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Juiz diz que vê indícios de crimes na VarigLog
Magano afastou Chan por "conduta desonesta"
MARINA GAZZONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O juiz da 17ª Vara Cível de
São Paulo, José Paulo Magano,
é quem toma as decisões sobre
a disputa judicial travada desde
o ano passado entre o fundo
americano Matlin Patterson e
os brasileiros Marco Antonio
Audi, Luiz Eduardo Gallo e
Marcos Haftel pelo controle da
VarigLog. Na mesma sala em
que estão empilhados os 80 volumes do processo, Magano falou com exclusividade à Folha.
FOLHA - Por que o senhor decidiu
substituir Lap Chan da gestão da VarigLog pelo seu sócio no Matlin?
MAGANO - Quando houve uma
audiência em que ele [Lap
Chan, sócio do Matlin] estava
presente, eu disse "Volo Logistics LLC [subsidiária do Matlin], eu estou transferindo a
vocês a administração e gestão
da VarigLog e da Volo do Brasil
[administradora da VarigLog,
inicialmente composta pelos
sócios brasileiros e pela Volo
Logistics], desde que todo o dinheiro que está na Suíça seja
destinado à VarigLog". Na medida em que a conduta dele foi
desonesta, ele não me pareceu
pessoa indicada para continuar
na administração da VarigLog.
Então eu nomeei um Comitê
de Fiscalização, que abonou o
nome do Santiago Born para
assumir essa condição.
FOLHA - Por que o senhor disse no
despacho que Chan agiu de má-fé?
MAGANO - Eu decidi em audiência que os US$ 87 milhões
[da conta na Suíça da VarigLog]
não deveriam ser usados para
que a Volo Logistics LLC se pagasse. Deveriam ser utilizados
para a VarigLog. Ao agir contrariamente ao que eu decidi em
audiência na presença dele, a
expressão que eu uso no despacho é que a "conduta do senhor
Lap Chan foi francamente desonesta".
FOLHA - Como o senhor garante
que será diferente com a gestão de
Santiago Born?
MAGANO - Eu determinei que
eles apresentassem uma fiança
bancária. Eu preciso de uma garantia. Não adianta alterar a
pessoa física se não houver uma
garantia financeira de que não
haverá desvios.
FOLHA - Por que uma cópia do processo foi encaminhada ao Ministério Público e à Polícia Federal?
MAGANO - O juiz decide que haja esse tipo de providência
quando vê indícios da prática
de crime. Essa questão da capitulação de qual crime específico vai ser definida pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. Mas eu entendo
que a forma como se deu essa
constituição [da sociedade]
traz uma gama de crimes. Aí eu
mandei processar.
FOLHA - No seu despacho o senhor
cita o crime de quadrilha para obtenção da concessão da VarigLog.
Quais os indícios desse crime?
MAGANO - É para apurar. O que
é quadrilha? Se você pega o Código Penal, tem a participação
de várias pessoas ajustadas para prática de crime. Essa constituição da sociedade [Volo do
Brasil] se deu em determinada
época e a execução do contrato
de sociedade foi prosseguindo.
Mas quem vai apurar isso é o
Ministério Público e a PF.
NA INTERNET
www.folha.com.br/081165
Leia a íntegra da entrevista
com o juiz José Paulo Magano
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