São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2007

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Mercado Aberto

@ - guilherme.barros@uol.com.br

Medida protecionista gera críticas

O governo tomou uma decisão ontem extremamente polêmica ao elevar de 20% para 35% a TEC (Tarifa Externa Comum) de importação de calçados e confecções a partir de junho. Os empresários aplaudiram a medida, mas ela pode significar um retrocesso e gerar uma pressão adicional de valorização do real.
O impacto desse aumento da tarifa de importação para alguns setores privilegiados pode ser extremamente negativo para o mercado. No momento em que o país deveria buscar a ampliação do fluxo comercial, essa medida sinaliza exatamente o contrário. O Brasil é considerado um dos países mais fechados do mundo, com um fluxo de comércio de 21% do PIB, quando a média dos emergentes é de 50%. As importações do Brasil somam 8,6% do PIB, ao passo que a média dos emergentes está em 30%.
A economista Ana Carla Abrão Costa, da Tendências, diz que, em casos como esses de protecionismo, é legítimo que os países prejudicados procurem os organismos internacionais de defesa comercial, inclusive a OMC (Organização Mundial do Comércio). Ou seja, não será surpresa se um país apresentar uma queixa contra o Brasil nesses organismos.
Mas há outros problemas. De acordo com a economista, medidas como essas incentivam a ineficiência das empresas, provocam aumento de preços e contribuem para aumentar a pressão sobre o câmbio, já que provocam a redução das importações. O ideal seria o governo adotar medidas fiscais para corrigir os desequilíbrios enfrentados por esses setores intensivos em mão-de-obra.
Os empresários Armando Monteiro, presidente da CNI, e Josué Gomes da Silva, presidente do Iedi e da Abit (do setor têxtil), aplaudiram a decisão. Eles concordam que se trata de uma medida com alcance limitado, mas acham que era o que o governo poderia fazer diante do desequilíbrio enfrentado pelos dois setores com a valorização do real e a concorrência com a China.
"O governo tinha que fazer alguma coisa. Não foi uma solução estrutural para o problema, mas sim um mecanismo provisório e relativamente precário que se destina a socorrer esses setores que enfrentam problemas de concorrência", diz Monteiro.
"Você não pode deixar setores competitivos como os de têxteis e calçados à própria sorte diante desses problemas de desequilíbrio enquanto as reformas estruturais não acontecem", diz Gomes da Silva. A contrapartida, segundo ele, seria o aumento do desemprego.

POLÍTICA NO PRATO
A cozinha italiana ganhou outro espaço em São Paulo. Nascido em Roma, o chef Marco Renzetti tocou durante oito anos a Osteria del Pettirosso em La Paz. Foram freqüentadores da casa os ex-presidentes bolivianos, Jorge Tuto Quiroga, Gonzalo Sánchez e Carlos Mesa. O restaurante também foi fornecedor de embaixadas como a italiana, a holandesa, a israelense e a japonesa. O chef diz que resolveu deixar o país depois da eleição de Evo Morales. "Vendi o restaurante", afirma. Agora ele inicia a experiência brasileira com sua mulher, Erika Andrade.

DE MUDANÇA
A fabricante de móveis Ekornes, da Escandinávia, inaugura nesta semana suas atividades na América Latina e terá o Brasil como porta de entrada. A empresa já utiliza couro brasileiro em suas poltronas, produzidas em sete fábricas na Noruega. A idéia, de acordo com César Garrubo, diretor-presidente da Ekornes, é importar as estruturas dos móveis e recobri-los aqui, com os mesmos fornecedores. A empresa, que pretende investir mais de R$ 6 milhões no país até 2010, começará a vender em multimarcas em São Paulo e depois deve se expandir para Estados como Rio de Janeiro e Minas Gerais. "Em um segundo momento vamos para o Chile e para a Argentina", afirma Garrubo.

DESEMBARQUE
Depois de quase dois anos à frente da Ocean Air, Carlos Ebner, ex-Varig, decidiu deixar a presidência da empresa. Ele já comunicou a decisão a German Efromovich, dono da companhia.

INVESTIMENTO
Jean-Pierre Clamadieu, CEO da Rhodia, desembarca hoje no Brasil. Ele vai anunciar um investimento em um setor importante para o crescimento da área química da empresa no país.

PESOS PESADOS
A Fiesp já definiu os nomes dos conselheiros que farão parte, a partir de setembro, da nova gestão do conselho estratégico. São eles: Jorge Gerdau, José Luis Cutrale, Daniel Feffer, Paulo Cunha, Sérgio Barroso, Roberto Rodrigues, Delfim Netto, Paulo Renato de Souza e Lawrence Pih.

AGRONEGÓCIO
No dia 7 de maio, Reinhold Stephanes (Agricultura) estará na Fiesp. Ele irá participar da reunião do Conselho Superior de Agronegócio. Na oportunidade, o ministro deverá apresentar os projetos da sua pasta.

PLACAR
Para a LCA, de Luciano Coutinho, o placar dividido da última reunião do Copom causou ajuste para baixo nas taxas de juros embutidas nos contratos futuros. Isso porque aumentou a percepção de que o BC poderá acelerar a redução na Selic no curto prazo, hipótese antes pouco provável. Desde março, o cenário básico da LCA vinha projetando cortes de 0,5 ponto da Selic em cada uma das reuniões de junho e julho. A decisão dividida do Copom reafirma essa projeção. A LCA continua, no entanto, a atribuir chances relevantes de que o BC persista numa trajetória de flexibilização cautelosa, mantendo o ritmo de redução de 0,25 ponto, a partir das atas das últimas reuniões do Copom, que recomendam uma certa parcimônia. A ata do Copom, a ser divulgada hoje, pode surpreender.

IMPORTADOS
A importadora Interfood lança uma divisão, a Classics, para importar e distribuir vinhos super premium. Com 50 rótulos de vinhos de países como Itália, Espanha, Chile e Portugal a nova divisão deve incorporar mais vinte rótulos ao portfólio até o fim do ano.


com ISABELLE MOREIRA e JOANA CUNHA

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