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Juro eleva dívida federal, mas seu perfil melhora
Prefixado passa pós quando descontados swaps
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionada pelos elevados
gastos com juros, a dívida do
governo federal chegou a R$
1,279 trilhões no final do mês
passado, um crescimento de
1,42% na comparação com o
saldo observado em fevereiro.
Só em março, foram acumulados juros de R$ 9,1 bilhões sobre o endividamento do governo -esses valores vão sendo
apropriados até o dia do vencimento dos títulos da dívida,
quando é feito o pagamento.
Apesar do endividamento, o
Tesouro Nacional ressalta que
o seu perfil tem apresentado
melhora. A participação dos títulos prefixados sobre o total
da dívida atingiu 37,3% em
março, o maior nível desde que
o Tesouro começou a computar
essas estatísticas, em 1999.
Se não forem consideradas as
operações de "swap" cambial
feitas pelo BC -que diminuem
a dívida corrigida pelo dólar e
aumentam a parcela atrelada à
taxa Selic-, a parte prefixada
do endividamento do governo,
de 37,3% do total, chega a superar a porção pós-fixada, que,
nesse caso, fica em 36,5%.
A vantagem do prefixado é
que, em caso de oscilações repentinas nos juros, o custo da
dívida não se altera, pois a rentabilidade dos títulos é definida
na emissão. Por outro lado, se
os juros caem, o governo acaba
tendo que arcar com títulos que
pagam juros mais altos do que
os praticados no mercado.
Atualmente, quase toda a dívida do governo federal é corrigida pela taxa Selic -hoje em
12,5% ao ano-, por índices de
preços e por taxas prefixadas.
Em março, o câmbio tinha uma
participação negativa de 1,1%,
pois o governo não tem mais dívidas atreladas a outra moeda, e
sim valores a receber atrelados
ao dólar, devido a operações do
Banco Central no mercado.
Os números divulgados ontem mostram ainda um maior
interesse de investidores estrangeiros nos títulos emitidos
pelo governo brasileiro. No
mês passado, aplicadores de
outros países possuíam 3,6% da
dívida total do governo federal,
ou cerca de R$ 46 bilhões.
O interesse estrangeiro em
títulos públicos do Brasil começou a aumentar em fevereiro de
2006, quando o governo deu
isenção a estrangeiros interessados em aplicar nesses papéis.
Na época, aplicadores de outros
países possuíam 0,9% da dívida
pública, ou R$ 9 bilhões.
Essa isenção, associada à elevada taxa real de juros praticada no Brasil -a mais alta do
mundo-, atraiu muitos estrangeiros para os títulos emitidos
pelo governo federal.
Para o coordenador-geral da
Dívida Pública do Tesouro,
Guilherme Pedras, esse movimento é um sinal da confiança
do investidor estrangeiro na
economia brasileira, ainda
mais quando se considera que
os mercados internacionais
passaram por fortes turbulências entre fevereiro e março.
"O que a gente observa é que
o Brasil foi relativamente pouco afetado", diz Pedras. Em fevereiro, Bolsas de Valores de
todo o mundo sofreram fortes
perdas devido a indícios de que
o governo chinês poderia tomar medidas mais radicais para
frear o crescimento de sua economia, que gira acima de 10%
ao ano.
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