo tem uma carteira de cerca de 50 projetos, dos quais cinco já foram aprovados. O modelo de planejamento que tratava a Amazônia como uma região homogênea, está ultrapassado, segundo os autores. Há várias "Amazônias" encravadas que levem a novas tecnologias e a um novo modelo de desenvolvimento, afirmam. O livro é resultado de encontros feitos com especialistas em 2009. Investimentos em infraestrutura foram considerados fundamentais para a integração da região, mas devem caminhar ao lado de uma visão de desenvolvimento, que inclua a conservação dos recursos naturais. "O meio ambiente é o grande tema da nova agenda do desenvolvimento. Cabe ao Brasil um papel de liderança mais decisivo nesse processo", disse Luciano Coutinho, presidente do banco.

NO CARRINHO 1
Se logo após o Plano Real frango e iogurte viraram símbolo do acesso a bens de consumo, com o crescimento do país e o aumento da renda da população, a cesta de compra da classe média se diversificou e ficou mais cara. Em 2009, a classe C foi responsável pela maior parte do incremento das vendas de produtos como preparados para sopas, fraldas descartáveis, iogurtes tipo "petit suisse" e água mineral, segundo pesquisa da Nielsen.

NO CARRINHO 2
O levantamento mostra que 56% das categorias de produtos analisadas tiveram a maior contribuição para o crescimento graças à classe C. "Se antes a gente podia apontar só um ou dois produtos que começaram a ser consumidos pela classe média, hoje há uma diversidade muito maior", afirma Filipe Aboláfio, da Nielsen.

COELHO
A Bauducco, que neste ano produziu 9 milhões de colombas, projeta crescimento de 15% nas vendas. A Hershey's do Brasil espera alta de 12% na categoria de chocolates. A Visconti decidiu manter portfólio enxuto só com os itens que mais vendem e preço acessível. A Lindt tem expectativa de 30% de alta nesta Páscoa.

LAPIDAÇÃO
A Swarovski inicia nova fase de negócios no país. Hoje, com nove lojas próprias, a empresa planeja dobrar a rede nos próximos dois anos. A primeira inauguração será em junho, em Porto Alegre. "O Brasil vem se tornando um mercado importante pelo seu potencial. Há dez anos no país, agora atingimos a maturidade", diz Andréa Bedricovetchi, diretora-geral da empresa no Brasil. A companhia não divulgou o valor dos investimentos na ampliação da rede. Também está nos planos da empresa a expansão por meio de franquias. "A partir do ano que vem, já teremos franqueados trabalhando conosco na rede", diz. No ano passado, a Swarovski deu início a uma série de ações estratégicas no mercado brasileiro, entre elas alinhou os preços no país aos praticados no mundo, realizando ajuste de margens. Pela primeira vez, a companhia irá lançar uma coleção exclusiva para o Brasil. A nova linha, que será lançada no mês que vem, possui cristais nas cores da bandeira brasileira. As peças foram desenvolvidas pelo escritório de criação da marca em Paris e produzidas na Áustria.

MAIS EMPREGO

GUINDASTE
A tradicional queda no emprego registrada pela construção civil brasileira todos os anos em dezembro, devido a sazonalidade, neste ano foi recuperada com mais rapidez. Depois de mais de 53 mil demissões no último mês de 2009, a construção civil contratou 62.755 trabalhadores com carteira assinada. "O aumento reforça a necessidade de incrementar a formação de mão de obra qualificada para o setor", diz Sergio Watanabe, presidente do SindusCon-SP. O setor alcançou recorde de 2,5 milhões de trabalhadores, segundo pesquisa do SindusCon-SP e da FGV.

BALCÃO
O nível de emprego formal no varejo do Estado de São Paulo se mantém em uma trajetória de crescimento que, segundo a Fecomercio SP, deve ser incrementada por Copa e eleições. O saldo de contratações registrou alta de 3.000 novas vagas no setor, crescimento de 5,7% em fevereiro ante o mesmo período do ano anterior, totalizando 876.235 trabalhadores com carteira assinada. O segmento de vestuário, tecidos e calçados foi o único que apresentou recuo. Autopeças e acessórios, material de construção e supermercado foram destaque.


com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e VERENA FORNETTI


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