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BC diz que deve elevar os juros em abril
Copom, que manteve a Selic neste mês, afirma que é "consenso" na instituição a necessidade de elevar taxa para conter inflação
Na reunião da semana
passada, três membros do
comitê votaram por uma
elevação "imediata" na taxa
Selic, hoje em 8,75% ao ano
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central disse que é
consenso na instituição a necessidade de elevar os juros para conter a inflação e que isso
deve ocorrer em abril. Também
é consensual a decisão de subir
a taxa na mesma intensidade
em que caminhar o cenário inflacionário.
As informações fazem parte
do documento no qual o BC explicou por que se dividiu na hora de tomar uma decisão em relação aos juros. Por cinco votos
a três, a taxa permaneceu em
8,75% ao ano, conforme decisão adota na reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária)
da semana passada.
"Houve consenso entre os
membros do comitê quanto à
necessidade de implementar
um ajuste na taxa básica de juros, de forma a conter o descompasso entre o ritmo de expansão da demanda doméstica
e a capacidade produtiva da
economia", diz o BC.
Pela primeira vez, o comitê
afirmou que a queda na demanda causada pela crise foi superada. Disse que suas expectativas para a inflação já se encontram "sensivelmente" acima do
centro da meta de 4,5%.
Apesar de afirmar que "desvios" em relação a esse objetivo
devem ser "prontamente corrigidos", a maior parte dos diretores do BC preferiu esperar
pela divulgação de novos dados
econômicos e subir os juros na
reunião do Copom de 28 de
abril. Os outros membros do
comitê avaliaram que as projeções de inflação e os riscos justificavam elevação "imediata"
de 0,50 ponto percentual.
Conforme reportagem da
Folha, Lula pediu a Henrique
Meirelles que tentasse evitar
alta dos juros em março, o que
poderia gerar críticas às vésperas de definição no quadro eleitoral e prejudicar a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff.
A instituição preferiu não
deixar dúvidas sobre seus próximos passos. "A maioria dos
membros do Copom (...) entendeu ser mais prudente aguardar a evolução do cenário macroeconômico até a próxima
reunião do comitê, para então
dar início ao ajuste da taxa."
Com a afirmação, as taxas de
juros negociadas entre os bancos subiram, o que deve se refletir no crédito ao consumidor, segundo analistas.
Para o economista-chefe do
BES Investimento, Jankiel
Santos, a alta dos juros em abril
será maior que a prevista pelo
mercado.
"Não foi uma ata para justificar a manutenção, foi uma ata
para subir juros. Não há mais
dúvida. A questão é o quanto
vai subir. Um aumento de 0,75
ou um ponto percentual se tornou uma aposta razoável."
Outra explicação do BC para
justificar a prudência -uma
avaliação mais completa sobre
a "retirada dos estímulos introduzidos durante a crise"- foi
vista com ressalvas.
Esses estímulos incluem a
redução de impostos para compra de bens e a retirada de R$ 71
bilhões da economia por meio
da elevação nos depósito bancários que ficam presos no BC
(depósitos compulsórios).
Para a economista-chefe do
banco ING, Zeina Latif, esse
motivo não era razão suficiente
para manter os juros.
Leia a íntegra da ata do
Copom
www.folha.com.br/100849
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