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Mercado Aberto
@ - guilherme.barros@uol.com.br
Medida protecionista gera críticas
O governo tomou uma decisão ontem extremamente polêmica ao elevar de 20% para
35% a TEC (Tarifa Externa Comum) de importação de calçados e confecções a partir de junho. Os empresários aplaudiram a medida, mas ela pode significar um retrocesso e gerar
uma pressão adicional de valorização do real.
O impacto desse aumento da
tarifa de importação para alguns setores privilegiados pode
ser extremamente negativo para o mercado. No momento em
que o país deveria buscar a ampliação do fluxo comercial, essa
medida sinaliza exatamente o
contrário. O Brasil é considerado um dos países mais fechados
do mundo, com um fluxo de comércio de 21% do PIB, quando
a média dos emergentes é de
50%. As importações do Brasil
somam 8,6% do PIB, ao passo
que a média dos emergentes está em 30%.
A economista Ana Carla
Abrão Costa, da Tendências,
diz que, em casos como esses de
protecionismo, é legítimo que
os países prejudicados procurem os organismos internacionais de defesa comercial, inclusive a OMC (Organização Mundial do Comércio). Ou seja, não
será surpresa se um país apresentar uma queixa contra o
Brasil nesses organismos.
Mas há outros problemas. De
acordo com a economista, medidas como essas incentivam a
ineficiência das empresas, provocam aumento de preços e
contribuem para aumentar a
pressão sobre o câmbio, já que
provocam a redução das importações. O ideal seria o governo
adotar medidas fiscais para
corrigir os desequilíbrios enfrentados por esses setores intensivos em mão-de-obra.
Os empresários Armando
Monteiro, presidente da CNI, e
Josué Gomes da Silva, presidente do Iedi e da Abit (do setor
têxtil), aplaudiram a decisão.
Eles concordam que se trata de
uma medida com alcance limitado, mas acham que era o que
o governo poderia fazer diante
do desequilíbrio enfrentado
pelos dois setores com a valorização do real e a concorrência
com a China.
"O governo tinha que fazer
alguma coisa. Não foi uma solução estrutural para o problema,
mas sim um mecanismo provisório e relativamente precário
que se destina a socorrer esses
setores que enfrentam problemas de concorrência", diz
Monteiro.
"Você não pode deixar setores competitivos como os de
têxteis e calçados à própria sorte diante desses problemas de
desequilíbrio enquanto as reformas estruturais não acontecem", diz Gomes da Silva. A
contrapartida, segundo ele, seria o aumento do desemprego.
POLÍTICA NO PRATO
A cozinha italiana ganhou outro espaço em São Paulo.
Nascido em Roma, o chef Marco Renzetti tocou durante
oito anos a Osteria del Pettirosso em La Paz. Foram freqüentadores da casa os ex-presidentes bolivianos, Jorge
Tuto Quiroga, Gonzalo Sánchez e Carlos Mesa. O restaurante também foi fornecedor de embaixadas como a italiana, a holandesa, a israelense e a japonesa. O chef diz
que resolveu deixar o país depois da eleição de Evo Morales. "Vendi o restaurante", afirma. Agora ele inicia a experiência brasileira com sua mulher, Erika Andrade.
DE MUDANÇA
A fabricante de móveis Ekornes, da Escandinávia, inaugura nesta semana suas atividades na América Latina e
terá o Brasil como porta de entrada. A empresa já utiliza
couro brasileiro em suas poltronas, produzidas em sete
fábricas na Noruega. A idéia, de acordo com César Garrubo, diretor-presidente da Ekornes, é importar as estruturas dos móveis e recobri-los aqui, com os mesmos fornecedores. A empresa, que pretende investir mais de R$ 6
milhões no país até 2010, começará a vender em multimarcas em São Paulo e depois deve se expandir para Estados como Rio de Janeiro e Minas Gerais. "Em um segundo momento vamos para o Chile e para a Argentina",
afirma Garrubo.
DESEMBARQUE
Depois de quase dois anos
à frente da Ocean Air, Carlos
Ebner, ex-Varig, decidiu deixar a presidência da empresa. Ele já comunicou a decisão a German Efromovich,
dono da companhia.
INVESTIMENTO
Jean-Pierre Clamadieu,
CEO da Rhodia, desembarca
hoje no Brasil. Ele vai anunciar um investimento em
um setor importante para o
crescimento da área química da empresa no país.
PESOS PESADOS
A Fiesp já definiu os nomes dos conselheiros que farão parte, a partir de setembro, da nova gestão do conselho estratégico. São eles:
Jorge Gerdau, José Luis Cutrale, Daniel Feffer, Paulo
Cunha, Sérgio Barroso, Roberto Rodrigues, Delfim
Netto, Paulo Renato de Souza e Lawrence Pih.
AGRONEGÓCIO
No dia 7 de maio, Reinhold Stephanes (Agricultura) estará na Fiesp. Ele irá
participar da reunião do
Conselho Superior de Agronegócio. Na oportunidade, o
ministro deverá apresentar
os projetos da sua pasta.
PLACAR
Para a LCA, de Luciano
Coutinho, o placar dividido
da última reunião do Copom
causou ajuste para baixo nas
taxas de juros embutidas
nos contratos futuros. Isso
porque aumentou a percepção de que o BC poderá acelerar a redução na Selic no
curto prazo, hipótese antes
pouco provável. Desde março, o cenário básico da LCA
vinha projetando cortes de
0,5 ponto da Selic em cada
uma das reuniões de junho e
julho. A decisão dividida do
Copom reafirma essa projeção. A LCA continua, no entanto, a atribuir chances relevantes de que o BC persista numa trajetória de flexibilização cautelosa, mantendo
o ritmo de redução de 0,25
ponto, a partir das atas das
últimas reuniões do Copom,
que recomendam uma certa
parcimônia. A ata do Copom, a ser divulgada hoje,
pode surpreender.
IMPORTADOS
A importadora Interfood
lança uma divisão, a Classics, para importar e distribuir vinhos super premium.
Com 50 rótulos de vinhos de
países como Itália, Espanha,
Chile e Portugal a nova divisão deve incorporar mais
vinte rótulos ao portfólio até
o fim do ano.
com ISABELLE MOREIRA e JOANA CUNHA
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