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Bancos de emergentes querem escapar de nova regra financeira
Temor é que regulação mais rígida em discussão no G20 e no FMI reduza expansão do crédito e afete PIB
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Os maiores bancos dos países
emergentes iniciaram uma
ofensiva para tentar escapar da
nova regulamentação para o
mercado financeiro que está
sendo gestada no âmbito do
G20 (grupo das maiores economias do mundo) e do FMI.
O temor é que as regras mais
rígidas que estão sendo preparadas nos países avançados diminuam a atual expansão do
crédito que está na base do
crescimento mais acelerado
entre os emergentes.
Neste ano, enquanto as economias avançadas devem crescer em média 2,3%, os emergentes podem chegar a 6,3%,
segundo as previsões do FMI.
No Brasil, o volume de crédito em 2009 aumentou 15%, totalizando R$ 1,4 trilhão. Como
proporção do PIB (Produto Interno Bruto) isso representa
45%. Em muitos países avançados supera 100% do PIB.
Dentro do escopo de medidas
consideradas na regulamentação há novas taxas e controles
maiores até para operações de
crédito para empresas médias e
para financiamentos via cartão
de crédito. Segundo Jorge Saldarriaga, representante dos
bancos emergentes no IIF (instituto que reúne quase 400 instituições financeiras no mundo), as crises do passado em regiões como América Latina e
Ásia já levaram os bancos a ter
controles e padrões mais rígidos na comparação com os países desenvolvidos.
A mesma visão é partilhada
pelas autoridades do Brasil, que
já se posicionaram contra a
adoção de taxas para criar um
fundo com dinheiro dos bancos. Os valores desse fundo ficariam guardados para eventualmente retribuir os contribuintes em caso de mais dinheiro público vier a ser utilizado para cobrir perdas provocadas por crises bancárias.
Tanto o ministro Guido
Mantega (Fazenda) quanto o
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, ressaltaram que o Brasil já tem taxas
sobre o sistema (como o IOF,
imposto sobre operações financeiras) e a figura do compulsório (parte dos depósitos à
vista que é retida no BC).
Além das regras diferentes
para os bancos dos países
emergentes, o IIF vem reiterando que outras, para as instituições de países avançados,
não deveriam ser "extremamente rígidas", de modo a não
limitar o volume de créditos
para a economia internacional.
O IIF defende também que
credores e acionistas sejam
completamente punidos em
caso de falência de bancos, de
modo a tirar o contribuinte da
lista dos que pagam a conta.
"Estamos conscientes da raiva e da reação política que provocamos, mas queremos trabalhar junto com as autoridades
para melhorar o sistema", afirmou Charles Dallara, diretor-gerente do IIF.
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