São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2007

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Juro eleva dívida federal, mas seu perfil melhora

Prefixado passa pós quando descontados swaps

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pressionada pelos elevados gastos com juros, a dívida do governo federal chegou a R$ 1,279 trilhões no final do mês passado, um crescimento de 1,42% na comparação com o saldo observado em fevereiro.
Só em março, foram acumulados juros de R$ 9,1 bilhões sobre o endividamento do governo -esses valores vão sendo apropriados até o dia do vencimento dos títulos da dívida, quando é feito o pagamento.
Apesar do endividamento, o Tesouro Nacional ressalta que o seu perfil tem apresentado melhora. A participação dos títulos prefixados sobre o total da dívida atingiu 37,3% em março, o maior nível desde que o Tesouro começou a computar essas estatísticas, em 1999.
Se não forem consideradas as operações de "swap" cambial feitas pelo BC -que diminuem a dívida corrigida pelo dólar e aumentam a parcela atrelada à taxa Selic-, a parte prefixada do endividamento do governo, de 37,3% do total, chega a superar a porção pós-fixada, que, nesse caso, fica em 36,5%.
A vantagem do prefixado é que, em caso de oscilações repentinas nos juros, o custo da dívida não se altera, pois a rentabilidade dos títulos é definida na emissão. Por outro lado, se os juros caem, o governo acaba tendo que arcar com títulos que pagam juros mais altos do que os praticados no mercado.
Atualmente, quase toda a dívida do governo federal é corrigida pela taxa Selic -hoje em 12,5% ao ano-, por índices de preços e por taxas prefixadas. Em março, o câmbio tinha uma participação negativa de 1,1%, pois o governo não tem mais dívidas atreladas a outra moeda, e sim valores a receber atrelados ao dólar, devido a operações do Banco Central no mercado.
Os números divulgados ontem mostram ainda um maior interesse de investidores estrangeiros nos títulos emitidos pelo governo brasileiro. No mês passado, aplicadores de outros países possuíam 3,6% da dívida total do governo federal, ou cerca de R$ 46 bilhões.
O interesse estrangeiro em títulos públicos do Brasil começou a aumentar em fevereiro de 2006, quando o governo deu isenção a estrangeiros interessados em aplicar nesses papéis. Na época, aplicadores de outros países possuíam 0,9% da dívida pública, ou R$ 9 bilhões.
Essa isenção, associada à elevada taxa real de juros praticada no Brasil -a mais alta do mundo-, atraiu muitos estrangeiros para os títulos emitidos pelo governo federal.
Para o coordenador-geral da Dívida Pública do Tesouro, Guilherme Pedras, esse movimento é um sinal da confiança do investidor estrangeiro na economia brasileira, ainda mais quando se considera que os mercados internacionais passaram por fortes turbulências entre fevereiro e março.
"O que a gente observa é que o Brasil foi relativamente pouco afetado", diz Pedras. Em fevereiro, Bolsas de Valores de todo o mundo sofreram fortes perdas devido a indícios de que o governo chinês poderia tomar medidas mais radicais para frear o crescimento de sua economia, que gira acima de 10% ao ano.


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