São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 2006

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INTEGRAÇÃO

"Guerra das papeleiras" é discutida com Kirchner; gasoduto será tema hoje

Lula quer que conflito entre vizinhos se decida no Mercosul

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um momento de crise entre os sócios do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se ontem em São Paulo com o presidente da Argentina, Nestor Kirchner, para tentar demonstrar a unidade do grupo.
O objetivo de Lula é mostrar a Kirchner que o Brasil não irá interferir de forma direta na "guerra das papeleiras", mas que espera que a polêmica entre Uruguai e Argentina seja resolvida no âmbito da América do Sul.
"O importante é que o palco de resoluções desses conflitos é a comunidade da América do Sul", afirmou ontem o assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.
O conflito entre a Argentina e o Uruguai ameaça chegar às barras dos tribunais internacionais, o que Lula não quer.
Os uruguaios acusam a Argentina de ter rompido com a institucionalidade do bloco ao não convocar o Conselho do Mercosul para discutir os bloqueios argentinos na fronteira contra a instalação de fábricas de celulose.
Ambientalistas argentinos bloqueiam a principal passagem terrestre com o Uruguai, que diz já ter perdido US$ 400 milhões.
Garcia disse que a "guerra das papeleiras" não foi o tema principal entre os dois presidentes, que se encontram hoje com o presidente Hugo Chávez (Venezuela).
"Eles têm uma agenda ampla. Há algumas questões que são de interesse permanente do Mercosul, como as formas de aproximação entre os países e o intercâmbio de energia elétrica."

Gasoduto
Lula, Chávez e Kirchner devem discutir hoje a criação de um supergasoduto, que iria das reservas venezuelanas até a Argentina.
Se de fato sair do papel, o gasoduto Venezuela-Brasil-Argentina consumirá investimentos de US$ 23 bilhões só na fase de construção e se tornará o maior do mundo, com cerca de 6.600 km de extensão (linha tronco).
Caso seja concretizado, o gasoduto demandará uma vez e meia o volume de recursos aplicados na usina hidrelétrica de Itaipu, a maior em operação no mundo.
A previsão é que serão necessários até dez anos para concluir a obra, que enfrentará grandes desafios, especialmente na área ambiental. Isso porque o gasoduto terá de cruzar as florestas amazônicas brasileira e venezuelana e atravessar (ou por cima ou por baixo) o rio Amazonas.
O projeto prevê a exportação diária de 150 milhões de m3 de gás da Venezuela, levando o insumo a importantes cidades brasileiras (Macapá, Belém, São Luís, Teresina, Fortaleza e outras) por meio de ramais auxiliares que se ligarão à atual infra-estrutura de gasodutos já existente.
O gasoduto chegará ainda a Goiânia e a Brasília.
O traçado original prevê que o duto sairá da Venezuela e chegará a Buenos Aires e Montevidéu. Cruzará, no Estado de São Paulo, o gasoduto Bolívia-Brasil.
O gasoduto, porém, é visto com ressalvas por especialistas, que apontam o suprimento de GNL (Gás Natural Liquefeito) transportado por navios como uma alternativa mais barata.


Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Sucursal do Rio

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