São Paulo, domingo, 26 de abril de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Brasil investiga dumping de produto chinês em 11 processos

A China está sendo investigada por prática de dumping em todos os 11 produtos sob análise atualmente no Ministério do Desenvolvimento. O país é também o primeiro da lista entre os que já receberam punição por dumping, com 23 medidas corretivas em vigor.
O dumping ocorre quando um país pratica preços menores no exterior do que no seu mercado doméstico, desde que isso provoque danos ao produtor local. É considerado uma política desleal de comércio, que pode ser corrigida por ações antidumping, como uma taxa adicional para a importação dos produtos de um país.
Segundo a diretora do Decom (Departamento de Defesa Comercial do Ministério do Desenvolvimento), Miriam Barbosa, as investigações contra dumping chinês não são uma exclusividade do Brasil.
"A China efetivamente produz a custos menores e entra no mercado externo com preço mais baixo, que muitas vezes causa danos à concorrência."
A lista de produtos chineses investigados é diversificada, passando por calçados a canetas. Após a finalização da análise, os produtos importados receberão ou não medidas corretivas, conforme o parecer.
No caso da China, as investigações para apurar o preço do produto não podem ser feitas no seu mercado doméstico. "Para fins de defesa comercial, a China não é considerada ainda uma economia de mercado", afirma Barbosa.
Isso faz com que as empresas que solicitam a análise indiquem outro país para que o preço de mercado seja avaliado. Na investigação de dumping que a União Europeia faz do calçado chinês, por exemplo, o mercado-base é o Brasil. No processo brasileiro sobre o mesmo produto, o mercado avaliado é o italiano.
O processo contra prática de dumping no Brasil leva em média entre 12 e 18 meses, segundo Barbosa. O ministro Miguel Jorge, no entanto, já determinou à equipe do Decom que sejam realizados esforços para a redução do prazo. Hoje, é possível obter uma medida provisória em 10 meses, diz a diretora.

Consumo de energia reage, mas permanece incerto, diz Comerc

O momento agora é de impasse nos preços do comércio de energia, segundo Marcelo Parodi, presidente da Comerc Comercializadora.
O tombo que a crise deu no consumo de energia provocou uma queda nos preços ofertados para 2009, que caíram do pico de R$ 200/MWh em junho do ano passado para o patamar médio de R$ 130/MWh em dezembro. O nível de ofertas reagiu nos últimos meses e agora está entre R$ 140/MWh e R$ 145/MWh.
A brusca redução do ano passado, de acordo com Parodi, só afetou os contratos para 2009.
Para o suprimento de 2010 em diante, os geradores praticaram uma redução bem mais suave nos preços ofertados, e o patamar atual alcançou um valor intermediário.
Mas agora, segundo Parodi, o que vai acontecer com os preços, ninguém sabe. "Agora vai ser bom comprar energia a R$ 145/MWh? Vai cair, vai subir? A queda de 2009 vai se repetir em 2010? Ninguém sabe", diz.
"A economia parece estar reagindo, mas isso pode ser transitório e apenas um alívio momentâneo. O futuro do consumo continua incerto", afirma Parodi.

MALA PRONTA
A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho, anuncia amanhã o lançamento do Crediário Caixa Fácil para o turismo. Coelho vai assinar protocolo de intenções com a Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens) para iniciar a operação. O banco tem boa expectativa para o setor. Prevê investir R$ 2,2 bilhões em turismo até o fim do ano. No primeiro bimestre, a Caixa injetou R$ 395 milhões na cadeia produtiva do turismo, alta de 99% ante o mesmo período de 2008. De 2003, início do governo Lula, a fevereiro de 2009, foram destinados R$ 5 bilhões ao segmento.

TAMBAQUI NA EUROPA
Pedro Furlan Cavalcanti, presidente da Nativ Pescados, que produz em cativeiro peixes amazônicos, lança seu produto no exterior na feira Sea Food, entre os dias 28 e 30, em Bruxelas. Ele já tem 20 clientes prospectados, de países como Suíça, Alemanha e Emirados Árabes. Com o lançamento dos produtos no Brasil em setembro de 2008, a empresa obteve neste mês a habilitação para exportar. A meta é faturar R$ 40 milhões em 2009 e exportar 30% da produção. "A Nativ foi criada com foco na exportação. O peixe amazônico tem apelo na Europa e não tem restrições de entrada."

REGIONAL
Os impactos provocados pela crise têm variado muito entre as regiões do Brasil nos últimos meses. São Paulo está entre os 12 Estados que mais registraram redução do Índice de Vendas do Comércio, desde o aprofundamento das turbulências, em setembro de 2008. Essa é uma das variáveis analisadas por Fernando Blumenschein, coordenador de Projetos da FGV Projetos, responsável pelo estudo "O Impacto da Crise nas Economias Regionais", que será apresentado no próximo dia 28, em seminário na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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