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INTEGRAÇÃO
"Guerra das papeleiras" é discutida com Kirchner; gasoduto será tema hoje
Lula quer que conflito entre vizinhos se decida no Mercosul
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um momento de crise entre
os sócios do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
reuniu-se ontem em São Paulo
com o presidente da Argentina,
Nestor Kirchner, para tentar demonstrar a unidade do grupo.
O objetivo de Lula é mostrar a
Kirchner que o Brasil não irá interferir de forma direta na "guerra
das papeleiras", mas que espera
que a polêmica entre Uruguai e
Argentina seja resolvida no âmbito da América do Sul.
"O importante é que o palco de
resoluções desses conflitos é a comunidade da América do Sul",
afirmou ontem o assessor especial
da Presidência da República para
assuntos internacionais, Marco
Aurélio Garcia.
O conflito entre a Argentina e o
Uruguai ameaça chegar às barras
dos tribunais internacionais, o
que Lula não quer.
Os uruguaios acusam a Argentina de ter rompido com a institucionalidade do bloco ao não convocar o Conselho do Mercosul
para discutir os bloqueios argentinos na fronteira contra a instalação de fábricas de celulose.
Ambientalistas argentinos bloqueiam a principal passagem terrestre com o Uruguai, que diz já
ter perdido US$ 400 milhões.
Garcia disse que a "guerra das
papeleiras" não foi o tema principal entre os dois presidentes, que
se encontram hoje com o presidente Hugo Chávez (Venezuela).
"Eles têm uma agenda ampla.
Há algumas questões que são de
interesse permanente do Mercosul, como as formas de aproximação entre os países e o intercâmbio de energia elétrica."
Gasoduto
Lula, Chávez e Kirchner devem
discutir hoje a criação de um supergasoduto, que iria das reservas
venezuelanas até a Argentina.
Se de fato sair do papel, o gasoduto Venezuela-Brasil-Argentina
consumirá investimentos de US$
23 bilhões só na fase de construção e se tornará o maior do mundo, com cerca de 6.600 km de extensão (linha tronco).
Caso seja concretizado, o gasoduto demandará uma vez e meia
o volume de recursos aplicados
na usina hidrelétrica de Itaipu, a
maior em operação no mundo.
A previsão é que serão necessários até dez anos para concluir a
obra, que enfrentará grandes desafios, especialmente na área ambiental. Isso porque o gasoduto
terá de cruzar as florestas amazônicas brasileira e venezuelana e
atravessar (ou por cima ou por
baixo) o rio Amazonas.
O projeto prevê a exportação
diária de 150 milhões de m3 de gás
da Venezuela, levando o insumo a
importantes cidades brasileiras
(Macapá, Belém, São Luís, Teresina, Fortaleza e outras) por meio
de ramais auxiliares que se ligarão
à atual infra-estrutura de gasodutos já existente.
O gasoduto chegará ainda a
Goiânia e a Brasília.
O traçado original prevê que o
duto sairá da Venezuela e chegará
a Buenos Aires e Montevidéu.
Cruzará, no Estado de São Paulo,
o gasoduto Bolívia-Brasil.
O gasoduto, porém, é visto com
ressalvas por especialistas, que
apontam o suprimento de GNL
(Gás Natural Liquefeito) transportado por navios como uma alternativa mais barata.
Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Sucursal do Rio
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