FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) registrou no ano passado seu melhor resultado da relação investimento/retorno desde que passou a calcular esse indicador, em 1997. E, em 2006, vai contar pela primeira vez com um orçamento que supera R$ 1 bilhão.
O balanço social divulgado ontem mostra que, para cada R$ 1 investido pela estatal vinculada ao Ministério da Agricultura, houve retorno de R$ 14. Em 2004, a relação ficou em R$ 13 para R$ 1.
"É um resultado muito positivo", afirmou o diretor-presidente da Embrapa, Silvio Crestana.
O retorno para cada real investido é calculado com a divisão do lucro social (R$ 12,9 bilhões) pela receita operacional (R$ 924 mil).
O lucro social engloba rendimentos proporcionados pelas tecnologias desenvolvidas pela Embrapa (R$ 12,6 bilhões) e gastos com indicadores laborais (alimentação, encargos sociais, previdência privada etc.) e tributos.
Os cálculos são conservadores, de acordo com o coordenador dos estudos de avaliação de impacto da Embrapa, Flávio Avila.
Foram levados em conta somente uma amostra de 86 tecnologias e 170 cultivares (sementes) desenvolvidas pelo órgão -há mais de 130 tecnologias.
Avila afirmou também que os investimentos da Embrapa apresentaram uma TIR (Taxa Interna de Retorno) de 37,5%.
"Isso é bem acima do exigido, por exemplo, pelo Banco Mundial para financiamento de projetos, que é de 10% a 12%", disse.
Além dos resultados no ano passado, Crestana informou que a estatal terá, neste ano, orçamento de R$ 970 milhões aprovado pelo Congresso mais R$ 43 milhões de emendas de parlamentares.
O diretor-presidente da Embrapa disse que o montante que o Brasil investe em ciência e tecnologia ainda é muito baixo.
"No Brasil, esse investimento representa 1,4% do PIB; já em países desenvolvidos essa relação chega a 2% ou 3%", afirmou.

Internacionalização
A Embrapa deve implantar no segundo semestre seu primeiro centro de transferência de tecnologia no exterior. A unidade será instalada na África. Crestana disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidirá entre África do Sul, Quênia, Gana e Senegal.
O investimento para esse centro, que deve contar com dois ou três profissionais da Embrapa, será de US$ 500 mil por ano.
Crestana disse que a escolha da África aconteceu porque o continente representa 60% da demanda internacional da Embrapa.
Ele explicou a importância econômica da transferência tecnológica. "Se não levarmos a tecnologia a outros lugares, não teremos compradores para o etanol, já que ninguém vai querer depender de um único produtor."


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