São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2010

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BC diz que deve elevar os juros em abril

Copom, que manteve a Selic neste mês, afirma que é "consenso" na instituição a necessidade de elevar taxa para conter inflação

Na reunião da semana passada, três membros do comitê votaram por uma elevação "imediata" na taxa Selic, hoje em 8,75% ao ano


EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central disse que é consenso na instituição a necessidade de elevar os juros para conter a inflação e que isso deve ocorrer em abril. Também é consensual a decisão de subir a taxa na mesma intensidade em que caminhar o cenário inflacionário.
As informações fazem parte do documento no qual o BC explicou por que se dividiu na hora de tomar uma decisão em relação aos juros. Por cinco votos a três, a taxa permaneceu em 8,75% ao ano, conforme decisão adota na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) da semana passada.
"Houve consenso entre os membros do comitê quanto à necessidade de implementar um ajuste na taxa básica de juros, de forma a conter o descompasso entre o ritmo de expansão da demanda doméstica e a capacidade produtiva da economia", diz o BC. Pela primeira vez, o comitê afirmou que a queda na demanda causada pela crise foi superada. Disse que suas expectativas para a inflação já se encontram "sensivelmente" acima do centro da meta de 4,5%.
Apesar de afirmar que "desvios" em relação a esse objetivo devem ser "prontamente corrigidos", a maior parte dos diretores do BC preferiu esperar pela divulgação de novos dados econômicos e subir os juros na reunião do Copom de 28 de abril. Os outros membros do comitê avaliaram que as projeções de inflação e os riscos justificavam elevação "imediata" de 0,50 ponto percentual.
Conforme reportagem da Folha, Lula pediu a Henrique Meirelles que tentasse evitar alta dos juros em março, o que poderia gerar críticas às vésperas de definição no quadro eleitoral e prejudicar a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff. A instituição preferiu não deixar dúvidas sobre seus próximos passos. "A maioria dos membros do Copom (...) entendeu ser mais prudente aguardar a evolução do cenário macroeconômico até a próxima reunião do comitê, para então dar início ao ajuste da taxa."
Com a afirmação, as taxas de juros negociadas entre os bancos subiram, o que deve se refletir no crédito ao consumidor, segundo analistas. Para o economista-chefe do BES Investimento, Jankiel Santos, a alta dos juros em abril será maior que a prevista pelo mercado.
"Não foi uma ata para justificar a manutenção, foi uma ata para subir juros. Não há mais dúvida. A questão é o quanto vai subir. Um aumento de 0,75 ou um ponto percentual se tornou uma aposta razoável."
Outra explicação do BC para justificar a prudência -uma avaliação mais completa sobre a "retirada dos estímulos introduzidos durante a crise"- foi vista com ressalvas.
Esses estímulos incluem a redução de impostos para compra de bens e a retirada de R$ 71 bilhões da economia por meio da elevação nos depósito bancários que ficam presos no BC (depósitos compulsórios). Para a economista-chefe do banco ING, Zeina Latif, esse motivo não era razão suficiente para manter os juros.

Leia a íntegra da ata do Copom

www.folha.com.br/100849



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